Capítulo 20

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 Dois dias após a consulta de Philip, Jorge havia passado muito mal, e Márcia o havia levado ao hospital. Philip e Stéfany estavam na academia, e não sabiam do acontecido.

- Phil! Estou sentindo algo estranho.

- O que há?

- Vamos para casa!

- Tudo bem.

Stéfany havia sentindo que algo estava acontecendo, e na mesma hora, foram para casa. Quando chegaram, havia um bilhete de Márcia em cima da mesa de pães, dizendo:

  Magé 26/11/19

Queridos Phil e Stéfy...

Tivemos que sair às pressas para o hospital, pois Jorge passou muito mal. Deixei o jantar pronto, mas se não quiserem comer, eu deixei cem reais na gaveta para comprarem pizza. Cuidem-se. Amo vocês.

- Viu, Philip? Eu sabia que tinha algo errado...

- Calma! Não adianta se desesperar. Vamos ligar para sua mãe.

Pegaram o telefone fixo que havia pendurado na parede amarela da cozinha, e ligaram para o celular de Márcia. De repente, escutam um toque no sofá da sala, era o celular de Márcia.

- Não acredito, ela deixou o celular em casa.

- Onde será o hospital?

- Aqui tem muitos hospitais, Phil. Vamos esperar eles chegarem.

Enquanto isso, no hospital, Jorge demonstrava calma e dizia que já estava bem, mas a verdade era que as suas mãos tremiam de tanta dor, e seus olhos estavam avermelhados.

- Querido, não minta para mim.

- Já estou me sentindo melhor, Márcia, não se preocupe...

O doutor chegou e pediu aos enfermeiros que o preparasse para uma tomografia. Márcia percebeu que era algo grave.

- Ela pode entrar comigo?

- Infelizmente não.

 Enquanto os enfermeiros o preparavam para o exame, Jorge segurava a mão de Márcia, e em uma tentativa de acalmá-la, ele cantou para ela uma parte da música preferida deles...

"Se bom pra você for
P

odes partir amor
E que seja feliz
E muito bem feliz
Que Deus e a natureza
As aves nos seus ninhos
As flores pela estrada Perfumem todos os caminhos..."


Márcia com os olhos cheios d'água sorriu para ele, acariciou seus cabelos, e continuou...

"Eu aqui ficarei
Por você rezarei
Todas as tardes
Ao bater Ave-Maria
Que sejas bem feliz
Mas leves-me na mente
Que cresçam suas glórias
E as minhas lágrimas contentes..."

 Uma técnica de enfermagem, com o sobrenome Da Silva, se emocionou. Ela disse para Márcia ficar calma...

- O amor que você sente por ele é muito intenso, isso dará forças a ele.

- Estou preocupada, muito preocupada. Nós fazemos tudo juntos, e no momento que ele mais precisa de mim, eu não posso segurar a mão dele.

 A senhora Brendom não conteve sua emoção, e desabou em  lágrimas na frente da senhorita Da Silva. A tão atenciosa técnica de enfermagem se compadeceu de Márcia, e se ofereceu para buscar um café...

- Eu aceito. Obrigada!

Trinta e cinco minutos depois, o médico chama Márcia:

- Senhora Brendom! Eu preciso que a senhora espere algumas horas aqui no hospital, pois o resultado do exame irá demorar um pouco. O seu marido está no quarto 27, e a senhora pode ficar com ele. Assim que o resultado sair, dependendo, eu darei alta a vocês.

- Entendi. Obrigada, doutor.

 A senhorita da Silva foi até ao enfermeiro chefe e pediu para cuidar do paciente no quarto 27. Seu pedido foi aceito na mesma hora, pois ela era vista como a melhor entre as técnicas e era respeitada até mesmo pelo enfermeiro chefe. 

  "Toc Toc" - Com sua licença, senhor Brendom. Eu sou a Técnica de enfermagem, e estou aqui para auxiliar o senhor. Irei medicar o senhor para diminuir essa pressão arterial.

- Fiquei muito ansioso fazendo aquela tomografia, meu coração está parecendo uma escola de samba.

- Oh, Jorge! Deixe de ser bobo.

 Márcia ria enquanto segurava bem firme a mão de seu marido. Ela estava feliz por estar com ele.
Jorge fazia graça para deixar sua esposa tranquilizada, ele sabia como fazer isso, mas Márcia sentia qua algo de errado acontecia, parecia ser um oitavo sentido, o de esposa.

- Querido! Quando chegarmos em casa, eu farei aquele caldo de inhame com bacon que você tanto gosta.

- Nossa! Para estar me mimando desse jeito, eu devo estar nas últimas mesmo.

- Para de dizer bobagem, a moça vai achar que sou uma péssima esposa.

A Srta. Da Silva ria enquanto arrumava o travesseiro de Jorge. Ela colocou a mão na cintura e disse:

- Fique tranquila, eu vejo a forma como a senhora olha pra ele. Eu vejo que esse amor é sincero.

Márcia sorriu, disse que ele dava trabalho, e abaixou para o beijar.
Jorge perguntou o porquê da Srta. Da Silva ter pedido para cuidar dele, e ela respondeu:

- O Senhor e sua esposa me lembram os meus falecidos pais, eles eram apaixonados um pelo outro, e era um amor tão lindo... Assim como o de vocês.

A Jovem técnica desconversou, e com o os olhos cheios d'água ela disse:

- Bom, eu preciso ir buscar um cloreto de sódio para lavar seus olhos, já volto.

Depois que a Srta. Da Silva saiu, Jorge olhou para Márcia e perguntou:

- Como as crianças devem estar?

- Eles estão bem, Querido. Não são mais crianças.

- Verdade! Ainda vejo Stéfy andando de bicicleta com rodinhas. Lembra quando ela começou a ler aquele livro?

- lembro! Como o livro se chama mesmo?

- Ah! Acho que é "Àgora", mas tem mais alguma coisa...

- Algo sobre origem... Ah! "Àgora e a origem da magia", achamos que era só moda de adolescente, mas ela é fã até hoje.

- Mais de dez blusas iguais. Ela não pode ver nada relacionado a esse livro que quer comprar.

- É coisa de adolescente, amor. Até você já chegou a ler esse livro...

- Sim, e através dele conheci o meu escritor favorito.

- Eu gostava quando você lia as poesias dele para mim...

No minuto seguinte, o médico chegou com o exame. Ele não vinha com uma cara muito boa, e Jorge segurou a mão de sua esposa e perguntou se ela estava preparada, ela sacudiu a cabeça dizendo que sim, e então o médico disse:

- Sr. e Sra. Brendom, trago notícias... Felizmente o exame não acusou nenhuma anomalia, mas ainda não descobrimos o motivo das dores e dos olhos avermelhados. Vou dar alta ao senhor assim que terminar a lavagem.

A Jovem técnica foi até o quarto de Jorge satisfeita por saber que ele teria alta, mas seu semblante estava caído por ter recebido a notícia que a filha mais nova do doutor, que havia saído de casa três dias antes, ainda estava desaparecida. A Srta. Da Silva contou o ocorrido ao Sr. Brendom, ele na mesma hora quis fazer algo para ajudar, mas sua esposa o interrompeu dizendo que não era uma boa idéia. Márcia pegou a bolsa, assinou o documento do hospital, e levou Jorge para o carro. A técnica de enfermagem deu um cartão para Márcia com o seu número de telefone, e disse:

- Se precisar de mim, não hesite em me chamar.

- Obrigada!

Márcia entrou no carro, agradeceu aos céus por não ter acontecido algo pior com Jorge, e deu partida no carro.

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