Capítulo Dezesseis

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— Han Mi Mo... — chamou ele gentilmente. Balançou o ombro da menina de leve, mas ela simplesmente virou-se para o outro lado da cama e cobriu a cabeça com o cobertor.

— Aish... — voltou a cutucar o ombro dela, dessa vez com um pouco mais de força. — Han Mi Mo...

— O que foi? — murmurou ela com a voz abafada pela coberta.

— Vou precisar do carro da sua mãe... — sussurrou ele.

— O QUE? — gritou ela se levantando e acertando um tapa no rosto dele ao jogar a coberta longe.

— Ai... — Jungkook não estava preparado para aquilo. Sentiu o impacto e a dor imediatamente, vendo estrelas no lugar do rosto bonito de Mi Mo. — Puta merda.

— Já ta ficando igualzinho à Nina, quase me enganou. — pelo jeito o mau humor de Mi Mo ainda não tinha passado. — O que foi que você disse sobre o carro da minha mãe?

Enquanto Jungkook apertava o nariz com os dedos e o rosto levantado para evitar um possível sangramento, a menina se levantou e acendeu a luz, contribuindo mais ainda para a cegueira já causada no garoto.

— Surgiu uma emergência, a Nina precisa da gente.

— Agora?! De madrugada?! Ta tirando uma com a minha cara, né?

— É sério! Ela já me mandou um monte de mensagem pedindo ajuda. — respondeu ele abrindo um olho e procurando Mi Mo com ele. A menina estava sentada na própria cama com os braços cruzados, o rosto cheio de marcas do travesseiro e uma expressão de quem odiava ser acordada fora de hora.

— Que tipo de problema?

— Eu esqueci de contar uma coisa e agora essa coisa veio cobrar dela.

— Que coisa?

Jungkook não queria contar. Não estava preparado para contar para Mi Mo que namorava Jimin. Principalmente porque começava a gostar dela e depois do quase-beijo interrompido, tinha quase certeza que havia algum sentimento em recíproco.

— Se não me contar, a própria Nina vai contar. Somos melhores amigas, ela nunca me esconde nada. — argumentou ela. — O que pode ser pior do que ela ter trocado de corpo com um garoto? Por acaso ela teve que encontrar sua namorada? — falou de modo sarcástico, rindo da própria piada.

JK não respondeu, em choque com o poder de dedução dela.

— O que dão para os adolescentes hoje em dia? — murmurou finalmente conseguindo abrir o olho e soltar o nariz. Não havia sangramento. Menos mal. Um problema a menos na lista infinita que parecia que só aumentava.

— É isso?! Você tem namorada?

— Não exatamente...

— FALA LOGO, CARALHO! PARE DE ME DAR INFORMAÇÃO PICADA! ESQUECEU QUE EU TO NA MERDA TANTO QUANTO VOCÊS DOIS? — gritou ela.

Num movimento rápido, Jungkook levantou-se do colchão mais baixo e tapou a boca de Mi Mo, atento a qualquer movimento no quarto dos pais dela. Seu coração batia acelerado, com medo deles terem ouvido o grito, medo de se assumir forçadamente e medo da decepção dela ao saber que sim, ele namorava.

O coração de Mi Mo por sua vez, batia acelerado por conta da proximidade inesperada e da força com que ele a abraçava. Ficou o tempo todo se forçando a lembrar que era Nina, não Jungkook e que ele namorava, mas não conseguia desviar os olhos da boca dele enquanto ele tentava ouvir se haviam acordado ou não o resto da casa.

Aos poucos ele foi se acalmando porque a casa continuou silenciosa mesmo com o grito de Mi Mo, mas ele continuou ali, abraçado nela, esperando que se acalmasse. Os olhos finalmente foram de encontro ao dela e ele retirou a mão de sua boca, devagar. A menina estava começando a ficar vermelha, mas não desgrudava os olhos dos dele, ainda em choque com tudo o que havia acontecido nos últimos segundos. Ficaram assim, se encarando em silêncio por muito tempo, ele tentando não pensar besteira porque tinha acabado de contar que namorava e ela tentando não sentir uma vontade absurda de beijar sua melhor amiga. Afastaram-se ao mesmo tempo, assustados com o clima criado de repente.

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