Burning Bridges | Catradora

Tonight Tonight

O dia estava ensolarado e uma forte luz entrava pela janela, marcando o início de mais um verão na grande cidade de Bright Moon.

Adora suspirou, segurando o notebook em seu colo e se ajeitando em meio aos tantos papéis e apostilas de seu difícil e cansativo curso de direito. Estava em seu último ano de curso, o que a fazia se esforçar mais e mais para manter sua média exemplar e sua bolsa integral de estudos na Bright Moon’s University.

Os últimos anos vinham sido regrados a dedicação e esforço, tanto para satisfação pessoal quanto para conseguir manter sua bolsa. Afinal, estudou por anos para consegui-la, já que o curso era caro demais e ela pretendia gastar o mínimo possível com ele, monetariamente falando.

Não que realmente precisasse da bolsa pois, apesar de não ser rica, tinha uma boa condição financeira. Afinal, ter um pai veterinário tinha lá seus privilégios.

Porém, Adora não era o tipo de pessoa que gostava de sair esbanjando por aí, sabia o quanto seus pais lutaram para construir tudo aquilo que tinham e, por isso, sempre quis lutar para ter o que era seu, as suas próprias custas.

De resto, o que ela gastava em seu curso se resumia a disposição, tempo e saúde mental.

Acima de tudo, queria ser a melhor advogada que pudessse.

Apesar do EAD exigir um pouco mais que o normal, a loira não se importava. Amava seu curso de todas as maneiras, ainda que estivesse cansada e com noites bem dormidas pendentes, já que parecia não conseguir relaxar nem mesmo nas horas de sono.

Adora, por mais que não gostasse de admitir isso para ninguém, estava exausta. Gostava muito de seu curso, mas realmente precisava de férias. Precisava relaxar, por mais difícil que fosse.

Quem via sua aparência alta e tatuada, jamais imaginava o quanto ela levava as coisas a sério e o quanto era dedicada para as coisas que amava. Às vezes, as pessoas a tiravam como baderneira, imprudente ou arruaceira pelo seu estilo, aparência e, até mesmo, pelo seu emprego. Mas, Adora era completamente o oposto de todos os estereótipos que atribuíam a ela.

Não era rebelde e nem nada disso, era apenas uma jovem adulta extrovertida, que gostava de sair e se divertir com os amigos quando podia, como qualquer pessoa. Tinha suas aventuras, dores e amores, mas, e quem não tem?

Obviamente, não era uma estudante comum de direito e, consequentemente, não seria a advogada mais usual. E nem pretendia ser. Não importava a profissão que tivesse, ela nunca deixaria de ser quem é por isso. Seria uma ótima advogada, com tatuagens e tudo.

Muitos duvidaram que ela conseguiria mesmo, mas nada a abalou. Talvez ela deveria ter menos tatuagens ou até, quem sabe, ser mais séria, na dela, como a maioria dos advogados.

Mas, não ela. Ela seria ela mesma, com toda sua bagagem. Podia pensar muitas coisas ao seu próprio respeito mas, não lamentava a mulher que se tornou, não tinha vergonha de si.

No geral, Adora era uma garota empática, sensível e gentil. A vida já havia lhe ensinado o tipo de pessoa que ela não queria ser.

Se orgulhava de quem era, e muito.

Uma batida é ouvida do outro lado da porta do quarto.

— Entra. - Adora se espreguiçou e estralou o pescoço. Ficar sentada em frente a um notebook por tanto tempo dava a ela a sensação de endurecimento nas juntas, como se estivesse enferrujada. Por isso, costumava fazer exercícios regularmente, não queria problemas nos ossos ou de coluna no auge dos seus 23 anos. Mas, se manter enérgica não era algo difícil para ela, na verdade, fazia mais por prazer do que por obrigação.