Capítulo 11

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  O Dr. Ozéias deixou claro que os pensamentos de Phil estavam o matando, sua mãe ao ouvir isso pareceu não entender no começo, mas depois de ter relembrado do seu passado trágico, compreendeu e percebeu que seu filho precisava de ajuda. Simone demonstrava mais preocupação que o próprio Philip, ela sabia que  quando alguém não demonstra seu sofrimento, fica fria e reclusa é porque já desistiu de viver. Philip tinha tentado se reaproximar da mãe, mesmo sabendo qual seria a reação dela, porque pensou que esse seria o primeiro passo da psicóloga, mas para poder remediar é preciso saber a origem da doença e qual o grau de periculosidade apresentada por ela.

 No dia vinte e oito de junho, Simone e Philip, finalmente conhecem a Dra. Carla. Uma mulher com a pele clara e olhos escuros, bem marcantes, vestindo um suéter verde que realçava seus cabelos castanhos. Ela veio em direção os dois e se apresentou:

- Olá, Sejam bem-vindos! Eu sou a Dr. Carla, sua psicóloga.

   Ela trazia em sua mão uma prancheta transparentes com papéis verdes. Por onde ela passava sentia-se o seu perfume e o seu sorriso era capaz de lhe conceder qualquer coisa, isso facilitava seu trabalho de psicóloga.

- Prazer doutora, me chamo Simone e esse é meu filho..

- Philip, não é?

- Sim!

- Eu estava lendo sua ficha, na verdade, eu estou com ela na mão desde quando cheguei. Então, vamos começar nossa sessão?

- Vamos, mas... minha mãe ira participar?

- Não! mães são proibidas de entrar, ela pode voltar daqui a... cinquenta minutos.

  Os dois entraram no consultório, a Dra. Carla sentou em uma poltrona laranja e pediu que Philip deitasse sobre o divã cinza.

- Então Philip, o que te trouxe aqui?

- Eu também não sei, o Dr. Ozéias que me encaminhou...

- Então vamos nos conhecer, mas antes, quero explicar como funciona a sessão. A primeira consulta costuma ser um momento de conhecimento. Estou aqui para entender qual o motivo te trouxe aqui, ouvir suas as queixas, qual é o problema, a forma de pensar e o comportamento e para observar de qual forma poderemos melhorar sua situação.

- Se é para conhecer... eu prefiro ser chamado de Phil!

- Parece que está entendendo o sentido da coisa. Pode me chamar de Carla!

  Nesse momento, Phil pensou que talvez aquela consulta tenha sido uma boa ideia. Ele sorria enquanto olhava para Carla.

- Você pode começar dizendo o que sente!

- Isso não é difícil de dizer. Eu sou uma pessoa infeliz!

- Por que infeliz?

- Eu tentei buscar felicidade em diversas coisas: momentos com minha mãe; amigos; coisas aleatórias... tudo parecia piorar minha vida. Minha mãe não conversava comigo, ela só me trata com carinho quando tem alguém por perto. Amigos? são todos egocêntricos!  nunca se preocuparam comigo de verdade, eles são mais curiosos do que preocupados.

- E você já tentou não ligar para isso e fazer as coisas que você gosta?

- Sim! mas até andar de Skate perdeu a graça. Tudo perdeu a graça, é bem mais prazeroso ficar sozinho.

  Philip parecia entender como funcionava o método de trabalho da Dr. Carla, ele se comportava como se o controle da situação estivesse sobre suas mãos, mas o que lhe intrigava, era como a Dr. Carla reagia às coisas que ele dizia.

- Então você costumava andar de Skate? o que mais você fazia?

- Ah! eu jogava basquete no colégio e fazia parte do clube de xadrez. 

  Então, pela primeira vez desde que entraram no consultório, Carla pegou um papel e escreveu algo bem curto como se estivesse com pressa e disse: 

- Eu também jogava xadrez no colégio, a maioria dos jogadores não gostavam de mim, eles me chamavam de Regicida, um nome elegante para assassinos de reis e rainhas.

  E sem que percebessem, já tinha se passado cinquenta e sete minutos. Uma jovem chamada Midian, que trabalhava como recepcionista no consultório da Dra. Carla, bateu à porta:

- Pode entrar!

- Licença, Doutora, é que tem uma senhora aqui fora chamada Simone e veio buscar o filho...

  Ela tinha nas mãos um pedaço de papel onde tinha anotado o recado, e com medo de errar, olhou o papel para conferir o nome do paciente:

- Philip Oliveira!

- Bom, até semana que vem, Philip! mesmo horário e o mesmo dia, só teremos que aumentar nosso tempo!

 Disse isso sorrindo enquanto Philip levantava e se dirigia à porta.

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