Inocência computacional.

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Jeon Jungkook

Eu não sabia no que acreditar. Ao mesmo tempo em que ele me parecia convincente demais, ele também se assemelha a alguém que poderia estar mentindo somente para ganhar a minha confiança e depois me trair, me matando apenas para que eu não contasse a ninguém seus podres segredos. Nunca me senti desta maneira, estava estressado ao ponto de explodir, era como se, na minha cabeça, existissem bombas que estavam armadas e contanto apenas os segundos para que fizessem a minha mente se desintegrar somente com todas essas informações. A decisão que eu tinha que tomar agora era imensa e muito, mas muito confusa. Não sei se deveria ir atrás de um advogado apenas para me prevenir de que ele faça algo comigo ou se confiaria em meu sexto sentido e me deixaria levar e ir com ele, tendo em mente que ele pode acabar comigo por completo nesse pouco tempo. Ele não parecia ser alguém que faria mal para uma outra pessoa, mas as aparências podem se enganar. Não quero me deixar levar apenas por um rostinho bonito e umas feições simples que qualquer um pode fingir.

— Eu só falo na presença do meu advogado. — Me decido, sendo firme e ele ergue uma de suas negras sobrancelhas para o alto, me fazendo sentir levemente intimidado.

— Não necessitamos de advogados, eu já disse que quero te ajudar a encontrar esse cara e, quando encontrarmos, nós o processamos juntos, tendo mais chance de fazer esse império dele cair de vez. Ele está achando que está mexendo com pouca coisa, mas eu não vou deixar isto ficar barato, ele vai pagar! — Tentava me convencer e estava indo pelo caminho certo.

— Bem, mas para que eu acredite em você, me apresente uma prova de que você não estava me observando todos esses dias como um psicopata. Só lhe acompanho se você tiver um álibi consistente e perfeitamente encaixado em suas mãos. — Desafio-o.

— Bem, não seja por isso. Tenho testemunhas e até registros computacionais de que estive aqui nos últimos dias por quase vinte e quatro horas. Estou trabalhando em projetos novos, o que toma muito de meu tempo, significando que eu não tenho isso tudo para ficar atrás de você, te olhando em sua casa, já que é isso que você quer tanto saber. O que acha? Ainda quer ver as provas ou basta a minha palavra? — Pergunta, chegando mais perto e eu me sinto nervoso.

— Bem, estou suspeitando de você, então não posso acreditar se você apenas fala. Me mostre o que tem! Quero essas provas verdadeiras logo, aqui em minhas mãos. — Mantenho a postura, ordenando-lhe.

Ele leva uns minutos em seu computador e imprime os registros dos horários em que ele o usou, através de um programa que havia instalado ali. Ele pega o papel sulfite e coloca em minhas mãos, esperando que eu o analise. Coloco os meus olhos sobre aquilo de forma lenta, fazendo um scan visual e vendo que, realmente, enquanto eu estive em casa, ele estava acessando programas para terminar seus projetos. Talvez eu esteja realmente errado, mas agora terei que aceitar a sua verdade e o acompanhar, sem reclamar. Ainda tenho a opção de chutar o balde e ir embora, mesmo ele tendo dito todas essas coisas tão verdadeiras (ao menos é o que parece), mas isso seria uma hipocrisia gigantesca de minha parte.

— Tudo bem, eu aceito fazer esta investigação contigo. Porém, não significa que não deixarei de manter meus olhos em você. Não quero que tente me eliminar de seu caminho apenas para que eu não te processe. Tome cuidado com o que faz, Sr. Park. — O ameaço de maneira despercebida.

— Acha mesmo que se eu quisesse de você, já não teria feito isso enquanto você lia os papéis, distraído? Se toque, tenho uma vida longa pela frente e objetivos para cumprir, e tenho certeza de que ser preso não é um deles. Tenho pavor de cadeia e do que eles podem fazer comigo lá dentro, coisas horríveis e inimagináveis. Só Deus sabe... Enfim, começaremos a nossa procura ao stalker em breve, mantenha-se preparado e me passe o seu número para que eu possa te ligar ou te mandar mensagens, marcando nossa próxima conversa.

— Eu não sei o meu número completamente e estou sem o meu telefone no momento, você pode escrever e me passar o seu? — Enquanto batia os pés contra o chão, levei esta pergunta de minha boca até os seus ouvidos, os quais captaram a mensagem rapidamente.

Em passos pequenos, porém rápidos, ele pega o seu bloco de notas e uma caneta, escrevendo o que eu o pedi, logo arrancando o pequeno pedaço de papel e me entregando de jeito sorridente. Acho que nossa conversa estava no fim, apesar de eu não querer acabar por aqui. Tinha que me despedir, querendo ou não.

— Bem, até outro dia. Eu te mandarei uma mensagem hoje e podemos conversar melhor sobre o que quiser. — Aperto as suas mãos e ele apenas diz um "obrigado a você por vir".

Saio da sala, ainda muito embaralhado por dentro, por conta de muitos fatores, infinitos. Não sabia o que tinha em minha cabeça agora, mas não era nada tão claro, mas sim apenas coisas não explicadas, teorias que eu preferia apenas deixar de lado para que não me bagunçassem mais do que eu já estava. Os meus sapatos apertavam os meus pés, o que causavam incômodo frequente, também me fazendo quase os tirar em meio àquele edifício de vidro no qual eu me encontrava. Apenas não fiz isso pois ainda tento manter o mínimo de ética e bons costumes em lugares públicos, sem contar o fato de que a minha educação é muito boa para que eu chegasse neste ponto. Talvez o Sr. Park me acusasse de louco por isso. Não que eu me preocupe com o que ele pensa, mas seria estranho para mim saber o que ele vê em minha pessoa. Me senti completamente tensionado por ele, ele exala intimidação, era como se ele tivesse algo em seu olhar que o fizesse parecer julgador a qualquer instante e isso me dava medo as vezes. Mas eram aqueles mesmos olhos em que eu vi um pouco da verdade.

brasa• jjk+pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora