Capítulo XV

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"A justiça pode irritar-se porque é precária. A verdade não se impacienta, porque é eterna."

- Rui Barbosa

Luna Ferraz

Luna, você é muito burra, porque se afastou? Por que aquele asqueroso tinha que aparecer justo naquele momento? Lembro do rosto assustado de Diego e me culpo, eu não deveria ter saído daquela maneira, não deveria. Mas, o que você queria Luna? Que ele a amasse como mulher? Acorda garota, você era um simples objeto para aquele velho, por que alguém tão importante como o Diego iria perder seu tempo com uma pessoa em pedaços? (Minha consciência acusa em minha cabeça e sinto lágrimas descerem) A campainha toca e agradeço silenciosamente pela chegada de Paty, acho que ela é a única que pode me ajudar.

- Boa tarde doutora! (Sorrio sem graça para ela.)

- Boa tarde Luna, cadê o Diego, ainda não chegou.

- Bom... (Fecho a porta e a direciono até o sofá.) Para ser sincera pedi que ele não participasse.

- Por que? Lembrou de algo que ele não pode saber?

- Não, eu só (Como vou falar com ela? Na minha cabeça eu já tinha até ensaiado as palavras corretas.)

- Você... Pode falar Luna, somos apenas você e eu.

- Quero parar com a hipnoterapia para retomar a memória. (Me sento na poltrona habitual, de frente para a grande parede de vidro.)

- Por que Luna? Aconteceu algo?

- Eu quero... (Como vou dizer isso a ela?) Bem, é difícil explicar. (Confesso e entrelaço meus dedos.)

-Vamos fazer o seguinte, esqueçamos a hipnoterapia hoje, sou apenas sua psicóloga alguém que você pode falar tudo. O que está acontecendo? Me diga detalhadamente o que sua cabeça está pensando. (Minhas unhas arranham os dedos e me sinto nervosa, ela o conhece, como vou contar algo assim? O que estava pensando Luna, achou que seria fácil?) Pode confiar em mim Luna, eu sou apenas sua médica. (Olho para seu rosto e vejo seu sorriso surgir, o que há para temer Luna, tenha coragem.)

- Ontem eu senti uma coisa estranha. (Começo e respiro profundamente.)

- Me conte o que foi e como foi.

- Antes, eu via o Diego como meu herói, afinal ele me salvou, cuidou de mim, foi realmente meu bote salva vidas, mas ontem, quando descobri que ele não era gay.

- Você pensou que o Diego era gay? (Ela me olha sem acreditar.)

- Sim! (Respondo envergonhada.)

- Pode continuar.

- Mas ontem quando descobri, senti uma inquietação em mim. Lembrei de algumas cenas indesejáveis, como no dia que ele me retirou do chuveiro nua, no dia que cheguei aqui e entrei em choque. Senti tanta vergonha, que não sei explicar.

- Entendo, então o herói que estava em sua cabeça deu lugar a outro personagem?

- Não, ele ainda é um herói de capa vermelha, mas agora... (Encaro novamente meus dedos agitados.)

- Você o ver também como um homem. (Balanço a cabeça confirmando.) E qual o problema Luna, Diego é um homem que gosta de mulher e belas mulheres eu posso dizer, mas onde está o problema de enxerga-lo assim?

- Eu passei a sentir um calafrio quando estou próxima dele. Até mesmo minhas pernas se fecham fortes, parece que meu corpo fica ansioso, não sei explicar. (Eu queria poder contar o que houve hoje, porém como vou falar que estava o admirando enquanto ele dormia e por estar sonolento ele me desejou?)

O juiz (Degustação completo na Amazon)Onde histórias criam vida. Descubra agora