Amor entre Conveniência

DÉCIMO QUINTO CAPÍTULO

A pedra em azul reluz junto ao arco de prata circulando meu dedo, é uma bela peça para adicionar a uma coleção, sendo bem pensada, pois azul é minha cor favorita. No entanto, o anel pesa em meu dedo e faz lembrar de toda a noite de ontem, vejo nos contornos da jóia as minhas palavras, as de Aurélio e os sorrisos felizes de todos os presentes no jantar. Ficar em frente a ele encarando seu olhar fazendo o pedido fora a coisa mais pesada que passei, principalmente por ter nosso momento na sala de leitura muito vivo em minha mente, Aurélio também não conseguiu esconder as lembranças recentes. Enquanto olhava para Aurélio o não estava na ponta da minha língua. Não. Mesmo assim, fora suficiente olhar para mamãe por alguns segundos para acuar e aceitar, meu sim foi para ela e não para Aurélio.

Ergo meu olhar e encaro mamãe, ela encara o portão com muita atenção e expectativas, seu sorriso presunçoso congelou em seu rosto, principalmente agora o noivado sendo algo oficializado. Nesta manhã, Catarina enviou um bilhete convidado para um passeio, talvez queira começar os preparativos, pois sei perfeitamente, meus próximos dias serão tomados por todos os planejamentos para a cerimônia, enxoval e a nova casa. A expectativas de ficar longe de mamãe por algumas horas trouxe calma, é angustiante vê-la tão animada e não pelos motivos certos. Mesmo assim ainda não estou completamente à vontade com todos essas proximidades da família de Aurélio, o gosto amargo da minha submissão ao casamento permanece na boca.

— Mostre que está mais contente, Francisca. — mamãe finalmente fala, virando seu rosto na minha direção. Suspiro cansada, a noite anterior foi mais uma a ficar completamente acordada revirando pela cama, — Deveria está feliz, eu e seu pai escolhemos um excelente noivo e o melhor, a família e ele também apoiaram a escolha. Não foi difícil mostrar suas qualidades para o casamento, e também os pais dele gostaram de você, é por isso que Catarina fez tanta questão de vim conversar, nos últimos meses nos três ficaremos muito próximas para organizar todas as questões necessárias. — aproximo de mamãe, ela olha meu gesto com atenção.

— Casarei em quantos meses? — questiono, mesmo tendo um anel pesando meu dedo ainda não desistir de destruir esse noivado.

— No máximo quatro meses, tudo dependerá da casa. — inicia, ela também se aproxima de mim, a luz do sol toca nossas peles com muita delicadeza, — Catarina conhece ótimas localidades para uma casa, apenas não sabemos se compramos uma pronta ou construímos. Mas encontraremos uma residência com confortável e luxo necessário, também precisaremos cuidar da decoração e móveis, como também na contratação de empregados e um coche para vocês dois. Será muito cansativo, contudo ao final estará satisfeita, e pensar que saímos da fazenda apenas por causa de nossa segurança e agora quando voltar para uma visita, será uma mulher casada.  — a enxurrada de informações deixa-me vertiginosa, afasto-me dele e quase encosto na proteção da sacada.

— A quanto tempo estão conversando, quando toda essa história de casamento começou? Aqui em São Paulo ou ainda na fazenda? — afirmo, minha voz não soa controlada como queria, ao contrário, demonstrada minha amargura. Mamãe sorri mais uma vez, olhando para mim de forma sádica, vejo sua felicidade em ver meu estado, em ver o controle sobre meu futuro está nas suas mãos. — não pode passar por cima de mim dessa maneira, quer decidir também sobre a decoração ou empregados, bem o noivo foi escolha sua. 

— Não se rebele Francisca, não é preciso saber todos os pormenores para o arranjo. Será o seu casamento, eu e Catarina iremos apenas auxiliar em suas escolhas. — mamãe fala, sua voz está calma, na verdade todo seu corpo demonstra tranquilidade, — sua posição em relação ao seu casamento com Aurélio é privilegiada, no meu casamento sabia apenas do meu enxoval e da Fazenda Conceição, pouco vi seu pai antes da cerimônia. Comparado a mim, você teve muitas conversas com Aurélio antes de chegarmos a boa conclusão da união de vocês, não sabe a sorte que teve em encontrá-lo e principalmente, do jovem ter tido interesse em casar-se, mesmo sendo assim. — reviro os olhos enquanto o seu olhar desce por todo meu corpo. Agora, Aurélio deve estar confuso com minha resposta contraditória, pior, deve ter interpretado o beijo trocado afetou-me. O beijo foi adorável, mas ninguém casa apenas por isso.