— MAS QUE CARALHO! - Catra exclamou.
Quem ouvisse aquele grito, pensava que tinha acontecido algo muito sério ou revoltante, ou que ela estava brigando com alguém.
Porém, era nada mais, nada menos do que o mau humor matinal de Catra, misturado com o fato de que ela havia esquecido de comprar café. E sem café, ela não vivia, não respirava e, definitivamente, não ficava de bom humor. Mas, naquele dia em específico, tudo estava mais aflorado.
Catra suspirou, já sabendo que aquele era um dos seus dias. Estava de TPM.
Foi até o banheiro e lavou o rosto, tentando fazer com que a água tirasse sua cara de cu. Secou a face e olhou-se no espelho, concluindo que: estava tudo uma porra.
E eram só onze horas da manhã.
Então, percebendo seu estado mental precário e o pico de estresse em que estava, decidiu recorrer a única alternativa capaz de acalmá-la e possibilitá-la de conviver normalmente em sociedade, sem querer voar no pescoço de ninguém ou chorar por motivos cujo ninguém entendia. Um cigarro de maconha.
Bolou seu baseado com a maior calma que conseguiu, pegou um fósforo no armário e ascendeu o cigarro, dando um longo trago. Sentou-se no sofá e apoiou as costas no encosto, fechou os olhos e levou os dedos aos lábios, tragando mais uma vez.
Quase que instantaneamente, ela sentiu seu corpo relaxar e abriu os olhos.
Com o canto das vistas, Catra observou Melog aproximar-se aos poucos e, gentilmente, o felino ziguezagueou pelas pernas da dona, esfregando seus pelos na pele descoberta enquanto ronronava.
A garota inclinou o corpo para frente e Melog sentou-se, soltando um miado, como se perguntasse se estava tudo bem. Catra estendeu o braço e, com as pontas dos dedos, fez carinho na parte de baixo do queixo do bichano, que pareceu derreter ao seu toque.
— Estoy bien, pequeño. - Catra disse, agora mais tranquila e Melog subiu em seu colo, ajeitando-se numa bolinha e deitando ali. Às vezes, quase sempre, a morena sentia que devia sua vida àquele gato que, de algum jeito, conseguia acalmá-la de um jeito que nenhum humano conseguia.
Pegou o celular que estava ao seu lado no sofá, abrindo o contato de Scorpia e encarando o chat com a amiga. Pensou se a chamava para passar o dia com ela, se a chamava pra sair ou fazer qualquer coisa, só não queria ficar sozinha. Quando estava naqueles fatídicos dias, seus sentimentos se aguçavam e duas coisas poderiam acontecer se ela ficasse sozinha.
Ou iria surtar consigo mesma, ou iria chorar o dia inteiro por motivo nenhum.
Mandou uma mensagem para a platinada e bloqueou o celular, sabendo que levariam alguns minutos para a amiga vizualizar. Terminou seu baseado e foi para o seu quarto colocar uma roupa qualquer. Ficaria o dia todo de pijamas ou andando pelada pela casa se pudesse mas, ficar em casa jogada no sofá era uma coisa a qual ela não precisava no momento.
Além disso, sabia que sua mãe estava em casa, depois de ter passado três dias fora em algum lugar que Catra não fazia ideia de onde era e, sinceramente, tinha até medo de saber. Então, pretendia evitar contato com ela, especialmente naquele dia. Não queria dar mais dinheiro a velha e muito menos atenção.
Enquanto se arrumava, Catra ouviu seu celular vibrar em cima da cama. A princípio, pensou ser Scorpia, porém foi surpreendida com uma mensagem de outra pessoa.
Loira alcóolatra
Hey, bom diaLoira alcóolatra
Acabei dormindoAo ler a mensagem, Catra sorriu pelo nariz. Faziam mais ou menos duas semanas que elas se falavam com frequência, desde que Asami passara o número da morena para Adora. De início, Catra ficou um pouco brava com a amiga de olhos verdes, mas não durou muito. Sabia que as intenções da garota eram as melhores e, no fim das contas, ela acertou na atitude tomada. Ambas estavam se dando bem, apesar das diferenças
Porém, por mais que conversassem regularmente e Catra fosse uma recém frequentadora assídua na boate em que Adora trabalhava, ainda não havia acontecido nada além disso.
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Burning Bridges | Catradora
FanfictionAdora e Catra são como almas opostas que, se fossem depender do tempo, jamais se encontrariam. Em meio a estudos, trabalho e nervos à flor da pele, tudo o que menos queriam era instabilidade ou emoções complexas. Não queriam grandes feitos, dores...