Capítulo Nove

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Saí da casa de Han Mimo querendo ficar lá. Nada do que Madame Min tinha dito fazia sentido. Então eu tenho que me dar bem com o Jungkook? Ok, isso acho que vai ser fácil, ele é um dos sete caras que eu mais amo na vida, não deve ser difícil. É teimoso, verdade. Grosso também. Ele não precisava, por exemplo, jogar na minha cara que eu vou mal na escola. Eu sei disso, Mimo sabe disso, meu pai sabe disso... desnecessário.

Soltei um suspiro frustrado e tentei jogar o cabelo de lado enquanto colocava um braço para fora do vidro do carro, mas não tinha mais cabelo para jogar de lado. Nem esse prazer eu posso ter, cultivei meu cabelo à toa. Obrigada, tia Min Seo. Um cara passou buzinando e mostrando o dedo do meio. Talvez eu esteja dirigindo muito devagar.

– FODA-SE!!!! – gritei pela janela, mostrando o dedo do meio. Agora além de estar no corpo de um garoto eu tenho que dirigir rápido? Faça-me o favor, né?

Liguei o rádio do carro e apertei o volante com força, criando coragem para acelerar um pouquinho mais aquele carrão que nunca na vida vou dirigir de novo. Mas o rádio começou a tocar Boy with luv e tudo o que consegui fazer foi sentir vontade de chorar. Senti os olhos arderem, mas tentei segurar.

– Eu estou muito na merda, puta que pariu... Por quê, Deus?

As lágrimas vieram sozinhas e eu me vi dirigindo ainda mais devagar. O número de carros buzinando e motoristas me xingando triplicou, mas eu já não conseguia ouvir nada, presa na minha própria dor. A verdade é que eu sei qual das milhares de profecias da tia Min Seo eu deixei de cumprir. Foi aquele maldito ferro-velho, aquele cachorro do inferno e o encontrão que dei no tal idol. Agora eu sei que o idol em questão era Jungkook. Que ideia besta ir correr justo naquele bairro!

Chorei como nunca na vida. É muito injusto ser punida por algo que deveria me ajudar a seguir minha vida e não a ferrar mais ainda com ela. Já não bastava ser só eu e meu pai, ainda tinha que lidar com essa coisa toda.

– O que eu vou fazer, Deus?

Como resposta o telefone começou a tocar e, graças a riqueza que nunca mais vou ter quando voltar ao meu corpo, o carro inteiro começou a tocar por conta da conexão entre o celular caríssimo e o sistema do veículo. Apertei um botão com a imagem de um telefone e a voz de Taehyung imediatamente invadiu o carro todo.

– Alô?

– To meio ocupado, o que foi?

– Tá dirigindo?

– Como sabe?

– Tem uma foto sua dentro do carro com o dedo do meio levantado correndo toda a internet. Você ficou louco?

– Venha já para casa, temos reunião! – a voz de Namjoon sobrepôs com a de Taehyung e eu encolhi. Não podia ver ele, mas era como se pudesse. Tenho certeza que ele vai me matar assim que eu chegar. Tudo por causa de um maldito dedo do meio e um palavrão.

– Caralho de vida. – sussurrei.

– AGORA, JUNGKOOK! – dei um pulo no volante, assustada.

– TÁ BOM, MÃE! – Nunca vi nenhum dos meninos bravos, acho que hoje acaba a minha ilusão de fã. Desliguei e a vontade de chorar veio mais forte ainda, mas tentei segurar porque tinha que me concentrar em dirigir mais rápido.

***

Cruzei os braços e abaixei a cabeça enquanto todos os outros membros do grupo, sem exceção, me olhavam como se eu tivesse matado alguém. Tudo isso por causa de um dedo. Sério, Coreia, vocês são muito sensíveis.

– Primeiro você esquece a coreografia, suas linhas, sua posição... até aí de boa, todo mundo já passou um dia estressante. Mas onde caralhos você foi?!

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