Prólogo

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Por onde começar?

Talvez me autodescrever seja a coisa mais difícil do mundo, eu sempre estive rodeada de pessoas que me odiavam, pelo simples motivo de existir. Com o tempo fui percebendo que a minha vida inteira foi uma grande mentira, cheia de questionamentos, medos e angustias e com isso me fechei para o mundo. Não vivia, apenas sobrevivia e fingia ser alguém que nunca fui, pois acredite nem eu mesmo sei quem eu sou.

Vocês não estão entendendo nada né? Vou tentar resumir o que chamo de "Vida". Me chamo Anna Laura Vásquez. Aos 3 anos de idade fiquei órfã, foi criada por seus avós paternos, cresci ouvindo que eu era um estorvo e que nunca seria alguém na vida. Meus avós eram muito ricos, mas eu nunca soube o que significava a palavra riqueza. Meu avô fazia questão de me esconder da alta sociedade americana, com ele mesmo assim chamava, eu fui praticamente criada pelos empregados, além dos transtornos psicológicos que sofria diariamente, sentia falta dos meus pais pois eles eram os únicos que a amavam.

Quando ainda pequena em viagem ao país natal da minha mãe a qual seria uma linda viagem se tornou um horrível pesadelo, em um acidente de carro meus pais morreram, eu fui a única a sobreviver desse terrível acidente. Logo depois desse acidente fui encaminhada a Embaixada Americana no Brasil, pois naquele país eu era apenas uma criança sem ninguém pra chamar de família. Já que meus avós maternos já não eram vivos, e a minha mãe era filha única. E até que a Embaixada Americana conseguisse entrar em contato com a família paterna que se encontrava do outro lado do mundo, seria ali que eu ficaria.

Meu pai era americano ele nasceu em São Francisco, norte da Califórnia, e conheceu a minha mãe em uma viagem de férias para o Brasil, e se apaixonaram à primeira vista. (ALI COMEÇAVA O INFERNO). Minha mãe era de família humilde, já o meu pai pertencia a uma das famílias mais ricas dos Estados Unidos, a família dele nunca apoiou o romance, pois além de humilde minha mãe era negra, e logo engravidou e com isso vieram os problemas. Com muito sacrifício minha mãe se mudou para os Estados Unidos, casou com meu pai e conseguiu dupla cidadania. E assim eu vi ao mundo!

Mas voltando a mim, fiquei quase 3 meses na Embaixada, e depois de uma longa briga e muitas burocracias meus avós mandaram me buscar, apesar eu ser estorvo, pois era assim que eu era chamada nessa nova "família" a qual eu nunca seria considerada parte dela.

Aos 16 anos por acaso eu ouvir uma conversa do meu avô com a minha avó, onde falava que por culpa da minha mãe o filho deles tinha morrido e que eu não poderia ser considerada parte daquela família, e que não herdaria nada, pois eu era uma bastarda. (Foi aí que decide começar a trabalhar para que eu pudesse me livrar naquele pesadelo). E assim eu fiz, encontrei forças da onde eu não tinha, pois só eu sei o quanto foi difícil enfrentar meus próprios demônios até que conseguir em pelos meus 17 anos, enquanto muitos jovens sonham com um futuro, ou até mesmo aproveitavam a vida, eu apenas sonhava em sobreviver e saia com apenas uma mala pequena com poucas roupas e sem muita coragem de querer VIVER, mas era necessário. 

Até hoje eu não sei como eu conseguir, mas aqui estou eu aos meus 20 anos sozinha, morando atualmente em Miami. Nesses 3 anos se passaram muitas coisas as quais gostaria de esquecer, mas isso é impossível.

Todas as noites quando me deito apenas uma frase vem em minha mente: PERMITA-SE VIVER.

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Permitα-se Viver - ᶻᵃᵇᵈⁱᵉˡ ᵈᵉ ʲᵉˢᵘˢOnde histórias criam vida. Descubra agora