Morangos

805 92 15
                                    


Regulus queria morangos.

Como uma criança mimada e sem uma explicação plausível, somente embirrou sobre o fruto.

Desanimado, Severus cambaleou até a cozinha.

Aquele recinto sempre pairava uma intensa competição de mau humor. Acostando-se contra a pia, sentia-se acolhido.

Todavia, após os elfos lhe entregarem o alimento, só o empurraram para fora.

Ninguém nunca era bem-vindo.

Olhando para a cesta em suas mãos, pegou um.

Regulus não se importaria.

Mordendo pela metade, estava tão doce e, observando o transitar do sol afora daquele andar, o dia logo entardecia.

Despreocupado, o corpo congelou quando avistou o grupo de marotos sentados no corredor.

As costas de Sirius e o corpo robusto de Peter não permitia averiguar a presença dos outros, mas não é como se fosse alguma novidade sobre os imprestáveis que estavam ali.

Retrocedendo um passo para buscar outro caminho, para sua surpresa, escutou a voz da amiga.

Curioso, utilizando as sombras da parede perpendicular, espionava ao longe.

Sentada no centro deles, a expressão da moça carregava tristeza. Emputecido, será que aqueles malditos a importunavam? No entanto... O que poderia fazer? Só que, seria muito mais errado se não fizesse nada.

Percebendo a presença, Sirius esboçou um discreto sorriso suspeito. Levantando-se do chão para projetar a voz um tanto mais alta, provocou:

- Eu estava passando próximo e vi o Ranhoso sendo grosseiro contigo hoje pela manhã, Lily.

- Ele não fez por mal.

- A presença dele me enjoa. - Alfinetou e James, sentado ao lado da moça, desviou o olhar culpado. Não gostava das palavras de Sirius, porém reconhecia como foi o responsável por aquilo começar e...Já não mensurava a gravidade de sua falha.

- E a presença de quem não lhe enjoa, Sirius? - Brincou Lupin, buscando amenizar o clima tenso diante o repentino silêncio.

- Mas... - Interpôs Lily. - Eu não entendo. Desde que voltei, Sev não me diz nenhuma palavra.

- Não sei por que lamenta não ter este tipo de amizade. - Desdenhou o cínico Black, pressentindo a apreensão do espião.Saturando a voz em ódio, prosseguiu com a provocação. - O diretor deve deixá-los permanecer aqui por pena, pois são apenas cobras.

- Não são. – Exaltou-se James, ganhando os olhares em interrogação.

Refletindo, ele percebia que não tinha raiva se Severus havia ofendido Lily. E sim, de si. Desde o princípio, esteve os distanciando e culpabilizando a classe inimiga quando não conseguia lidar com os próprios sentimentos. Antes de perceber que havia se apaixonado, já tinha estragado tudo. Definitivamente, não nasceu para o amor. Então, por que não conseguia aceitar que havia o perdido? Severus mudava os caminhos para jamais eles se reencontrarem outra vez, mesmo assim...

Percebendo o olhar dos amigos sobre si, pontuou:

- Esculápio, deus da medicina e da cura, possuiu uma serpente enrolada em seu cajado. – Levantando a manga da capa esquerda para exibir o braço ainda arroxeado, pontuando com um vago sorriso. - E, graças a Severus, meu braço foi curado.

- Não é bem verdade. - Interrompeu Remus.

- O que aconteceu? – A ruiva pouco entendia, mas não pôde deixar de notar o carinho naquela lembrança.

Sete dias sem elaOnde histórias criam vida. Descubra agora