História

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Oioi, meus amores. Demorei, mas voltei.
Esse capítulo tá menor que o anterior, mas mais pesado. Inclusive TW: violência, álcool e estupro.

Boa leitura <3

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Alicia viu dor nos olhos de Raquel e ficou preocupada. Sabia que Paula tinha um papel enorme no processo de amadurecimento da loira, mas ainda não tinha nem ideia da proporção. Queria entender como e quais coisas aconteceram para que o passado de Murillo também não ficasse nublado. E, bem, se elas queriam pelo menos ser amigas, elas precisavam começar a confiar uma na outra. Não que não confiassem, mas era mesmo uma necessidade se deixar levar por sentimentos não explorados e colocar toda a verdade na mesa. TODA a verdade. E isso talvez fosse difícil logo de início, mas hora ou outra acabaria acontecendo. E então Raquel começou a contar sua história após respirar fundo. 

Flashback on - Raquel POV

Eu tinha acabado de conhecer Luigi D'Angelo. A minha família sempre foi muito tradicional e não aceitava o meu relacionamento com outra mulher, mesmo ela sendo uma estudante de um período de psicologia. Eles não aceitavam isso por vários motivos que já me obriguei a esquecer, afinal não acrescentava em nada na minha vida. Eu era a única que destoava em praticamente todos os aspectos. Inclusive, já havia dito milhões de vezes que não queria nada com ele. Inúmeras vezes diretamente na cara dele. Mas nem se eu desenhasse ele entenderia. Luigi estava obcecado e queria fazer o impossível para me ter como "sua propriedade". 

E eu odiava isso e, mesmo que ele não dissesse aquelas palavras em alto e bom som, eu entendia nas entrelinhas. O modo como ele me olhava era nojento. E quando dirigia a palavra à mim, então... era ainda pior. Acabava me sentindo diminuída apenas por estar na presença dele e dos comentários sem noção que meus pais falavam. Doía pensar que eles estavam sendo tão preconceituosos a ponto de me obrigar a certas coisas e jogar outras na cara, ainda me ameaçando. O que mais doía, porém, é que eu sabia que eles eram assim. Ambos Sicilianos teimosos, não tinha como ser diferente.

Mesmo que eu fugisse de casa, como já tinha feito uma ou outra vez, isso acabaria só resultando em algo pior para o meu lado. Os integrantes da Cosa Nostra me perseguiam até que estivesse em casa "sã e salva". Essa era a pior parte de ter pessoas da família infiltradas na máfia. Sempre odiei toda essa restrição, me sentia enjaulada. Era como um animal em extinção sem possibilidade de viver seus últimos dias em liberdade. Nem as asas eu tinha mais, já que sempre podavam. Apenas estar com a minha namorada dava um fio de esperança de que algo seria melhor. Uma pena que os pais dela também não viam isso da mesma maneira.

E nem Luigi. Para ele, não me ter como sua mulher era inconcebível, principalmente se estivesse disputando contra outra mulher. Não era fácil ouvi-lo falando com meus pais e todos entrando em um acordo grotesco. Eu sempre queria sair de todos os ambientes que eles estavam o mais rápido possível, mas era impedida por um olhar do meu pai. Então eu fingia que estava ali ouvindo tudo, mas minha mente flutuava para bem longe. O mais longe que eu poderia ir. Eu sempre acabava pensando em algum lugar com muito sol, onde a alma pudesse ser livre. Pelo menos algo de mim tinha uma chance. 

Não foi nem um pouco fácil me ver obrigada a terminar um relacionamento que me fazia tão bem para me juntar com um homem escroto como Luigi. Mas eu sentia que era a minha única chance de receber algum cumprimento dos meus pais, me sentir realmente como parte da família. Engano meu, claro. Mas eu tinha que tentar alguma coisa, mesmo que custasse minha felicidade. E como custou... Eu era a pessoa mais infeliz naquele casamento. E não só isso, porque sofria tantos tipos de violência que chegou uma hora que não consegui mais revidar. Eu só aceitava. E por sempre aceitar, ele achava que podia fazer sempre.

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