Sentimentos

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Oi, meus amores. Sei que demorei mas voltei. Espero que gostem desse capítulo com uma leve introdução de personagens e mais interações.

Boa leitura <3
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Esgotada. Alicia estava esgotada. Mas também estava feliz num nível imensurável. Há tanto tempo ela desejava voltar à ativa em grande estilo e o Hospital só a entregava casos relativamente fáceis. Mas cá entre nós, Alicia era a melhor. Ela também sabia disso. Não que ela negasse as outras cirurgias, longe disso, porém ela precisava de emoção, adrenalina. Ela precisava ajudar a viver e se sentir viva ao mesmo tempo. Agora sim ela tinha mais motivos para continuar. Certamente estava feliz também por ter mais ou menos reparado um erro do passado, por Paula estar bem. Se vocês bem lembram, eu disse que ela conseguiria. 

Respirando aliviada, fez a tensão sair junto com o exalar de ar. Precisava de uma massagem. Ou talvez um carinho de Comissário. Ou ambas as coisas. Mas ela não conseguiu nem pensar na possibilidade de ir para casa aquela noite. Pois bem, a cirurgia tinha sido um sucesso, mas o que a preocupava era a biópsia e a quantidade restante de tecido do tumor. A garotinha era muito forte, disso ela tinha certeza, e Alicia faria o possível e impossível para vê-la bem. Talvez fosse mais difícil de falar com Raquel, afinal ela era a mãe e a pequena só tinha dez anos - ainda incompletos. 

Porém você deve estar se perguntando: o resultado da biópsia não sairia apenas no dia seguinte? Sim, caro leitor, mas Alicia sofria em antecipação com tudo. Queria ter toda e qualquer resposta pronta para as situações, fossem elas quais fossem. Se preparava, se confrontava, se encurralava em perguntas até mesmo absurdas. Mas queria estar preparada e saber lidar com qualquer coisa dentro ou fora de sua zona de conforto. Talvez por isso ela fosse a melhor: ela sempre sabia o que fazer. 

Não ter controle era algo totalmente fora de cogitação. Quando decidiu seguir a carreira de neurocirurgia e se tornar a referência dos próximos que viriam, ela sabia que teria que controlar. Isso não era problema, na verdade ela gostava. Desde muito pequena, Alicia sempre tinha sido a líder em jogos de escola, campeonatos de luta ou aluna destaque na faculdade. Pensando em seu enorme e turbulento percurso, ela acabou adormecendo sentada na cadeira de sua sala-escritório. Infelizmente o sono foi interrompido por uma chamada no celular. Achou que estivesse tendo um pesadelo ao ler o nome na tela e pensou em não atender, mas sabia que ele insistiria e ligaria 30 vezes se fosse preciso. 

- O que você quer, Pietro? 

- Alicia, vamos conversar... Por favor.

-  Eu não tenho nada mais para discutir com você. 

- Você tem roupas aqui em casa ainda. Passe para buscá-las e conversamos como duas pessoas civilizadas. 

- Primeiro: queime as roupas, doe-as, sei lá, me ne frega un cazzo aquilo que você vai fazer. Segundo: vaffanculo com a história de civilidade. Você não tem vergonha de usar essa palavra depois de tudo o que você me fez? Pela última vez: me deixe em paz. 

Ela encerrou a ligação e colocou o celular no modo silencioso. O dia estava indo tão bem até o momento, mas sempre seu ex-marido estragava tudo. Ele era especialista em tornar dias ruins. Ela tentou voltar a pegar no sono mas a ligação a tinha estressado fortemente. Resolveu caminhar um pouco para espairecer. A noite era de lua cheia e os cinco cigarros foram consumidos em uma velocidade inimaginável. Sua vida poderia estar bem mais leve se o homem decidisse assinar logo os papéis do divórcio. Pietro dava desculpas esfarrapadas há meses e Alicia já estava sem paciência para aturá-lo. Ele os assinaria por bem ou por mal. 

Retornando ao Hospital ela já estava mais cansada. Voltou para sua sala e deitou "confortavelmente" no sofá de dois lugares. Sua mente vagueou um pouco pelos acontecimentos do dia até chegar em Paula. A menininha trazia uma paz inexplicável para o coração de Alicia, mas quando ela adormeceu novamente, outra pessoa entrou em seus leves sonhos.

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