As mãos delicadas e pequenas de Beladonna seguravam com força o guarda-corpo de madeira. Ela estava nas pontas dos pés e com o corpo levemente inclinado para frente, admirando o máximo que conseguia das escadarias do velho edifício. Piscou os olhos algumas vezes, tentando compreender a cena que acabara de presenciar e as informações lançadas pelo detetive Sherlock Holmes.
— Bela! — John a chamou tocando seu cotovelo com ternura. — Posso te chamar assim?
— Claro! — Assentiu a mulher regressando a realidade e desencostando do guarda-corpo. — É melhor que Beladonna.
— Creio que devemos ir andando. — Ele gesticulou apontando para os degraus que conduziam de volta ao térreo.
— É, os dois devem estar nos esperando. — Ela coçou a nuca e o acompanhou. — Até mais, oficial Houston Lestrade.
— Greg! Meu nome é Greg. — Revelou o detetive inspetor acenando para Bela de dentro do quarto com o cadáver. — Sherlock nunca acerta meu nome.
— Oh! Okay, desculpe. — Pediu Bela mordendo o lábio inferior.
— Vamos, Bels. — Chamou John sorrindo sem mostrar os dentes. — Antes que os dois resolvam nos matar.
— Certo! Não queremos ver Sherlock Holmes e Dominique Hudson irritados com nosso atraso. — Brincou Bela rindo baixo. — Você quer, hum... Não sei. Ajuda?
Ao fazer a pergunta Beladonna não conseguiu olhar dentro dos olhos do John, gesticulava com uma das mãos enquanto com a outra coçava a nuca demonstrando nervosismo. Estava com medo de que aquele tipo de pergunta soasse como uma ofensa ao ex-soldado.
— Beladonna... — John começou a dizer em tom irritadiço, mas ao notar a falta de jeito da mulher compreendeu que ela estava apenas tentando ajudar e amenizou seu tom de voz. — É muito gentil da sua parte, mas não precisa se preocupar. Eu e minha perna estamos bem, aguentamos alguns lances de escadas.
— Oh! Então tudo bem. — Ela sorriu bondosa e colocou as mãos no bolso.
Lentamente os dois desceram as escadas em silêncio. Vez ou outra John olhava para Bela e sorria gentilmente, estava preocupado com a saúde mental dela naquele momento. Era visível para qualquer tolo que Beladonna nunca havia ficado tão próxima de um cadáver, principalmente quando este era o cadáver de uma pessoa assassinada.
— Eu também estou bem, Dr. John Watson. — Confessou Bela começando a se incomodar com os olhares pesarosos lançados pelo médico. — Um pouco assustada, mas nada que não posso aguentar. Vi pessoas vivas em pior estado.
— Você é enfermeira? — Perguntou John curioso.
— Não, sou professora de educação infantil. — Ela riu baixo. — Mas faço trabalho comunitário. Assim como você eu também já sai do país, a diferença é que fui salvar pessoas ao invés de mata-las.
— Eu era um médico militar então, tecnicamente falando, também ajudei a salvar pessoas. — Ela semicerrou os olhos e sorriu fraco, Beladonna soltou uma risada bem-humorada. — Para alguém que trabalha com crianças, seu humor é um pouco pesado.
— Desculpa! Costumo alfinetar as pessoas quando estou nervosa. — Ao alcançarem o térreo, Beladonna começou a retirar o EPI.
— Fazer o que? Ninguém é perfeito. — John deu com os ombros e fez o mesmo que Beladonna.
— São as nossas imperfeições que nos tornam humanos. — Bela citou enquanto jogava o EPI no local destinado para eles.
— É uma senhorita admirável, Bela — Elogiou John sorrindo sincero ao ouvir a citação.
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𝐄𝐋𝐄𝐌𝐄𝐍𝐓𝐀𝐑 ──── Sʜᴇʀʟᴏᴄᴋ
ФанфикшнApós terminarem suas respectivas faculdades, as amigas de infância Dominique Hudson e Beladonna Sherwood mudam-se para Londres a fim de iniciarem uma nova vida na capital da Inglaterra. As garotas conseguem abrigo na casa da senhora Hudson, uma mulh...
