Pânico.

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Jeon Jungkook

Após pegar o meu carro, dirigi em velocidade máxima até a casa de Park. Não podia sequer parar por um segundo. Uma boa parte de nossas vidas poderia ser destruída pela força que ele tem dentro de si agora, eu só precisava que ele não usasse nada contra a cidade, pelo menos não até eu conseguir chegar perto do mesmo. Após estacionar perto de uma das calçadas, vi que sua casa sua casa estava em chamas. Droga... Ele já chegara, antes de mim. Como o seu portão já estava destruído por conta da temperatura extrema que passara pelo local, tentei ser cuidadoso para poder entrar. Desviei do fogo e pulei algumas partes derretidas do ferro que se espalharam pelos cantos. A porta, as paredes e até o teto estavam completamente destruídos e eu só podia lamentar por Jimin, que era quem sofreria por essas consequências de coisas que não fez. Vi alguns dos vizinhos assustados por conta do fogo, olhando para a minha cara, como se me avisassem para não entrar. Ignorei eles, porém não deveria. Após conseguir passar por todos os obstáculos, lá estava eu, de frente para a porta, totalmente acabada por conta da criatura.

Quando entrei, me deparei com ela, ainda dentro do corpo de Jimin. Provavelmente, por sentir meus passos, virou-se para mim, com seus olhos profundos e vermelhos e sua cabeça tombou para o lado, me dando um sorriso maléfico. Meu corpo todo estava cheirando a medo, mas isso não iria transparecer, não iria deixar que ela visse isso. Andando devagar, veio até mim, parando quando estava cerca de um metro de distância. Apontou para o meu rosto e soltou uma risada.

— Você foi o perdedor desta vez, Jeon. — Tirou Brasa de seu bolso. — Fui eu quem ganhei desta vez e você foi quem perdeu o seu namoradinho e a pedra. Você é um perdedor! PERDEDOR!

Sua fala ecoava em minha mente como um terremoto. Tive que me segurar em uma das paredes para não perder o sentido. Não iria responder nada, não queria lhe dar motivos para me infernizar mais do que já estava. Apenas estava esperando que ele dissesse mais coisas, porém ele apenas ainda me olhava, com os glóbulos vermelhos mais horrendos do mundo. Eu ainda via Jimin ali, porém somente um pouco. Me parecia que ele estava sendo consumido em seu próprio corpo, mas que ainda estava ali, só não estava bem e estava fraco.

— O líquido fez com que eu entrasse em seu corpo. Eu apenas precisava observá-los por uns dias até que eu achasse o jeito perfeito de entrar neste corpo, que é o de seu companheiro. Era perfeito: frágil e forte, ao mesmo tempo. E será aqui que me manterei por um bom tempo. — Saiu de perto. Eu estava com o maior ódio que já sentira em toda a minha vida.

Era ele, então. Ele, por um motivo, precisava de Jimin para conseguir Brasa. Ou ele veio por conta de que Park tocou nesta maldita pedra... Eu deveria ter me livrado dela quando tive a chance, mas agora estou completamente condenado porque ele foi possuído por um monstro que nem sei o que é.

— Deixe Jimin em paz. Ele não merece isso. Aliás, quem é você, de verdade? — Indago, levantando meus olhos até ele, mas ele não estava mais lá. Apenas fogo e mais fogo. Tive de sair antes que a casa desabasse em cima de minha pessoa. Ainda estava atordoado, mas, quando olhei, os bombeiros se faziam presentes do lado de fora. Provavelmente foram chamados pelos vizinhos. Saí, cheirando a fumaça, porém ainda estava bem. Pelo menos não intoxicado, ainda.

— O que estava fazendo aí dentro, senhor? Há um incêndio ocorrendo, se não percebeu. — Um dos fardados com a blusa dos "apagadores de fogo" me disse.

— Sim, está. Apenas conferi se ninguém estava lá dentro, nada demais, já que nem vocês mesmos resolveram entrar. Alguém tinha de se preocupar. — Indiretamente, o lanço um olhar de deboche, e ele se mantém quieto.

Passei por eles, não ligando para suas presenças e tentei o mais rápido ir até o meu carro. Destranquei as portas, coloquei-me dentro do mesmo e girei a chave, fazendo com que ele ligasse e então segui meu caminho, sem dar satisfações para ninguém se estava bem ou não por conta da fumaça que havia inalado. Isso era o menor problema agora, eu precisava ir atrás de Jimin, ou daquela coisa que estava dentro dele agora. Não sabia ainda se tinha um plano ou não, ou para onde ela teria ido, porém uma coisa era certa: não iria para tão longe. E, mesmo se fosse, nenhum lugar era tão longe que eu não pudesse chegar até ele. Estava com os pés em meu acelerador, pisando fundo. E enquanto olhava pelo vidro de meu carro, via o caos começando a se instalar. Incêndios em certas partes arbóreas da cidade estavam sendo iniciados e em algumas casas, não era diferente. Esta coisa chegara para destruir tudo pela sua frente e se não fosse parada o mais cedo possível, talvez o mundo todo fosse afetado. Não estou pensando na pessoa que gosto, que está sofrendo com uma criatura desconhecida em seu corpo, mas sim também em todas as famílias que serão afetadas por conta desta merda. Não poderia estar pior agora, mas poderia piorar. Isto sequer faz sentido, mas minha mente não sabia nem pensar em algo.

As ruas estavam sem ninguém andando nelas. Carros, pessoas ou crianças. Nenhum sinal dos mesmos por aqui, isso estava me assustando em níveis incontáveis, era como se eu estivesse vivendo em um cenário pós apocalíptico, sem nenhuma pessoa restante.  Espero que ninguém tenha se ferido até agora, eu me sentiria muito culpado se alguém fosse machucado por conta de uma coisa que eu sei do que se trata. Mas não é totalmente culpa minha, já que eu nem sei como resolver. Espero que tudo isso se resolva de algum jeito, no fim. Se não, essas cicatrizes se manterão por muito tempo, até serem consertadas. E mesmo se forem, ainda restarão memórias na cabeça de todos que viveram os momentos de pânico.

Isso está virando um verdadeiro filme de terror.

brasa• jjk+pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora