ME MOSTRE OS SEUS DEMÔNIOS

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A frieza eminente estava de volta àquele rosto, os olhos fundos e um cabelo bagunçado

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A frieza eminente estava de volta àquele rosto, os olhos fundos e um cabelo bagunçado. Ben estava aéreo novamente, as aulas mais sérias. Nem mesmo Blake ousou se aproximar dele. Se antes já o achava misterioso, naqueles dias então...

Era fato que estava distante da garota de olhos esverdeados do outro lado da sala, essa que insistia em o observar a cada momento, com uma expressão que o fazia se sentir ainda pior. Não queria que sentisse pena dele. Não queria que tivesse visto nada daquilo. Era tão constrangedor.

A neblina do dia acompanhava seu humor, o caminho para casa regado de músicas que deixariam qualquer um deprimido. Ben estava se sentindo sufocado. Era injusto ter que comer ao lado daquele homem, vê-lo ali desfrutando de uma comida que ele não merece, da companhia de uma mulher que lhe dá mais amor do que recebe. Kira permanecia calada, os olhos presos no prato. A pior parte era essa, ver a irmã machucada.

O silêncio que perdurou aquele jantar pareceu cortar o peito dele com estilhaços, um por um, minuto por minuto. Han agora estava sóbrio, vestia roupas limpas e enchia a barriga, sem parecer sentir o menor remorso ou vergonha. Como ele conseguia? Como podia transformar a vida deles naquilo e simplesmente agir como se não fosse absolutamente nada? Apertou o garfo com os dedos. Se não fosse pelas duas ali presentes, já teria ido embora daquela casa.

Leia era uma mulher de princípios, com valores inegociáveis, mas tudo parecia mudar quando se tratava do marido. Já brigaram inúmeras vezes, já o fizera dormir fora outras tantas, mas seguia ali, com uma esperança cega de que o homem que escolheu para passar o resto de sua vida fosse, de repente, se transformar.

Terminando de comer, Ben ergueu o próprio corpo, pronto para sair de cena e assim, se enterrar nos lençóis, mas fora impedido por uma tosse fraca vinda do pai.

— Ao menos dê boa noite para a sua família. — A troca de olhares entre eles durou mais do que devia, a vontade que tinha era de avançar contra ele.

— Boa noite, mãe, boa noite, Kira. — Deixou com que um tom sarcástico o dominasse, não dirigiria a palavra a ele.

Aquela onda de adrenalina o atingiu quando Han Solo resmungou a palavra "insolente". De repente, o mundo era um lugar repleto de raiva. Não havia nada que se pudesse perder, o respeito já havia ido embora junto com todas as garrafas de álcool.

— Do que você me chamou?

Leia pigarreou, prevendo uma possível briga. A mesma ergueu o corpo, aflita e nervosa

— Se não me quer nessa casa, se mude, rapaz. — O mais velho lhe apontou o dedo, a barba grisalha e mal feita lhe dava uma aparência caótica. — Estamos tentando ter um jantar agradável.

— Sua presença aqui deixou de ser agradável há muito tempo. Toda vez que estou dividindo o mesmo teto que você, é uma tortura. — Fala entredentes. — Nunca sei quando você vai decidir encher a cara e descontar nas únicas pessoas que me importam. — Kira já segurava o choro, tentando manter a postura de menina forte. De fato, ela era.

𝐈𝐧𝐯𝐢𝐬𝐢𝐛𝐥𝐞 𝐒𝐭𝐫𝐢𝐧𝐠Onde histórias criam vida. Descubra agora