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Sufocamento emocional.

                           
Park Jimin

Sentia como se eu estivesse rodando em um loop mental infinito. Minha cabeça ainda doía, mas parecia que iria passar. Parece que eu dormi por praticamente mais de uma semana, meu Deus! Mas parece que foi só um acidente, de qualquer forma. Não pareço lembrar de nada, mas se Jungkook está falando, eu acredito. Ainda mais quando eu morro de medo de ver aquele líquido vermelho chamado sangue. Era aterrorizante para mim na infância e pelo visto, continua até hoje. Não queria descansar, afinal, estava muito bem descansado, parecia que dormira todas as noites que me faltavam. Adormecido por dias, mesmo adormecendo por apenas algumas horas. Relaxante, porém estranho, nunca me senti assim antes. Enfim, não quero desconfiar de Jeon, já que estamos bem próximos e sei que ele não faria nada para mim, ele apenas tentou me salvar. O corte estava ardendo um pouco, então tentaria não fazer muito esforço até me recuperar de forma total. Mas o tédio era gigante, estava me sentindo extremamente normal hoje, mas não no bom sentido. Queria algo para deixar meu dia mais emocionante, ou feliz. Queria tomar uma iniciativa, mas não tinha coragem de chamar o moreno para lugar algum, minhas palavras iriam sair totalmente atropeladas.

— Um parque abriu na cidade r-recentemente. — Dane-se. Já estava cheio de ficar nesta casa tão silenciosa por hoje.

— Ah, é? — Ele respondeu. — Isso é algum tipo de convite? Está me convidando para sair, Park Jimin? Temos um milagre aqui, amém!

— Não foi isso que eu quis dizer, interprete como quiser. Eu apenas queria me divertir, estou cansado de ficar aqui trancado, só quero um tempo fora para ver as pessoas e conseguir interagir mais. Estou me sentindo sufocado pela própria casa, uma energia ruim. — Explico, porém queria o chamar para sair também, só não queria admitir.

— Podemos ir agora, não? Está anoitecendo, aposto que este é o melhor horário. Podemos nos arrumar, tomar um banho. Quero dizer, posso tomar banho aqui, não é? Não sei se você se sentiria confortável comigo aqui, entrando no mesmo banheiro que você usa. Depende de você, posso ir em casa para tomar banho e voltar. — Tenta deixar a decisão para a minha pessoa.

— Claro que não me importo. Pode usar a vontade, mas eu vou tomar banho primeiro. — Lhe dou uma piscadela. — Então, se não se importa, vou levantar.

— Tome cuidado com o machucado no banheiro. Tente não molhar muito, pode arder mais. — Ele me dá um conselho, preocupado.

— Pode deixar, Kook.— Admiro sua fofura ao se preocupar sobre como me cuidarei.

Corro até meu quarto animado para buscar uma roupa que fosse certa e bonita o suficiente para a ocasião. Queria não parecer muito elegante, mas também arrumado o suficiente. Abri o guarda roupa e escolhi um conjunto de roupas pretas e brancas, básico. Jeans escuros seriam minhas calças hoje, adorava este estilo, acho que é exatamente o que é necessário para hoje, espero que Jeon goste. Quero dizer... Que eu seja bem visto por todos. Ah, Jimin... Você está parecendo um bobo apaixonado neste momento. Mas talvez eu apenas seja isto mesmo, e está tudo bem. Porém queria que isso que eu sinto fosse bem recebido por ele e devolvido com reciprocidade, que é o que procuro atualmente. Vendo agora, nem parece que estávamos quase batendo um no outro quando começamos a conversar. Até processo estava prestes a rolar. No entanto, nos resolvemos e sou grato por isto, já que teria perdido uma pessoa incrivelmente maravilhosa em minha vida. Pelo menos desta vez meu cérebro teve de pensar de uma forma inteligente e permitiu que ele ficasse, resolvendo não arrumar confusão no dia. Caso contrário, estaríamos na justiça agora, por motivos bobos. Pelo menos aquela coisa que nos observava e que se passou por mim parou de fazer isto, mas não sei até quando. Já faz uma semana que ela não aparece mais, espero que não dê mais sinais.

Com as roupas e uma toalha em minhas mãos, vou até o banheiro e fecho a porta após entrar. Coloco as vestimentas que vestiria após sair em um canto qualquer, que fosse longe dos lugares em que poderia molhar. Tiro minha blusa e toda o resto, até o pano enrolado em meu braço, vendo o corte. Não era muito extenso, mas era um pouco profundo, mas não parecia algo ameaçador. Então posso me curar em casa mesmo, sem problema algum. Sou um pouco desastrado as vezes, não presto atenção no que faço e então acidentes acontecem. Ainda bem que nada de pior aconteceu, ou eu já teria morrido apenas com o susto. Um pouco exagerado? Talvez, mas eu me assemelho a uma criança quando o assunto é se machucar: choro se preciso e coisas a mais. Minha sensibilidade talvez seja alta, mas faz parte de mim e eu já aprendi a conviver com este pequeno pedaço de personalidade que existe aqui dentro de meu corpo.

A água então desceu sobre meu corpo e então ele se esquentou. Ainda precisava de cuidados para não molhar tanto o meu braço lesionado, já que ele agora precisava ser protegido. Mantive-o distante da água então, apenas usando o outro braço para ajudar a água a passar em meu corpo. Meu rosto já estava completamente molhado e eu apenas precisava se uma boa limpeza para que todas as impurezas (inclusives espirituais) fossem embora. Já me sentia mais leve somente por ter o corpo numa temperatura elevada agora, então quando saísse seria melhor ainda. O sabonete foi passado por várias partes e eu me sentia muito melhor apenas por aquilo. Após esfregar todas elas e lavar os meus fios de cabelo, pude finalmente desligar o chuveiro. Suspirei, sentindo-me uma nova pessoa. Agora sim, estava pronto para ir, mais do que nunca. Me olhei no espelho e então sorri, vendo que meu cabelo ainda estava todo bagunçado. Não costumava o arrumar com frequência, mas hoje eu precisaria, pois eu estaria com a pessoa que mais está sendo importante para mim neste momento.

E eu não quero a decepcionar de jeito algum, nunca. Isso está fora de cogitação, neste momento e em qualquer outro.