– Consegue deixar meu cabelo assim? – pedi para a moça que ia cuidar do meu cabelo. Mostrei o celular caríssimo de Jungkook com uma foto de, veja só, Taehyung de cabelo azul. Que graça tem fazer parte desse mundo e não poder usufruir, não é mesmo? É só eu ignorar que me jogaram nessa cadeira de salão de quinta, com um milhão de pessoas passando a mão em meu cabelo, meu rosto, meu novo corpo... enfim, tudo. Também preciso ignorar que Taehyung e Jimin não param de me encarar de um jeito esquisito e que de vez em quando eles cochicham entre si sobre alguma coisa que provavelmente sou eu. Simples. Só que não.
O objetivo é ganhar tempo porque só Deus sabe como é que eu vou dançar a coreografia nova se eu não conheço nem a música nova ainda. Ai meu Pai, qualquer army daria a vida para estar no meu lugar com acesso a todas as informações sobre o álbum novo, mas isso como fã, não assumindo a vaga de um deles. O que eu faço? Sorri daquele jeito angelical que só alguém com o rosto de Jungkook conseguiria e a moça sorriu de volta, tímida.
– Conseguir, eu consigo, mas precisa de autorização. – respondeu já com a mão na minha cabeça.
– Ué, a minha você já tem. – ela começou a rir mais ainda e eu fiquei ali sem entender nada, sentindo o medo consumir todas as células do meu corpo. Nem em Educação Física eu sou boa, imagine dançando com o BTS.
O tempo que eu ganhei foi de quinze minutos. Assim que a menina do cabelo saiu, outra assumiu seu lugar para fazer minha maquiagem – como se esse garoto precisasse, mas ok. Não consegui nem calcular uma rota de fuga. Dali, me jogaram no meio de um salão enorme, com espelhos e luzes em todas as direções. Fui posicionada no meio de uma área aberta e logo os outros se posicionaram ao meu redor e assumiram suas personas para a coreografia. Olhei de Taehyung para Jimin e os dois me sorriram confiantes.
Tudo acontecia tão rápido que eu mal reparei o silêncio que se instaurou antes da introdução da música nova começar a tocar. Eu, Kang Ni-Na, dezoito anos (quase dezenove), army desde os quatorze, sempre me gabei de saber todas, e por todas eu quero dizer literalmente todas, as músicas do Bangtan, fiquei muda sem saber aquela. A introdução passou, a música começou e obviamente as linhas de Jungkook vieram. Muda eu estava, muda continuei. Os outros estavam dançando e pararam para me encarar. Alguém desligou a música. Todo mundo me encarou. Merda.
– DE NOVO! – gritou o diretor. Jimin fez um gesto de dúvida em minha direção, mas fingi não ver. Alguém deu um tapinha em minha bunda e vi de relance as covinhas de Namjoon se posicionando mais atrás. Senti meu estômago começar a se manifestar, mas não tinha muito tempo para pensar ou processar nada, tudo continuava muito rápido.
Introdução da música, todos se movimentando sincronizadamente, Jimin canta, Taehyung canta e eu saio correndo. Desmaiar de novo estava fora de cogitação, mas ninguém falou nada sobre meu estômago ansioso. Corri para o primeiro balde que vi e joguei todo o jantar de Jungkook ali e mais um pouco.
Quando eu finalmente parei de vomitar, senti o impacto que aquilo tinha naquele corpo. Precisei sentar e, de alguma forma, uma cadeira foi colocada sob mim antes que eu caísse desmaiada de novo. De repente eram muitas pessoas preocupadas comigo e, pela primeira vez, senti a pressão que devia ter sobre aqueles caras apenas por serem quem eram. Tinha gente me abanando, alguém no celular chamando um médico, todo o BTS ao meu redor, todo mundo muito preocupado com a minha saúde. Cheguei a sentir inveja do Jungkook pela atenção que recebia, até que lembrei que a culpa era minha que todo mundo estivesse preocupado. Alguém cancela esse dia, pelo amor de Deus?
– O que houve? – alguém perguntou. Eu apenas fechei os olhos, cansada demais para responder. Isso porque eu não tinha feito absolutamente nada ainda. Oh Deus, quanto tempo eu vou ter que ser o Jungkook?
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Persona
FanfictionNina está no último ano da escola e apesar de querer seguir a vida acadêmica na area de exatas, acredita em tudo que é esotérico. Principalmente se for dito pela Madame Min. Mas nem tudo é o que parece e nem sempre a pessoa que você vê é quem está p...