— O QUE MAIS VOCÊ QUER DE MIM? - Catra gritou. Estava com os nervos à flor da pele e sua paciência já havia se esgotado por completo faziam alguns minutos. Ela estava perdendo o controle do seu corpo e das suas emoções, quase chorando de raiva. — EU NÃO TENHO MAIS NADA!
— Você deve ter algum dinheiro, sua mentirosa! - Weaver tentava gritar no mesmo tom de Catra, não conseguindo devido às suas cordas vocais terem sido enfraquecidas pelos anos de vício em nicotina.
Shadow passou pela porta, empurrando a garota e pegando a carteira da filha, que estava em cima da estante da televisão, tirando lá de dentro uma nota de cinquenta e guardando-a no bolso, sorrindo. Se tinha uma coisa que Catra tinha nojo, era do sorriso daquela mulher. Era torto, duro e inexpressivo, deixava com uma cara mais horrenda do que a que já tinha naturalmente.
— Eu preciso desse dinheiro. - a de olhos bicolores disse, com um tom mais ameno mas, ainda assim, firme. — Você não tem o direto.
— Você me deve pelos anos que eu te sustentei, se não fosse uma vagabunda poderia se sustentar e ainda me pagar sem precisar ficar choramingando. Se você tem a mínima chance de ter uma carreira, é graças a mim. - Shadow empurrou Catra com uma das mãos e saiu pela porta com um olhar desdenhoso e orgulhoso, como se sentisse prazer em ter sugado tudo o que a filha tinha.
Catra sabia o porquê de Weaver fazer isso, na esperança de que fosse se arrastar e se humilhar na porta de sua genitora por um prato de comida ou que implorasse por misericórdia. Mas, a morena jamais se submeteria à aquilo, não enquanto ainda tivesse um pouco de juízo.
A morena bateu a porta, deixando seu corpo cair sobre o piso e deixando suas costas apoiadas na madeira atrás de si.
Catra apoiou a cabeça na porta, olhou para cima e suspirou, encarando o teto meio amarelado do seu apartamento por alguns segundos, fechando os olhos em seguida.
Não tinha como impedir aquilo e, se tentasse, temia não poder medir as consequências, sua mãe era maluca e não lhe faltavam cicatrizes para confirmar isso.
Não tinha para onde ir e, mesmo se quisesse, não poderia alugar um apartamento em outro lugar, já que Weaver lhe sugou metade da herança. Conseguia viver com o dinheiro que lhe restava mas, aquilo não duraria para sempre.
— Pai, eu sei que você me disse pra ser paciente mas, ugh. - a garota grunhiu, dobrou as pernas e encaixou a cabeça entre os joelhos, colocando as mãos sobre a nuca e entrelaçando os dedos. Queria chorar mas, ao mesmo tempo, não conseguia, nada saia. — No es ser fácil, preciso de um conselho. - tirou a cabeça de entre os joelhos e esticou uma das pernas, mantendo a outra dobrada próxima ao seu corpo.Melog apareceu em sua frente, esfregou a pelagem curta na perna dobrada de sua dona e depois ajeitou-se entre as coxas da mulher, apoiando o queixo na perna esticada. Catra acariciou o felino passando as unhas levemente pela pele do animal, procurando não machucá-lo. Melog ronronou ao toque da moça que, mesmo em meio a tantos pensamentos ruins que passavam pela sua mente, conseguiu sorrir.
O felino olhou para Catra com seus gatunos olhos azuis e, mesmo não sabendo falar, era como se ele dissesse muitas coisas.
— Você parece conseguir pensar melhor do que eu, o que acha que eu devo fazer? - a de olhos bicolores perguntou à Melog, meio descrente de que ele pudesse entendê-la. Levou as duas mãos ao rosto, cobrindo os olhos por alguns segundos e suspirando. — Acho que vou enlouquecer, estou pedindo conselhos a um gato. Melog então, levantou-se e correu até o sofá da sala. Catra foi atrás dele. — Lo siento, no quise ofenderte. - a morena se desculpou e o gato miou em resposta.
O bichano desceu do sofá e pulou em cima da estante marrom cujo ficavam a televisão e alguns pertences menores de Catra. Então, encarou o porta retrato que estava posto ali, miando para o objeto. A mulher pegou a peça nas mãos, encarando a foto que estava ali.
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Burning Bridges | Catradora
FanficAdora e Catra são como almas opostas que, se fossem depender do tempo, jamais se encontrariam. Em meio a estudos, trabalho e nervos à flor da pele, tudo o que menos queriam era instabilidade ou emoções complexas. Não queriam grandes feitos, dores...