Lar

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Oi, chuchuzões da tia.

Demorei, mas cheguei.

Este é o penúltimo capítulo dessa história e eu já tô me doendo porque vai acabar hahaha

Apesar disso, espero que vocês gostem desse capítulo bem boiola.Boa leitura <3


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A última sessão do tratamento de Paula havia chegado rápido. Os efeitos colaterais já não eram tão severos e os exames mostravam que o que havia sobrado do tumor tinha sido reduzido a quase zero. Neste último dia, Raquel e Alicia quiseram ficar perto durante o tempo inteiro. Para a criança, terminar aquilo era como sair de uma montanha russa com looping: enjoada, mas feliz. A mãe sentia um alívio enorme em ver sua filha conseguir se livrar de algo que trouxe tanto sofrimento. E a médica era a mais aliviada de todas, pois conseguira lutar contra si mesma e enfrentar todos os demônios que a rondavam há anos.

Os sessenta minutos demoraram tanto para passar que Raquel já estava começando a achar que eles tinham aumentado o tempo do tratamento. A cada cinco minutos sua impaciência aflorava ainda mais e ela andava pelo quarto, vendo os segundos em seu relógio de pulso. Tinha quase certeza que conseguia vê-los parando. Alicia, por sua vez, tentava acalentar a companheira, ao mesmo tempo que oferecia apoio à menina. E, por causa disso, não fazia nenhum dos dois bem o suficiente. Até que desistiu de tentar acalmar a loira, pois viu que não estava adiantando nada.

- Tia Alicia, não se preocupa. Daqui a pouco ela para.

Alicia sabia que isso era verdade, mas ver a namorada andando de um lado para o outro, quase fazendo um buraco no chão, estava deixando-a ansiosa também. Gentilmente, pediu para Raquel sair um pouco da sala, mas esta se recusou firmemente. A médica pediu novamente, alegando que precisava de água para entregar à menina quando acabasse de receber a terapia, e dessa vez ela cedeu. A ruiva respirou aliviada quando o silêncio reinou na sala, sem os passos apressados, e piscou para Paula, fazendo a criança sorrir em aprovação. Ela também já não aguentava mais a mãe inquieta, perguntando coisas a cada 2 minutos.

Durante este tempo que Raquel ficou fora, as duas se mantiveram quietas, de olhos fechados, sentindo o sonoro nada no local. Era muito bom poder passar aquele tempo juntas, mesmo que fosse numa situação tão ruim como aquela. O silêncio durou pelo menos uns dez minutos, e ambas teriam caído no sono se Murillo não tivesse voltado. Entretanto, chegou mais calma e sem fazer tanto barulho. Sentou ao lado de Alicia e segurou em sua mão, e com a outra fez carinhos no cabelo de Paula. Falou pouco, mas não conteve a emoção quando o tratamento foi finalizado.

Assim que a menina se colocou de pé, com um pouco de ajuda, Raquel a abraçou com cuidado, mas ainda a apertando, deixando algumas lágrimas correrem por seu rosto. Mal podia acreditar que sua pequena estava livre, saudável e pertencente a uma família que a amava muito. Era um sonho se tornando realidade, que às vezes ficava até difícil de aceitar. É complicado sair de uma vida onde tudo era preto e admirar as cores de repente. Os olhos não entendem direito. É necessário uma adaptação para que as coisas voltem aos eixos e sigam da maneira mais fluida.

Com Raquel de um lado e Alicia do outro, Paula segurava na mão das duas e andava devagar com um sorriso no rosto. Com certeza ter o apoio das duas mulheres ajudou a menina e ela se sentia ainda mais forte que antes. Ao chegarem na recepção, enquanto Sierra resolvia os trâmites da saída da criança, Murillo ficava abraçada com a filha, ajudando-a a beber água e sussurrando palavras de conforto para ela. A loira estava muito emocionada e não conseguia parar de falar o quanto Paula era forte e corajosa por ter enfrentado tudo aquilo. Apesar do cansaço, a criança sorria e apertava a mãe contra seu corpo, mostrando a gratidão por tudo o que ela havia feito até ali.

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