Waking Up

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— Bom dia, Mike. - Adora acordou, sentindo seu cachorro cheirar e lamber o seu rosto, como era costumeiro. Era Mike que a acordava todos os dias, pontualmente às onze da manhã, latindo e fazendo bagunça. Quem precisava de despertador quando se tinha um grande e fofo cachorro te acordando todos os dias? 

Fez carinho em Mike e se espreguiçou, levantando os braços para o ar e sentindo alguns de seus ossos estalarem. 

Ainda estava com um pouco de sono, tinha de admitir. 

A garota se levantou e foi em direção ao banheiro, afim de tirar sua cara de cansaço junto com as remelas em seus olhos. 

Depois que escovou seus dentes, desceu as escadas e se dirigiu até a cozinha, esperando o gosto da pasta sair de sua boca para que pudesse tomar seu café da manhã. 

Afinal, não havia nada pior do que tomar café após escovar os dentes. 

Quando chegou na cozinha, viu seu pai lendo um jornal enquanto comia um pedaço de bolo de cenoura que havia feito alguns dias antes. Além de veterinário, pai solteiro e jogador de basquete nas horas vagas, Randor também era um exímio cozinheiro. 

Com o passar do tempo, Adora entendera o porquê de sua mãe ter se casado com ele. 

— Bom dia. - o homem desviou a atenção do que estava lendo e cumprimentou a filha, que acenou para o pai e devolveu o "bom dia", coçando os olhos com as costas das mãos. — Como foi no trabalho? - não importava há quanto tempo Adora trabalhasse lá ou o quanto a rotina fosse sempre a mesma, Randor sempre fazia essa pergunta. 

Adora se dirigiu até o armário que ficava em cima do micro-ondas, tirou uma pequena caixa transparente de lá e procurou seu amado remédio para dor de cabeça. Noites como aquela costumavam ser intensas, muita gente para atender e bebidas para preparar ao mesmo tempo embaralhavam a cabeça de qualquer um. 

Ainda mais a de Adora, que tinha seu lado workaholic bem aparente. 

A garota tirou um comprimido vermelho meio transparente da embalagem, o colocando na boca e o engolindo com a ajuda de um copo d'água. 

— Foi intenso, muita gente pra atender e algumas pessoas arrumando problemas. - fechou a caixa e a devolveu para dentro do armário, o fechando. Sentou-se na cadeira na frente de seu pai e cortou um grande pedaço de bolo, acompanhado de uma xícara de café forte e puro, do jeito que Adora mais gostava. Mike passou por debaixo da mesa e se pendurou no colo da loira com as patas dianteiras, apoiando o queixo na parte de cima de sua coxa e olhando para a garota com os olhos brilhando. 

Adora o olhou, fazendo carinho nele enquanto bebia outro gole de café. Amava aquele ser de tal forma que não conseguia descrever. Muitos poderiam achar exagero amar tanto um cachorro ou mimar tanto ele como Adora fazia, mas ela não se importava com isso. 

Mike era seu escudeiro, seu fiel e melhor amigo. 

Bebeu o último gole do líquido escuro em sua xícara, sentindo-o descer quente e amargo pela sua garganta. No começo, era difícil sentir aquele gosto que lhe rasgava a garganta como uma dose de tequila, mas acabou por se acostumar a tomar café sem açúcar. E a tomar tequila, também. 

— Você está bem? Parece abatida. - Randor questionou ao ver a cara da filha. Era um pai liberal e "descolado", por assim dizer mas, ainda assim, se preocupava muito com Adora. 

— Só minha cabeça dói um pouco, mas nada que um café e uma caminhada não resolvam. - Adora tentou despreocupar o pai, que acenou positivamente com a cabeça e sorriu. — Tem plantão no hospital hoje? 

— Tenho, estou de olho na recuperação de um transplante de rim de um husky. - Randor respondeu. Fazia plantões frequentes no hospital veterinário. Era um dos pioneiros e um dos melhores doutores na grande cidade de Bright Moon, fazia sempre questão de acompanhar de perto a situação de seus pacientes e sempre se doava para fazer o melhor que podia. 

Burning Bridges | Catradora Onde histórias criam vida. Descubra agora