Capítulo Vinte e Um

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Pisquei várias vezes encarando Jimin parado na porta do quarto com aquela pizza e aquelas cervejas. O sorriso dele era tão triste que senti meu coração se despedaçando em muitas partes por te-lo magoado.

— São cinco da manhã, Jimin-a. - falei olhando para o relogio de pulso e depois encarando-o de novo. — Onde conseguiu essa pizza? - perguntei curiosa, ainda abraçada aos meus joelhos.

Do you know BTS? — riu imitando Jin.

Soltei uma risada abafada e abaixei a cabeça, quieta. Meu silêncio foi lido como uma resposta positiva e ele fechou a porta atrás de si depois de entrar. Se isso tivesse acontecido ontem, eu estaria em pânico. Mas agora tudo o que eu queria era encerrar logo qualquer dúvida que ele pudesse ter, porque agora eu já sabia que Taehyung era o quarto membro da profecia maluca de Madame Min. Senti a cama afundando no lugar onde ele havia se sentado e o cheiro de pizza de pepperoni logo invadiu o quarto inteiro quando abriu a caixa.

— Achei que depois de tanto treino e ensaio você fosse estar faminto. Hoje em dia basta dizer alguma coisa com o nome do grupo e as coisas aparecem. — falou para quebrar o silêncio. Me deu luvinhas de plástico e vestiu uma também. — Nunca vou me acostumar com isso, sabia? — completou.

— O que? Minha falta de memória? — perguntei.

— Isso também. — riu-se — Mas essa coisa de ser reconhecido. As vezes é assustador.

Suspirei cansada. Imagine não ser famosa e conseguir tudo isso da noite para o dia. Foi exatamente o que aconteceu comigo, meu amigo. A diferença é que eu não escolhi isso, então não sei nada sobre ser famosa, conhecida e perseguida. Bom. Não sabia. Agora sei.

— É um inferno, isso que é. — desabafei. — Como consegue se sair tão bem? — perguntei de repente, levantando os olhos e recebendo um sorriso tão lindo que doeu. Meu coração pareceu parar diante daquele sorriso e daquele olhar.

— Porque eu tenho você. — falou com simplicidade.

— Jimin, eu...

— Porque eu tenho todos os outros. É assim que consigo me sair bem. — respondeu finalmente se servindo de um pedaço de pizza.

Decidi me servir também. Em poucas horas a agenda maluca do grupo começaria de novo e eu não poderia chegar perto de uma pizza tão cedo. Foi como uma injeção de ânimo e me vi sorrindo para a fatia que tinha acabado de morder. Ouvi o som da latinha sendo aberta e Jimin sorria também, muito mais confortável do que momentos atrás.

— Nunca quis te magoar, Jimin-ssi. — falei depois de um tempo.

— Eu sei. — respondeu desviando o olhar. — Agora eu entendo. Você realmente não é o mesmo já tem algum tempo. Acho que eu não quis acreditar. Principalmente quando você apareceu falando que não se lembrava de nada. — deu um longo gole na cerveja, mal piscando enquanto o fazia. — Parecia muito conveniente, sabe. Num dia você está estranho comigo, no outro não se lembra de nada. Achei que estivesse zombando de mim.

Eu só percebi que ele estava chorando quando senti minhas próprias lágrimas lavando meu rosto. Então Jungkook já estava estranho antes disso tudo acontecer? Por isso estava correndo tão longe de casa naquele dia? O que estava acontecendo? E por que, por que eu tenho que estar no meio disso tudo?! Num impulso que provavelmente vou lamentar para sempre eu sai do meu lugar e abracei Jimin apertado, como se eu e ele fossemos amigos de longa data. Como acontece quando eu e Han Mimo desabafamos uma com a outra.

Pensar nela me deixou mais triste ainda e acabei aproveitando o abraço para chorar por isso também. Os braços de Jimin me envolveram com força e eu senti as lágrimas dele molhando minha camiseta.

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