A Chicoteadora de Sonhos

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"Como você é linda! Como você é atraente, minha querida, com as suas delícias!"
Cantares de Salomão 7 :6

A deusa secreta da dor e do prazer, tem pele de látex negro brilhante e tem seu corpo coberto por tiras de couro que se agarram em sua carne como cobras vivas a abraçando. Seus dedos são longos e destros, e sua respiração é lenta e alta, ecoando por sua masmorra de cem mil câmaras. Suas asas são de couro, longas e fortes, e em seu rosto lustroso, seus olhos permanecem costurados por um zíper prateado como as fivelas de suas cobras. 

Dorme de cabeça para baixo, os finos tornozelos agrilhoados pelas tiras de couro, a prendendo no teto de sua câmera negra, iluminada por muitas velas que levitam, projetando uma estranha luz escarlate sobre as pequenas colunas de cera pálida esculpidas no formato de homens e mulheres nus se engalfinhando de maneiras tão intensas e poderosas que um mero vislumbre destas poses incitaria a uma imaginação que a maioria das mentes humanas não podia conter sem explodir em êxtase selvagem, e se tornar uma nova vela flutuando na câmera da deusa secreta. 

Descendo escadarias ladeadas por paredes altas talhadas com contos de amores não vividos de poetas esquecidos, encontram-se as câmaras onde estão enfileiradas as muitas camas da deusa, algumas horizontais outras verticais, com mãos que seguram firme quem por ali passar e não querem soltar. São os presentes obscenos que ela fez para os amantes que sentem o toque de seu chicote. 

Ela prende sua mordaça na boca, uma orbe negra que reflete as fantasias mais obscenas da história do mundo, e a deusa se deleita com seu sabor, quando os corações são puros e o amor imaculado. Suas câmeras escuras são povoadas pelos ecos vivos de cada arfada, gemido e grito que um dia foi exclamado pelos casais perfeitos.

Mas, quando ela sente o sabor de sua mordaça perder a sua ardência apimentada,  e se tornar amargo como a infidelidade, salgado como a corrupção, e podre como a crueldade, seu chicote os amaldiçoa com veneno mortal.

Quando os corações perfeitos se acalmam e perdem a paixão, ela agita seu chicote, em movimentos repetidos, firmes e rápidos, para cima e para baixo sobre as mentes dos vivos, plantando novamente as sagradas fantasias em suas alma, os desejos proibidos que eles temem sentir, e que tão frequentemente pervertem aos seus próprios pecados, fazendo a deusa se irar contra eles até que voltem ao caminho do prazer fiel, perfeito e obsceno que grita de alegria ecoando por sua masmorra dos jogos.

A noite cai e a deusa sorri, conforme os amantes se deixam levar pelo amor, e ela os provoca para soltar as amarras de suas vidas, os convidando para sua masmorra para deleites e gemidos, onde suas fantasias ganham vida em sentimento, e a deusa chicoteia em beijos de prazer sonhos terríveis onde os gritos nunca terminam e o prazer não tem fim.


"O casamento deve ser honrado por todos; o leito conjugal, conservado puro; pois Deus julgará os imorais e os adúlteros."Hebreus 13: 4

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