Confusão

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Oi, meus amores. A tia voltou, tá passada?
Eu sei, eu sei, eu demorei MUITO, mas o importante é que tô aqui rs.
Não vou me prolongar e vamos direto para o capítulo de hoje.
Aproveitem a história ♡

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Alicia não acreditava nas coincidências da vida, mas aquela estava sendo demais. Se pegou pensando que seria inacreditável demais até mesmo para Raquel, que sempre se mantinha atenta aos sinais que o universo mandava. E quando entendeu que seu pensamento flutuou direto para a outra, preocupou-se. Foi tão automático quanto correr para socorrer alguém que gritava seu nome. Queria ligar para ela com a desculpa de saber de Paula, mas sua mente a impedia e entrava em conflito com os sentimentos e o coração acelerado. Deitada no colchão com Comissário aninhado em seu peito, os pensamentos não a deixavam descansar por sequer um minuto. A mente dela funcionava tão rápido que ela já não sabia mais o que estava refletindo há segundos atrás.

Não tinha ideia da hora que finalmente pegou no sono, mas estar com o gato dava um conforto tão grande - o único que ela tinha, já que só podia contar com ele. Estava cansada de tudo. De a cada hora descobrir algo em Paula. Da profissão que já não parecia mais emocionante. Do ex-marido que enchia o saco todos os dias. De Raquel. Como estava cansada dessa parte que se referia aos seus sentimentos. E a noite dela era tão agitada... ela não conseguia ter sonhos bons ou apenas não sonhar. Parecia algo impossível para Alicia. Ela já não sabia se a palavra "descansar" existia no dicionário interno. 

Na manhã seguinte, ela parecia ainda mais cansada do que quando foi dormir. Evitava olhar as redes sociais há muito tempo para não ter gatilhos com a ansiedade. Mas algo pedia para que ela desbloqueasse o celular. Uma intuição estranha que ela nunca tinha sentido antes. E assim ela o fez, mesmo sem dar muita importância. Teve de apertar os olhos por causa da claridade do aparelho e fez uma nota mental de deixar o brilho sempre no mínimo. Então ela precisou apertar os olhos novamente para ter certeza que estava vendo certo o nome das duas pessoas que lhe haviam mandado mensagem. 

[20/05, 01:36] B.Sartori: O que tem a Raquel? 
[20/05, 01:36] B.Sartori: Ela tá bem?

[20/05, 06:08] Raquel: Oi, Alicia. Podemos conversar?

Só podia ser uma brincadeira - e de muito mau gosto, vamos combinar. Sabemos que ela não acreditava em acaso e nem karma, mas que isso era um aviso ninguém pode negar, né? Ela respirou fundo antes de responder as conversas. A vontade de dormir o dia inteiro estava chegando rápido e, se não fizesse algo logo, provavelmente se renderia aos braços de Morfeu, deixando-se ilusionar pelo reino dos sonhos. Tomou coragem e abriu a primeira conversa, a de Murillo. Ficou um certo tempo parada antes de começar a digitar. O coração batia forte ao ver o online insistente que não desaparecia. Sabia que não teria como fugir daquilo...

[20/05, 07:12] Alicia Sierra: Oi, Raquel. Um bom dia é sempre bem-vindo também. Me encontra às 14h na cafeteria em frente ao Hospital. Paula está bem?

Não esperou resposta ao enviar a mensagem e partiu para a outra conversa. Aquilo seria ainda um pouco mais difícil do que ela poderia esperar. Ela não achou que tivesse algum tipo de resposta de Sartori, pelo menos não de modo tão rápido assim. Teve que tomar outra dose de coragem para dizer algo à menina, mas sem se expor. O ruim é que elas se conheciam há muito tempo. Mesmo que Alicia mentisse dizendo que não era por nada, a outra saberia e insistiria até Sierra contar o que a estava incomodando. Essa conversa seria outra que ela não teria como fugir, nem se tentasse. 

[20/05, 07:14] Alicia Sierra: Ela está bem, Bea. Não é nada demais... Só achei curioso ela ter citado seu nome.

Sim, Alicia continuaria fazendo o jogo do desinteresse mesmo sabendo que Beatrice não sossegaria até saber o que realmente estava acontecendo. Mas isso é história para outra hora, já que a médica estava quase se atrasando para começar o expediente. Com certeza o dia seria cheio, já que ele tinha começado com essas duas bombas - que, diga-se de passagem, estouraram bem na cabeça da ruiva. O frio atípico daquele final de primavera a fazia querer ficar em casa aninhada com seu gato, o que parecia uma ideia muito mais aconchegante que as paredes frias de um Hospital e o branco infinito, junto aos rostos cansados e preocupados dos familiares. Realmente, aquilo era uma lástima. 

FragmentoOnde histórias criam vida. Descubra agora