"Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta lhes será aberta. Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e àquele que bate, a porta será aberta" Mateus 7: 7-8
A fragata nauriatar de Jirokk venceu os asteroides vivos do Quarto Cinturão de Beta Pegasus com a variação da manobra Hent desenvolvida por Jirokk, o majestoso voo da garça iratya. Rajadas plasmáticas rugiram ao ser disparadas contras as ásperas presas metálicas deformadas das pedras vivas, corpanzis maiores que frotas nauriatar enfileiradas.
Seguia um mapa nítido como lagoa cristalina em sua mente, o carregando pelo quadrante Y.7123 para a Sonhadora, distante como uma estrela perdida ansiando ser contemplada dos céus de um lar de sencientes.
Seu coração saltava ao pensar nela, em estar diante de seu rosto, ingerindo seu aroma. Finalmente poder aconchegá-la em seus braços.
Mas Kalyna aguardava por ele além do Cinturão, quase uma emissária do Vazio. Tentáculos de radiação condensada pulsando. A ira de uma estrela em explosão, o cenho franzido, dentes cor de gelo. Sua presença bastou para fazer os cômputos da nave surtarem.
Jirokk manobrou a nave, preparando um salto intraespacial, mas Kalyna era um dragão quase tão rápida quanto a luz. Desferiu contra a nave uma esfera atômica, uma estrela de radiação escaldante, uma bomba fluorescente com perfume de limão, que explodiu no silêncio do vazio sideral.
Jirokk fechou-se em sua carapaça enquanto um calor magnetárico derretia a nave à sua volta, pedaços dourados de metal viscoso congelando no tenebroso frio negro do nada estelar.
Os olhos da pérfida nukleosapiens faiscaram, e ela levitou para trás alguns metros quando dardejou lasers atômicos dos olhos, cones armagedômicos. Jirokk usou as placas em seus braços para refletir o golpe, o calor escorrendo em suor salgado nos espaços entre as placas. A rajada se fortaleceu como uma represada derrubada, e Jirokk sentiu um puxão gravitacional o arrastar até uma cama macia...
...
Acorda com uma bela nukleosapiens de cabelos tentaculares alaranjados ao seu lado. Ela tem a pele cor de limão fresco, olhos como céu da manhã, com cheiro de shampu.
- Você fica lindo quando dorme - ela fala, brincando com a franja espessa de Jirokk.
- Quem é você? - ele pergunta, se empertigando rápido na cama.
- Sou Nadia, meu amor - ela ri, uma voz com sabor de uvas apimentadas. - É a gripe onírica de novo?
- E-eu, não me lembro... - ele sussurra, encarando a janela quadrada cor de lápide.
A fêmea fica séria, e puxa uma caneca branca do criado de pedra mudo ao lado da cama.
- Você sempre esquece de tomar antes de dormir - ela o repreende com um biquinho.
Jirokk segura a caneca confuso, o líquido como nuvens de leite sobre um mar de chocolate vermelho-sangue.
Jirokk analisa a fêmea.
- Quem é você? E-Eu estou procurando alguém... - ele olha para a janela, para o céu azul de nuvens rosadas. Havia uma estrela lá, pálida atrás dos tentáculos afiados das nuvens.
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Fragmentos de Ecos Esquecidos
Cerita PendekColetânea de cenas e contos de fantasia, ficção científica, horror e outras quase-realidades que recebi a graça de conhecer.