Noite

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Oi amores, voltei.
Muito obrigada pelas 200 views aqui hihi
Queria deixar avisado que esse capítulo trata de agressão e abuso, podendo gerar gatilho. Então me perdoem.
Apesar disso, espero que gostem
Boa leitura <3
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Era de noite e Raquel estava terminando de tomar um lanche reforçado na padaria. O dia tinha sido cansativo e ela estava esgotada. Só queria descansar de um modo correto como ela não fazia há certo tempo. 22h e o local estava para fechar. Ela era a última pessoa ali e estava tentando retardar sua saída porque chovia e ela não tinha guarda-chuva. O dono, um senhor já na casa dos setenta anos, entendeu e puxou um pouco de assunto com ela. Ao final, já passava das 22h30 quando eles se despediram e a chuva havia cessado.

As poucas luzes amarelas dos postes iluminavam a rua de modo precário, mas se Raquel andasse mais rápido isso não seria problema. Ela estava acostumada a dar passos mais velozes que as outras pessoas, mas também já não havia ninguém para ela comparar. Sentiu uma sensação estranha e alguns pingos grossos tornando a cair. Ela só precisava de mais cinco minutos e chegaria seca. 

4:59

Mais outras gotas caíram na cabeça dela. O caminhar apressado já estava cansando as pernas. A luz do poste à frente piscou e a sensação estranha retornou ao seu peito. Mais 15 passos e ela entraria no beco onde cortava caminho. 

4:30

Parou um pouco antes de chegar na ruazinha não iluminada. Algo dentro de si dizia que ela não deveria continuar por aquele caminho. Raquel sempre acreditou muito em intuições e as seguia fielmente. Todas as vezes ela tinha sido poupada de situações constrangedoras ou perigosas. Seu senso racional - quase - nunca falhava nessa questão. Ela passou rapidamente na frente do beco e não olhou para trás. 

4:00

Outro poste com a luz piscando. Isso também não era bom sinal porque a chuva estava aumentando. Faltava tão pouco. Ela só estava dez passos mais para frente quando um barulho atrás dela fez seu coração disparar. A sua respiração descompassada e alerta se misturava com o barulho dos sapatos nas pequenas poças de água que tinham se acumulado durante o dia. 

3:30

Raquel não teve tempo de andar mais. A sensação ruim tinha se tornado realidade. A dor do cabelo sendo puxado foi o que fez ela perceber que aquilo estava acontecendo. Quantas vezes leu relatos de outras mulheres e se sentia preparada para enfrentar o agressor que fosse. Mas ali ela perdeu qualquer noção do que teria que fazer. Se debatia, mas isso só fazia ela ser puxada mais forte.

3:00

O beco. O que ela quis evitar tinha chegado até ela de uma forma ou outra. A rua mal iluminada que antes ela usava  agora dava medo. Estava encurralada no canto, de cara para a parede, enquanto o homem a apalpava procurando dinheiro. Raquel queria gritar, mas nada saía de sua boca.

2:30

- Passa a carteira.

Ela não respondeu. Não conseguiu pensar em nada para responder.  

- Passa a carteira ou você vai passar outra coisa.

As lágrimas corriam pelo rosto dela involuntariamente. Ela colocou a mão no bolso direito da calça e tirou um pequeno plástico com os 10 euros restantes. Calmamente ela entregou ao homem que fungava em seu pescoço. O hálito de cigarro com álcool inundava seus sentidos e a fazia querer desmaiar. 

2:00

- Mas pensando bem, eu poderia aproveitar um pouco mais

Raquel só conseguia pensar em uma palavra: não. E começou a murmurar mais para si mesma do que para o homem. Ele estava louco por toda a química consumida - tinham drogas envolvidas também. A virou de frente brutalmente e desferiu um tapa na face dela. O rosto que já estava vermelho de chorar adquiriu um tom mais forte. 

FragmentoOnde histórias criam vida. Descubra agora