Capítulo 17

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 Uma manhã nublada, ás cinco e trinta e três da manhã, Philip levanta. Ele não costumava levantar tão  cedo, mas, naquele dia, algo parecia estar errado. Philip havia adquirido um hábito na casa da família Brendom, levantar e ir ao jardim.

- Mais um dia longo. Mais um dia de luta, de dor e fingimento.

  Philip sentou na terra, pegou um girassol e começou a arrancar suas pétalas. Stéfany acordou e sentiu a falta de Phil no sofá, ela parecia saber onde ele estava. Levantou, foi ao banheiro, tomou um banho rápido e foi à cozinha preparar o café da manhã, mas dessa vez não levou para Philip. Stéfy arrumou a mesa, acordou seus pais e chamou Philip:

- Hoje vamos comer juntos, como uma família.

 Jorge comeu um dos waffles e disse que estava delicioso, Márcia não conseguia parar de tomar o delicioso suco de abacaxi com hortelã, e Philip comia uma maçã. Stéfany viu que Phil não estava bem, ela pegou biscoitos caseiros, colocou bastante chantilly, uns pedaços de chocolate e morangos, fez uma xícara de capuccino gelado, e deu à Philip:

- Talvez isso te anime um pouco.

- Stéfy, não precisava, os waffles eram suficientes, mas obrigado.

 Márcia olhava para sua filha e admirava o cuidado que tinha com Phil. Segurou a colher no ar por alguns segundos, olhou para seu marido, os dois olharam para Phil, e ela disse:,

- Coma bem, filho, seu dia será longo.

- Não entendo, longo?

- Sim. Nós remarcamos os seu médicos. Você tem uma consulta com a Dra. Carla hoje de tarde, e uma com o Dr. Ozéias amanhã cedo.

  Philip não demonstrou o que realmente sentiu naquele momento, ele queria levantar e correr, deixar tudo para trás e, simplesmente, sumir, mas olhou para o Sr. e Sra. Brendom, e sorriu acenando com a cabeça. Stéfany olhava para seus pais com olhar de gratidão, mas sabia que Philip não queria ir à psicóloga. Philip, educadamente, levantou da mesa e foi para o quarto, Stéfy  levantou, juntou os pratos e foi com ele.

- Phil, eu sei que você não quer ir.

- Mas eu não tenho escolha.

- Tente ao menos entender que isso será o melhor para você.

- O melhor para mim? O melhor para mim seria o fim. Como pode dizer para uma pessoa o que é melhor para ela? Você  sente as mesmas dores? Sabe o que é ser órfão?

- Calma, Phil, eu só quero te ajudar. Estou aqui, você não está sozinho.

- Obrigado, Stéfy, mas você está chegando na minha vida agora, olha o tanto que já lutei sozinho... Não se preocupe, estou acostumado. Eu não preciso de ajuda.

  Philip pegou seu casaco, sua pasta de documentos, e desceu. Stéfany sentou na cama com os olhos cheios de lágrimas, e ficou. Ela estava se sentido rejeitada e inútil. Por mais que tentasse de tudo para estar com Philip e o ajudar de alguma forma, ele demonstrava resistência e falta de interesse. Stéfany pegou seu celular, entrou em uma rede social e publicou: Ouvir palavras duras, de quem amamos, é tão ruim quanto sofrer um acidente.

 Jorge e Márcia estavam na sala esperando Phil. A senhora Brendom perguntou ao Marido:

- Onde está Stéfy?

 Philip respondeu:

- No quarto, ela não vem.

- Então vamos, temos muito chão pela frente.

 Stéfany os olhou partir pela janela. Ela dizia, em cochichos que amava Phil enquanto segurava sua blusa xadrez. Um pranto mudo, e um quarto vazio. Ela parecia muito preocupada com Philip.

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