Leveza

203 26 31
                                    

Oi meus amores, voltei.
Deixo avisado que esse capítulo tá bem boiolinha - essencial para o início real de ralicia. Aviso também pra que vocês aproveitem esse porque depois já vem mais dor e sofrimento.
É isso, boa leitura <3
~~~~~~~~~~~~

Sábado, 10h

Alicia já estava de pé há duas horas. A noite demorou a passar - não só pelo plantão sem novidades - porque ficou pensando se deveria ou não fazer o que seu coração gritava. Ela não entendia dessa parte do corpo, ela não entendia muito de sentimentos. E principalmente, não sabia porque tinha se deixado levar tão facilmente. Vocês devem estar pensando que ela ainda não se abriu nada e que não tinha como ela se sentir tão exposta. Mas qualquer avanço de relacionamento ela se sentia exposta. Qualquer toque ou olhar a desestabilizava. Não era comum ela sentir nada mais que estresse, ansiedade ou, no máximo, um início de cuidado com os pacientes. Mas em geral, não era comum ela sentir coisas boas. E isso a assustava. Mas depois de muito refletir ela chegou a conclusão que queria. Comissário a ajudou a decidir. Olhar para as pupilas do bichano fez com que ela tivesse certeza que seria correto. Ela pegou o telefone e navegou nervosamente até a letra que ela queria. Apertou para ligar e sentiu o suor se formar na testa, o estômago revirar e o coração bater descompassado. Quase desligou após chamar uma vez e não obter resposta, mas ainda bem que não o fez.

- Ciao, Alicia.

- Ciao, Raquel, tudo bem?

- Tudo sim, e com você?

- Não... Quero dizer, sim. Estou bem. Como vai a Paula?

- Está ótima, hoje acordou disposta.

- Fico feliz. - Alicia pronunciou com um sorriso no rosto.

- Mas a que devo a honra de sua ligação?

- Eu queria... Eu quero convidar vocês para tomar um sorvete, é... um sorvete..

- A Paula vai amar. Que horas?

- Pode ser 14h. Quer dizer, se pra vocês não tiver problema, se vocês estiverem livres...

- Estamos sim, Alicia, não se preocupe. Nos vemos às 14h então.

- Sim, com certeza. No parque, pode ser?

- Perfeito. Até daqui a pouco.

- Até, Raquel.

Alicia estava suando frio. Assim que desligou, soltou o ar que nem sabia estar segurando e respirou fundo novamente. Era novidade todo e qualquer sentimento que chegava forte demais. Mal ela sabia que Raquel estava do mesmo modo, tentando controlar a respiração descompassada que fazia seu coração bater mais rápido. Murillo foi avisar a filha sobre o passeio de mais tarde e a menina só faltou pular de euforia. Só não o fez porque ainda não tinha forças suficientes para isso, mesmo que estivesse mais disposta. 

Paula realmente gostava de Alicia e ninguém entendia o porquê disso. Ela se sentia segura com a médica e isso era o que bastava para as três, já que Raquel adorava essas interações. Ela arrumou a menina com uma calça legging cheia de bichinhos e uma blusa preta de manga comprida e um casaco também preto. Logo elas foram almoçar e a garota nunca almoçou tão rápido na vida por causa da ansiedade. Ficou andando de um lado pro outro e assistindo desenho, esperando que a hora passasse mais rápido, mas isso não acontecia. E cabeça dura como era - cabeça, cérebro, entendeu? - teimou em ficar na janela porque sentia que a médica iria buscá-las mesmo com as mulheres tendo combinado de se encontrar no parque. 

Alicia estacionou na casa de Raquel às exatas 13:43 e nem precisou tocar a campainha. A menina falou alto o bastante para que Sierra ouvisse a voz falando sobre sua chegada. Apesar disso, ela ainda enviou uma mensagem para o celular de Murillo avisando estar na porta. Não recebeu respostas eletrônicas, porém a resposta visual foi melhor. Não precisariam ousar nas vestimentas, já que o programa seria totalmente frívolo. Ela mesma tinha escolhido uma calça cargo azul e uma blusa de meia manga branca com uma jaqueta jeans por cima. O cabelo vermelho preso num rabo de cavalo alto e sem nenhuma maquiagem, apenas o sol evidenciando os olhos e sardas. 

FragmentoOnde histórias criam vida. Descubra agora