Capítulo 22

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Depois de todo o ocorrido da semana anterior, Jorge já estava bem melhor e teve a idéia de todos irem ao museu, e então pediu que se arrumassem:

- Crianças, se aprontem.

- Calma, pai! O senhor avisa em cima da hora...

Márcia percebeu que seu marido estava fazendo de tudo para agradar a todos, e aquilo fez com que o seu peito doesse, pois, para ela, era como se isso fosse uma despedida.

Jorge havia passado por uma loja, e viu que alguns objetos de colecionador do Àgora estavam em liquidação, e decidiu fazer uma surpresa para a filha, comprou vários objetos e os escondeu no armário da cozinha na idéia de fazer uma surpresa para ela quando voltassem do museu, mas os planos dele não iriam se cumprir.

- Phil! Coloca aquela sua blusa verde.
Stéfany estava  tão ansiosa para o passeio em família, que por um instante esqueceu de tudo o que havia passado com Philip, e com seu pai. Jorge era um homem forte, e quase nunca deixava transparecer seus medos, mas Márcia o conhecia bem, e conseguia ver no fundo dos olhos dele que havia algo errado...

- Está tudo bem, amor?

- Sim querida.

- Jorge, não minta para mim. Sou sua esposa, e te conheço muito bem.

Jorge ficou parado olhando sua esposa por alguns minutos, parecia que iria chorar. Segurou a mão dela e disse:

- se acontecer algo comigo...

Antes que ele pudesse terminar sua frase, Márcia o interrompeu.

- Não irá acontecer nada!

Ele continuou:

- Se acontecer algo comigo, não permita que as crianças se afastem. Me prometa que irá seguir sua vida, e que se encontrar outra pessoa irá viver feliz, sem culpa.

Márcia o abraçou chorando bem baixinho, o beijou e disse:

- Eu desaprendi a viver sem você. Por favor, não me deixe.

Então se ouviu  passos vindo na direção deles, era Stéfany indo avisar que já estava pronta.

- Não é hora de namorar, vamos logo!

Jorge e Márcia sorriram, numa tentativa de disfarçar o choro, e se levantaram.

- Vamos?

Todos animados balançaram a cabeça dizendo que sim, e entraram no carro. Phil e Stéfy sentiram que algo estava para acontecer, e Stéfy perguntou se estava tudo bem com seu pai, Jorge respondeu que sim balançando a cabeça, e colocou uma música para tocar. Na avenida que estavam havia um engarrafamento muito grande provocado por um acidente, um caminhão cegonha havia batido em um caminho de gasolina. O acidente provocou muitas mortes, e a pista estava interditada.
Stéfany olhou pela janela e disse:

- Pelo visto, nossos planos foram por água abaixo.

Márcia olhou para a filha e disse à ela que tudo acontece do jeito que é para acontecer.

- As vezes não alcançamos o nosso objetivo, mas só a aventura de tentar chegar, pode mudar nossas vidas.

Philip olhava para Márcia com um olhar de admiração, e disse:

- A senhora está inspirada hoje.

Enquanto conversavam, Jorge sentiu uma dor no peito, mas preferiu não dizer nada. Presos no trânsito, Stéfany desceu do carro, e chamou Philip para sentar debaixo de uma árvore que havia na margem da avenida, e então foram.

- Phil! Você percebeu alguma coisa?

- Seu pai parece não estar muito bem. Acho que ele não quer dizer para não nos preocupar.

- Eu sei que ele é forte, sei que já superou muita coisa, mas dessa vez é diferente. Eu não posso perder meu pai.

- Calma Stéfy. Quando minha mãe morreu, eu senti coisas que nunca senti na vida. Uma mistura de dor e raiva, porque ela decidiu parar de viver. Ela foi covarde e se matou. O seu pai faz de tudo por vocês. Ele ama vocês, e esse amor é que dá força para ele. Calma! Ele vai lutar para ficar bem.

Depois que Philip terminou de falar, pararam por exatos 26 segundos enquanto se olhavam, era possível até se ouvir uma música romântica nesse momento, e então se encaminharam e beijaram-se, em um momento completamente caótico, um foi o abrigo do outro.
Márcia e Jorge conversavam dentro do carro, ele dizia à sua esposa que queria ter um dia bom com eles, e Márcia disse que estava sendo bom.

- Só de estar com você o meu dia se torna perfeito.

Jorge disse que tinha sorte por ter uma esposa tão linda, e tão compreensiva.
 

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