Crescimento

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Oi gente, voltei mais rápido do que imaginei. Esse capítulo tá um pouquinho menor porque é pra aprofundamento de personagem, mas espero que gostem hihi

Boa leitura <3
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Existem épocas da vida que a gente simplesmente muda, de repente, o nosso comportamento. É algo meio involuntário e, dependendo do quanto aquele novo normal te faz bem, passa a ser corriqueiro. A tal vida antiga com costumes antigos parece que já deixou de existir há tanto tempo... E é então que você se pergunta: como fui assim? É uma coisa necessária para o crescimento pessoal. Mas é diferente de se habituar. Por muitas vezes aceitamos situações que não condizem com o nosso código moral, mas nos sujeitamos por existirem outros interesses em jogo. 

E você deve estar pensando que eu me perdi na história porque isso já está quase virando um livro de auto-ajuda. Inclusive, se reparar bem, o primeiro parágrafo se assemelha muito aos dois primeiros capítulos. Foi proposital, obviamente. Mas por quê falei tudo isso? Apenas para dizer que Alicia não se encaixa nesses padrões que eu descrevi. Não totalmente.

Desde pequena sempre foi muito séria. Os pais a incentivavam a brincar com as outras crianças no parque e ela se mantinha sentada, passando seu olhar observador por toda aquela futilidade. E Alicia nem tinha idade o suficiente para saber o que significava essa palavra, vamos aos fatos. Ela preferia tomar seu sorvete de chocolate e ouvir os pássaros cantando. 

Na escola, era uma das melhores alunas. Ou a melhor. Muito competitiva em tudo, sempre se esforçava para ser destaque. Não que precisasse de tanto para ser notada em meio à multidão, já que os fios ruivos a deixavam sempre em evidência. Quase não tinha amigos também, conseguia contá-los em uma mão. Era popular, mas odiava ser o centro das atenções, o que é muito irônico, visto que ela sempre se superava em todo o possível e isso acabava atraindo olhares mais que indesejados. 

Na faculdade não foi diferente. Manteve sua personalidade forte, fechada e até um pouco arisca. Aprendeu, de certa forma, a lidar com o sucesso que fazia e a receber elogios, mas não se sentia confortável em nenhuma das duas situações. Extremamente focada em sua carreira, ela não se permitia ter tempo para distrações. Claro, ela não era de ferro. Aos fins de semana participava das festas e usava esse pequeno descanso o melhor possível - se é que me entendem. Em uma dessas noites ela conheceu Pietro e foi a primeira vez que ela se deixou levar. 

Ele era o chefe de um Hospital em Milão, então Alicia nunca teve que explicar que seu sucesso profissional estava acima de qualquer coisa. Por isso o relacionamento deu certo e evoluiu para casamento. Bem, deu certo até certo ponto, já que ela estava em processo de divórcio. Porque quanto mais Sierra crescia em sua profissão, menos tempo passava em casa, afinal tinha mais responsabilidades com que lidar. 

Felizmente o até então marido não era o tipo de pessoa que dizia "ou eu ou o trabalho". Ele tinha certeza que Alicia escolheria a segunda opção. Ela nunca precisou de ninguém para se manter, essa não seria a primeira vez. Mas de certa forma ela já estava começando a fazer escolhas, de modo inconsciente, ao aceitar participar de congressos e ficar até mais tarde no Hospital em cursos oferecidos pelo governo. 

Nesse meio tempo veio a cirurgia da primeira criança. Aquela que ela se culpava todos os dias e não conseguia se perdoar. Era uma tortura alucinante saber que não foi possível salvar seu primeiro paciente abaixo dos doze anos. E Alicia era masoquista nesse quesito. Ela até mesmo pensou em desistir, faltou ao trabalho alguns dias e viveu aquele luto como se ela fosse parte da família do menino. Foi a segunda vez que Sierra se deixou levar. Mas depois voltou mais forte e determinada. E então sua carreira realmente deslanchou. Foi quando ela conseguiu a promoção e se tornou chefe. E se fechou ainda mais para o mundo e para si mesma. 

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