Capítulo Vinte e Cinco

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Han Mi Mo sempre foi uma aluna mediana, assim como sempre se considerou uma adolescente mediana. Não estava entre as mais bonitas de sua idade, do mesmo jeito que não estava entre os melhores alunos da escola. Estava sempre no meio. Nem muito bonita, nem muito feia. Nem muito inteligente, nem muito burra. Não, o ultimo lugar sempre pertenceu a Nina. Não na questão de beleza, porque ela estava entre as mais bonitas, mas em questão de nota, estava sempre na base da cadeia alimentar escolar.

Sua lealdade à amiga custou a posição mediana de Han Mi Mo. Poderia estar na metade superior dos melhores alunos, mas por conta da melhor amiga, estava na metade de baixo. Nunca se importou com isso, de fato, mas era uma verdade que teria consigo sempre. Pelo menos até antes de Jungkook assumir o corpo da amiga.

Han Mi Mo não era ambiciosa o suficiente para sonhar com uma universidade de primeira categoria depois de terminar a escola. Tudo o que queria era um diploma bom o suficiente para garantir que um dia conseguiria passar num concurso e se estabelecer como funcionária pública. Era uma carreira respeitável e lhe permitiria começar uma família e ter uma vida modesta. Não precisava de mais que isso. Sonhava em morar num bairro melhor, poder ajudar os pais e ter um filho e um marido que amasse. Para que mais?

Para isso, não podia ter mais nenhuma detenção até o fim do período. Achou que isso seria fácil, agora que Jungkook era Nina e melhorou as notas da amiga. O problema é que agora ele começava a chamar atenção demais para as duas. Foi com isso em mente que ela começou a se preparar para ir para casa mais cedo. Tudo bem, não era Nina quem estava na detenção agora, era ele e provavelmente ele se sairia bem em qualquer tarefa. Não precisava dela para livrar-lhe do castigo. Sua consciência estava limpa, certo? Certo?

Estava abrindo a porta da enfermaria quando viu o cabelo longo de Nina antecedendo sua saída da sala no fim do corredor. Fechou a porta atrás de si com força, fechando os olhos enquanto se apoiava ali para acalmar as borboletas em seu estômago.

— Han Mi Mo? — a voz da enfermeira a fez abrir os olhos e se lembrar de onde estava.

— Senhora?

— O que está fazendo aqui? — a enfermeira levantou os olhos para o relógio branco pendurado acima da porta e voltou a encarar a aluna. — Ainda tem, pelo menos, quinze minutos de aula antes da troca. Aconteceu alguma coisa?

— O que? — Mi Mo levou a mão para a barriga, lembrando-se da desculpa que havia planejado e fazendo uma careta fingida. — Cólica. Estou com muita cólica. — inclinou um pouco o corpo, como se quisesse enfatizar seu argumento. — Preciso ir para casa. Dói muito. — gemeu sem se atrever a olhar diretamente nos olhos da moça.

— Sei... — a enfermeira arqueou uma sobrancelha ainda medindo a garota da cabeça aos pés, mas se levantou assim mesmo.

Com uma gentileza que a menina não previu para o tamanho da moça, ela se viu ser conduzida até uma maca encostada na parede oposta à da mesa de escritório da enfermeira. Subiu a escadinha de dois degraus que ela colocou perto de seus pés e sentou-se com as pernas balançando soltas no ar. Han Mi Mo ainda segurava a própria barriga, distraída em observar a moça trabalhando.

Nunca tinha ido até a enfermaria antes e ficou surpresa com como aquela sala era pequena para o que imaginou. Apesar disso, parecia bem equipada. Havia um armário pequeno com portas de vidro ao lado da escrivaninha e, acima dele, um quadro com o alfabeto coreano em diversos tamanhos. Na parede entre a maca e a escrivaninha, havia uma mesa com um equipamento grande que a menina imaginou ser um daqueles usados para ressuscitar alguém e, ao lado dele, uma balança com medidor de altura.

— Para quê serve aquilo? — apontou para o equipamento.

A enfermeira voltou para perto dela segurando uma caixinha de metal. Havia um aparelho de medir pressão, um estetoscópio e um objeto menor que ela logo enfiou no dedo indicador de Han Mi Mo. Só depois disso ela olhou para onde a menina apontava.

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