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Espaço à sua volta.

                      
Jeon Jungkook

Já era outro dia e eu me encontrava no chão, apenas com aquelas mesmas três pessoas olhando para meu rosto, esperando que eu acordasse. Quando finalmente me coloquei de maneira que me sentisse confortável, chegaram mais perto. Não tinha certeza do que houve, mas espero que não tenha sido nada fora do comum ou ruim. Caso contrário, já não seria mais tão qualificado assim para concluir o que me foi pedido.

— Jeon, está tudo bem? — Pergunta-me o Tempo.

— Sim, está, eu acho. O que aconteceu comigo ontem? Foi tão estranho. — Tento relembrar claramente, mas não me vinha uma definição clara.

— Ah, isto é normal. As pessoas normais não estão acostumadas a ter tanto contato assim com o mundo sobrenatural, logo, seus corpos têm reações extremas, como desmaios ou até morte. Porém no seu caso você não vai morrer, já que as doses de habilidades que estão não são fortes. Então apenas tem que relaxar e ter em sua mente que, a cada momento, você irá se sentir fraco, conforme receber mais conhecimento, mas isso dura apenas algumas horas, então não se preocupe, você não irá ficar zonzo para sempre. Por exemplo agora, você já deve estar totalmente recuperado, apenas não sabe o que ocorreu para estar nesta situação. Você não será descartado ou desistiremos de você por isso, pelo contrário, pelo menos agora sabemos o que acontece com mortais quando os ensinamos sobre coisas além de seus conhecimentos. Mas cuidaremos para que você não passe por nenhuma situação de risco, portanto não pense muito nisto. Apenas temos que continuar o que estávamos fazendo, um de cada vez, rapidamente, para que não percamos tempo algum. Você quer algum tempo para pensar antes de ir para a segunda parte? — O homem tenta retirar uma resposta de minha pessoa, enquanto prestava atenção em qualquer coisa.

— Só me dêem cinco minutos, estou meio confuso. — Coloco minhas mãos sobre meu rosto, esfregando-o.

Foi uma experiência extremamente estranha, mas não ruim. Pelo visto dormi por todo o dia, porém para mim parecia que apenas havia me deitado em poucos segundos. Sentia um de meus braços doer um pouco, provavelmente por conta do jeito que estava dormindo, com a cabeça em cima do mesmo. Apenas precisava de um pouco de tempo para respirar e já estaria completamente pronto, já que não estava com nenhuma sequela do que passei ontem. Pelo menos eles se preocupam no mínimo a não me machucarem. Já que essa foi uma das doses mais fracas, não consigo nem imaginar a mais forte, deve me desintegrar por inteiro, não duvido de nada. Deve ser por este motivo que existem tantas perguntas e tantas faltas de respostas: se soubéssemos demais, poderíamos não aguentar nossas perspectivas de mundo sendo destruídas bem em nossa frente, já que ouvir a verdade quando se vive num mundo completamente repleto de teorias é uma total controvérsia. Irônico, não? Pensar que talvez possamos não saber de realmente nada sobre as coisas que acreditamos é realmente curioso, porém também me dá vontade de saber mais. Mas agora já sei que conhecimento demais neste âmbito, não é tão bom. Talvez tudo sobre isso deva ficar escondido mesmo, e está tudo bem com isto. Um dia, pode ser que sejamos apresentados à o que conhecemos como toda a realidade, completa. Mas apenas quando formos evoluídos o suficiente para isto, o que demorará.

Quando eu estiver livre de tudo isso, acho que minha visão sobre tudo e todos mudará, mas para melhor. Não sei como, mas isso abriu meus olhos já. Não devíamos ser tão egoístas ao pensar que apenas nossas opiniões estão corretas, enquanto há milhões de pessoas que por aí que têm pensamentos contrários e diferentes. A coisa certa a se fazer seria respeitar, apenas. Não importa o seu posicionamento contra aquilo (a não ser sobre assuntos que não devem ser discutidos, aqueles que já tem sua definição de certo e errado, que são realmente sérios). De resto, como as religiões, cada um pode discutir sobre, porém o respeito deveria existir mais. Humanos são muito orgulhosos as vezes, não consigo entender os raciocínios que os levam a pensar que são superiores, quando dependem de uma série de coisas para poderem existir. As vezes é patético olhar para a cara de alguém que apenas se sente num nível maior que todos por conta de bens materiais e posições sociais. Obviamente e infelizmente existem privilégios para certos tipos de pessoas, uns aceitáveis e outros que nem deveriam existir.

— Vamos, Jeon? — A imagem masculina a minha frente me convida, acordando-me de meu devaneio.

— Oh, claro. — Balanço a cabeça, acabando por o seguir logo após.

Ele me levou até aquele mesmo lago novamente e lá a sua beira nos sentamos. Ele pegou em minha mão e suspirou, começando um tipo de discurso.

— Para você, o que é espaço, Jeon? — Pergunta, mas era algo retórico. — Não, não responda. Tudo a sua volta é composto por espaço. Desde o espaço restante em sua casa, inutilizado até o seu quintal. Tudo possui um espaço, seja ele ocupado ou não. Então eu quero que você apenas sinta todo o espaço que você tem ao seu redor, como se ele pudesse se comunicar com você. Não é difícil, ainda mais porque estou aqui. Me diga, então, o que ele está dizendo?

— "Sinta". — Repito sua fala, um tanto quanto impressionado.

— Então faça isto, sinta! — Afirma, pegando uma de minhas mãos e estendendo para um lugar onde pude sentir um tipo de presença, que esquentou a palma de minha mão e gradativamente chegou até o meu corpo todo.

Mais uma sensação completamente nova e sem sentido, porém não era nada ruim. Estava sendo divertido, até. Mas eu sabia que ela me deixaria fraco em algum momento, então ela agiu como um sonífero desta vez, deixando meus movimentos lentos mais uma vez, mas desta vez não dormi e nem nada, apenas fiquei fraco. Talvez seja porque já possuía um tipo de conhecimento sobre o tempo, não sei. Mas agora meus pensamentos estavam bagunçados, oh céus. As vezes me pergunto o porquê de estar fazendo isso. Mas eu já sabia a resposta. Ele está me esperando.