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Correndo pela vida.

                         
Jeon Jungkook

A cena era de total tensão. Os três ao meu lado estavam olhando a criatura como leões olham para a sua presa. Apenas precisavam do tempo necessário para que ele chegasse em seu ápice de cegueira e ganância, que seria quando ele estivesse apenas a um passo de colocar suas mãos no item precioso. Era muito perigoso, porém não havia outra escolha, então apenas esperamos até que conseguisse chegar perto, já que estava tomando cuidado para não chamar a atenção daquele que "dormia" no trono neste momento. Tudo começou a ficar mais intenso quando a hora chegou. As três divindades ao meu lado se levantaram e então o derrubaram com suas habilidades inexplicáveis. O rosto que ele possuía era de ódio e não poderia estar mais bravo. Não sabia o que eles fariam a partir de agora, mas eu já estava fora de meu esconderijo, apenas evitando ficar muito próximo. Quando ainda estava sendo ensinado, eles disseram que usariam o latim para recitar algumas palavras que ajudariam-me a tirá-lo do corpo que não pertence. A explicação é que: o latim é uma língua praticamente ancestral, então há mais poder em sua grafia e tudo o que é dito nela tem mais chances de se realizar. Confuso, porém até que faz sentido.

— Sit creatura comprehendi, ex legibus naturae et fortunae et matrem. — Um ritual começa quando o diabo se junta aos três, provavelmente para causar mais efeito, já que fazia parte do equilíbrio universal também. — Corpus autem non potest convenire ei et dimisit ad mortal, et suscitabo verbum bonum quod exorcismus recitari.

Os olhos que eram vermelhos agora estavam ficando mais fracos, indicando que era a minha hora de agir, agora ou nunca. Já tinha a frase em minha mente e tudo poderia dar certo a esse ponto. Tirei então do meu bolso um objeto cortante (como uma faca) que eles disseram ser sagrada e especialmente usada para esse tipo de situações e então fui até o meio do círculo que eles formaram ali, ao redor daquele que era o centro das atenções no momento. Teria que fazer um corte no corpo de Jimin, não muito grande, mas o suficiente para o sangue sair. Peguei o braço da criatura e passei a faca por ele, fazendo um corte medianamente profundo. O vermelho do sangue então escorreu, indicando que tudo estava dando certo. Agora apenas precisaria recitar o resto das palavras, em minha língua nativa, o que completaria e daria o poder restante a tudo isso.

— A Brasa em seu corpo se apaga agora. Deixe a pele de meu amado que já foi possuída por ele, outrora. Aqui você não pertence mais e não tem mais sequer uma gota de poder, pois o exorcismo lhe retirará daí, mesmo sem perceber. — Acabo e então o corpo começa a tremer, como se estivesse num estado de convulsão. Logo, o sangue que era vermelho, se tornou laranja, o que julguei ser a criatura, saindo por onde entrou.

Estava feliz que tudo se completou da maneira que era para ser: corretamente. Acho que agora não havia mais perigos ao nosso redor, pelo menos eu espero. Essa foi uma das coisas mais loucas que já aconteceu em minha vida. Minhas mãos estavam molhadas e eu estava gelado. O nervosismo me deixou desta maneira, mas apenas precisava de um pouco de ar puro, que não fosse daqui, para respirar.

— Jeon, pegue o corpo de Park e leve-o para longe daqui. Teremos que banir essa peste daqui, e ela está raivosa e pode fazer algo a vocês. Apenas abra os portões e siga em frente. Lembre-se de não olhar para trás, em nenhum momento. Ele acordará em algumas horas e não se lembrará de nada, prometemos isso para você. Os momentos de tortura serão apagados das mentes de todos, agora que o equilíbrio foi restaurado. Você foi de extrema importância, somos eternamente gratos a você por ter aceitado vir até aqui. — A divindade se despede rapidamente, falando de uma forma muito rápida.

Peguei o loiro em meus braços e então cruzei os portões, quase que com os olhos fechados. Não podia olhar para trás, nunca, deveria lembrar disto. Se eles me avisaram, obviamente tem um motivo, então não irei desobedecer. Era difícil andar segurando alguém, mas eu estava indo bem. Seus olhos estavam fechados e agora não tinham sinal algum de maldade, apenas a angelical face que eu adorava tanto. Espero que ele esqueça apenas sobre estas coisas místicas, e não sobre mim. Espero que eles tenham garantido isso, pois não quero passar por tudo isso para ter que deixar de estar na vida dele, apenas como um desconhecido. Enfim, apenas corri mais até a saída do local, que levava até um tipo de porta. Era possível ver minha realidade através dela. Fechei os olhos e então passei por ali e, quando vi, já estava na casa de Jimin, novamente. Seu braço ainda sangrava um pouco, então teria que arrumar um curativo e uma boa desculpa para isto, já que ele não sabe de mais nada em relação a isso. Com um pouco de água, limpei certas partes de seu braço e com um pano e mais algumas coisas, improvisei um curativo. Espero que isto sirva.

                             
  xxx

Depois de umas horas, estava ainda pensando na loucura que passamos, até que ele resolve acordar. Seus pequenos olhos destacados pelos seus cabelos loiros se abriram, já numa expressão confusa e eu apenas sorri como se não houvesse amanhã.

— Jungkook? O que houve? Por que eu estou com esse pano no meu braço? Minha cabeça dói... Não lembro de muita coisa, eu dormi bastante? — Coloca a mão em sua cabeça.

— Bom dia, dorminhoco. — Tento brincar. — Não foi nada demais, você apenas apagou depois de cortar seu braço na cozinha com aquela faca enquanto fazia o almoço. Você realmente tem medo de sangue, haha. Então eu cuidei do seu corte, e agora você acordou.

— Meu Deus, não acredito que eu desmaiei por ver sangue. É um medo que não tenho há tempos, mas parece que está voltando, agradeço por você ter me salvado. — Ele sorri.

Ótimo que ele não tenha desconfiado, pelo menos ele não me acha suspeito. Eu espero...