Capítulo 09

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Anna

Chego na clínica antes do horário, estou sentada na recepção a Victoria está ao meu lado fazendo carinho em minhas mãos, estou me sentindo estranha, não sei o que fazer muito menos o que sentir. Provavelmente se estivesse sozinha teria saído correndo. Vic resolve quebrar o silêncio.

- Anna olha pra mim e ouve o que vou te falar. – Assim eu fiz, ela continua segurando minhas mãos. – A doutora Camila está aqui para te ouvir e te ajudar a superar seus traumas, sei que parece difícil, mas estarei aqui fora e qualquer coisa me chama e não esquece que eu te amo e que tem várias outras pessoas que gostam de você e estarão aqui pra te ajudar. – Ela me abraça e deposita um beijo na minha testa.

- Obrigada amiga, eu também te amo muito, eu não sei o que seria de mim sem você. – Falo com tom de voz triste. – Sei o quanto vai ser difícil, mas irei enfrentar meus medos. – Estava falando quando ouço meu nome, e vou em direção a sala a qual ecoou meu nome.

- Boa tarde. – Falo entrando na sala.

- Anna Laura Vasquez? – Ela pergunta e eu apenas confirmo com a cabeça. – Boa tarde eu sou Camila, pode sentar onde você quiser. – Ela fala e eu sento em uma poltrona preta a sua frente e ela continua... - Estou aqui para te ouvir e te ajudar, quero que saiba que mesmo sendo difícil falar, o silêncio nunca é a melhor opção. – Eu apenas a ouvia e de certa forma ela estava certa. – Estamos aqui para conversar sobre o que você quiser e quero que se sinta confortável e nunca pressionada a falar ou a fazer algo que não se sinta bem, Combinado? – Ela terminou e me olhou esperando minha resposta.

- Combinado. – Sorri e a doutora me devolveu o sorriso.

- Então podemos começar, hoje iremos nos conhecer um pouco e ao longo das sessões se necessário te receitarei alguns remédios ou até mesmo atividades que te ajudarão a sentir melhor. A mulher em minha frente diz com um sorriso no rosto.

Chegou o momento de enfrentar o que a 17 anos me faz fugir sem mesmo saber para onde, em busca de um esconderijo onde não exista nada nem ninguém: Apenas Eu...

- Bom Eu me chamo Anna Laura tenho 20 anos, sou órfã desde os meus 3 anos de idade fui criada pelos meus avós paternos, meus pais morreram em um acidente de carro no Brasil, eu fui a única a sobrevivente, cresci ouvindo que eu e a minha mãe éramos as culpadas do meu pai não está vivo, fui criada pelos empregados do meu avô. – Já estava com lágrimas nos olhos, ela pega alguns lenços de papel e me entrega, seco as lágrimas e continuo.

– Nunca me sentir amada por eles, sempre falavam coisas da minha mãe e isso me deixava triste, mesmo sendo uma criança eu entendia o que acontecia e a dona Vera, a funcionária que cuidava de mim até os 15 anos sempre me explicou o que acontecia, mesmo tendo a Vera me sentia sozinha e fui crescendo ouvindo que eu era um estorvo e que nunca pertenceria aquela família. - As lágrimas já rolavam pelo meu rosto como um rio, a doutora me olhava e anotava algo que não fazia ideia o que seria.

 – O acidente me tirou as únicas duas pessoas que me amavam e além disso crescer ouvindo todas aquelas coisas me faziam mal, o meu avô tinha vergonha de mim, me escondia do mundo, então fui crescendo com medo e sem confiar nas pessoas. Eu nunca soube quem eu realmente era, os meus medos nunca me permitiram saber quem eu sou e foi assim até aos meus 16 anos, quando mais uma vez ouvir barbaridades do meu avô e decidir começar a trabalhar para poder sair daquela casa, onde nunca fui bem vinda, e aos 17 sair daquele inferno. Nos 6 primeiros meses depois que decidi sair da casa dos meus avós, morei na rua, foi assaltada, usei drogas, fui violentada e apanhei até quase morrer, nesse dia eu conheci Victoria ela me levou ao hospital, onde fiquei durante 2 meses. 

Permitα-se Viver - ᶻᵃᵇᵈⁱᵉˡ ᵈᵉ ʲᵉˢᵘˢOnde histórias criam vida. Descubra agora