Burning Bridges | Catradora

If You Wanna Stay Up Late

— Eu peguei uma mesa. - Asami disse para Catra após ter desviado de todas as dezenas de pessoas na pista de dança, já ofegante.

— Não estava tudo ocupado?

— Bow conseguiu reservar uma pra gente. - a de cabelos pretos apontou com a cabeça para trás da amiga e acenou para o homem, que retribuiu o gesto com um sorriso amigável para as garotas.

— Me parece que vocês são amigos mesmo, agora. - Catra cruzou os braços e deu um riso pelo nariz. — Seu delineador borrou. - apontou para os olhos de Asami, que puxou o celular da bolsa e abriu a câmera frontal tentando enxergar o pequeno defeito, não obtendo sucesso devido a escuridão da pista.

— Droga, eu não trouxe pra retocar.

— Usa o meu, não borra. - tirou o objeto do pequeno bolso da frente da calça e o entregou para a mulher, que agradeceu. — Quer que eu pegue algo pra você beber? - perguntou antes de Asami se virar para ir ao banheiro retocar sua maquiagem.

— Um martini. - pediu e Catra acenou positivamente, indo para o lado oposto da amiga.

A de olhos bicolores abriu espaço com as mãos por entre as pessoas e virou o tronco de um lado para o outro enquanto se esgueirava entre elas, observando as luzes do bar ficarem mais fortes à medida que ela ia se aproximando daquele local que já lhe era tão familiar.
As cadeiras altas em volta do balcão estavam quase todas livres, a não ser por uma ou outra pessoa bêbada chorando com um copo pendurado em uma das mãos, enquanto reclamavam e atropelavam as palavras.

Catra sentou-se em uma das cadeiras vermelho vinho e cruzou os braços em cima do balcão, passando os olhos por ali a procura de um bartender que pudesse atendê-la. Na verdade, uma bartender em especial, se fosse possível.

Ao observar o local, parou o olhar em uma dos cantos do bar, onde viu Adora em pé, com um pano de prato branco sobre um dos ombros e os olhos arregalados em desespero. Havia um homem em sua frente, com um copo meio cheio de uísque entre as palmas das mãos e lágrimas de bêbado escorrendo pelos olhos. Vez ou outra ele esticava os braços para tentar tocar a loira, que apenas dava um ou dois passos para trás com os braços cruzados.

Catra, a princípio, riu do desespero estampado no rosto de Adora, colocando as costas das mãos em frente aos lábios e tampando o sorriso que surgia ali. Afinal, a morena era o tipo de pessoa que usualmente se divertia com o constrangimento e sofrimento alheio, lhe fazia quase tão bem quanto uma sessão de terapia. Mas, depois de um minuto ou dois rindo, decidiu acabar com o sofrimento da de olhos azuis e chamou-a, vendo-a abrir um sorriso ao vê-la.

A loira despistou o bêbado solitário e a passos rápidos percorreu o balcão, chegando até Catra com um sorriso e uma expressão de alívio.

— Me parece que você está tendo uma grande noite. - apontou com a cabeça para o homem com a testa encostada no balcão. — Deprimente.

— Nem me fale, você me salvou de uma história longa e triste sobre término de namoro ou divórcio. - Adora tirou o pano de prato do ombro e meneeou com a cabeça, solta do um pouco de ar pelo nariz. Aquilo acontecia ocasionalmente e a loira verdadeiramente não se incomodaria de ouvir histórias tristes em plena madrugada de sexta mas, aquele homem bêbado que lhe tentara passar a mão não era o tipo de pessoa que ela gostaria de lidar. — Fico feliz que você esteja aqui.

— E só porque te poupei de histórias de bêbado você tá feliz de me ver? - Catra apoiou o queixo sobre os dedos da mão fechada.

— Você sabe que não. - Adora arqueou uma das sobrancelhas e deu um sorriso sem mostrar os dentes. — Um Moscow?