Problemas

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Oi, meus amores!

Eu tenho demorado muito, me perdoem. Esse capítulo tá um pouquinho maior e tá um pouquinho menos dolorido hahaha

Espero que vocês gostem

Beijos e boa leitura <3
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Parecia que havia passado um caminhão, um trator e uma máquina agrícola em cima de Alicia. Ela não costumava se sentir tão derrotada às segundas-feiras, mas aquela, em especial, desejava já ter se aposentado. Claro, ela ainda era muito nova para isso. Queria fingir estar doente para não ir trabalhar, só que talvez a desculpa não fosse tão boa. Não adiantaria fugir daquela situação por mais tempo e, talvez, ela não quisesse. Ela só não queria ver "certas pessoas", mas a criança mais doce do universo estava esperando por seus cuidados e não tinha nada a ver com o não-relacionamento das duas mulheres. 

Com muito custo, Alicia se levantou. Não demorou só porque a situação era atípica, mas estava mais frio e Comissário encontrava-se aninhado em seu peito. Para quem não gostava de gatos no começo, ela era muito apegada a ele agora. Talvez por serem só os dois na vida um do outro. Talvez porque ela enxergasse algum tipo de conforto nele. Ou talvez porque ela gostasse do bichano, mesmo que não admitisse isso. Contemplou-o por alguns minutos antes de seguir para o banho e demorar por ali também, deixando a água quente levar embora tudo aquilo que ela sentia. Quase como se pudesse escorrer também todo o cansaço emocional. 

Claro que isso não seria possível. Existe algo possível na vida de Alicia Sierra por acaso? Vocês já sabem, a resposta é não. Mas ela tinha que continuar vivendo, pagando os petiscos do gato, seus boletos e contas que não paravam de chegar. Ainda sem vontade, vestiu sua roupa e entrou no carro em direção ao Hospital. As músicas do rádio não ajudavam, mas ficar no silêncio era pior ainda. Seus pensamentos gritavam mais do que qualquer palavra de outro motorista quando ela passou no farol vermelho. Apesar da tempestade que ela era, o caminho foi tranquilo. Mas a paz não é eterna e ela se sentiu no meio de um furacão ao chegar em seu local de trabalho. Um furacão loiro e com olhos cor de mel, com um nome que, infelizmente, saía como uma música, e uma filha que era a única salvação em tudo aquilo. 

Ela respirou fundo antes de dar mais alguns passos. Parecia estar se preparando para uma batalha em um território desconhecido, o que não era de todo mentira. E aquilo doía, porque Alicia não gostava de perder. Talvez doesse mais no ego dela do que no coração. Mas ela também não desistia fácil. Sierra era uma ótima jogadora, só jogava quando sabia que podia ganhar. Pigarreou assim que chegou mais perto das duas, que estavam sentadas e entretidas no joguinho de celular idiota. A médica reprimiu um sorriso ao ver Raquel mais animada que Paula e voltou à sua postura séria, friamente calculada para dar os melhores sorrisos somente voltados para a garota. 

- Buongiorno. 

- Tia Alicia!

Tia Alicia. Por mais que Raquel estivesse consciente de que a médica chegaria uma hora ou outra, ouvir aquele nome fez um arrepio subir pelas suas costas. E a fez morrer no joguinho idiota. É que a voz rouca e séria da ruiva a fez lembrar do primeiro dia. E talvez ela estivesse perdida demais em pensamentos para proferir alguma palavra. Apenas os olhos se voltaram e, ainda assim, não conseguiu encará-los por muito tempo sem se sentir envergonhada e quase ameaçada. Alicia era uma exímia caçadora e Raquel tinha pleno entendimento que, ou corria pra sobreviver, ou se deixava ser pega. Infelizmente, ela não tinha certeza do que queria naquele momento. Felizmente, Sierra sabia. 

- Vamos, pequena? - Disse a médica olhando para Paula e segurando na mão dela. 

A menina apenas assentiu positivamente e sorriu para Alicia, que retribuiu. Uma filha da puta. Raquel foi atrás e as três entraram na sala preparada para o exame. Naquele momento, a médica assumiu a postura totalmente séria. Ela poderia provocar, sim, mas não naquela hora. Prendeu Paula na maca para realizar o tilt test, afinal, isso sanaria todas as - quase nulas - dúvidas de Alicia. Assegurou a criança que ficaria tudo bem e conferiu tudo mais algumas vezes para que estivesse segura e grudou os aparelhos no pequeno corpo da menina. Quando teve plena certeza de que nada daria errado, respirou fundo mais uma vez e deu início ao procedimento. Por mais que já tivesse realizado esse teste muitas vezes em várias pessoas, aquele era diferente. Talvez porque era uma criança. Ou talvez porque era Paula.

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