O reinado da princesa verdade

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- Que porcaria você fez? – Gritou Sirius, desgostoso por ter puxado a cortina da própria cama e se deparar com a cena.

Não conseguia acreditar.

Ou melhor, não queria.

Certamente, algum sonserino havia manipulado sua mente e implantado aquelas memórias horrorosas.

Assustando-se pelo grito, James não conseguiu pular da cama num salto por causa do peso adormecido sobre seu braço, o qual já estava dolorido. Puxando o próprio travesseiro, arremessou no dramático recém-chegado:

- Cala a boca, infeliz. – Retirando o braço com cuidado, agradecia mentalmente pelo amante somente suspirar pesado e permanecer dormindo. Num baixo protesto, reclamou. – Você quer acordá-lo?

- Na minha cama?

- A gente só dormiu. – Sentando-se no colchão, a cabeça doía pelo exagero do álcool na noite anterior. Refletindo, para sua infelicidade, conseguia relembrar quase tudo. Portanto, pesaroso admitiu. – Não foi nada de mais.

- Pobre Lily. – Sentando-se na cama afrente, permanecia com o cenho franzido, num evidente nojo. – Já foi o bastante.

- Você não entende... Eu acho...– Arriscou, um tanto sem graça. Os olhos perdidos no cultivado desespero. - Eu acho que gosto dele, Sirius.

- Acha? Tipo, de um cão? – Franziu o cenho em sarcasmo. - Tem certeza que não está super apaixonado como uma garota na adolescência, literalmente?

- Lily volta amanhã... – Passando os dedos entre os próprios assanhados cabelos, segurava a pesada cabeça onde a culpa instalava seu reinado, volteado por ervas daninhas.

Deitando no colchão alheio, Sirius tinha ciência do que deveria ser feito, mas, por mais que o criticasse e despejasse vários baldes de água fria, objetivando acordá-lo, não conseguia machucar James.

Até porque, carregava parte da culpa.

Desde o princípio, tinha certeza que o impulsivo rapaz estragaria tudo, mesmo assim, havia permitido.

Onde estava com a cabeça, afinal?

Espionando de esguelha o corpo adormecido atrás de si, James continuou pesaroso:

- Não podemos usar o obliviate. Ele corre o risco de enlouquecer.

- Eu estava lendo sobre o Logro Memoriam e podemos implantar memórias falsas... – A evidente provocação. - ... com o Regulus.

- Não! – Sobressaltado, os olhos negros chamuscaram em raiva numa contida indignação. - Ele vai esquecer tudo que a gente viveu?

- Devo usar em você também, caro amigo? – O esgar irônico. Puxando a varinha, Sirius o ameaçava com os olhos cansados demais para postergar aquela ridícula brincadeira.

- Eu vou conversar com ele, Padfoot. – James implorava, unindo as mãos. – Eu prometo. Confie em mim.

- Muito tarde. Só nos resta torcer para que o Regulus colabore.

- Por favor, só mais uma vez. – Levantando-se, praticamente, clamava de joelho.

Não poderia aceitar que toda aquela semana fosse modificada. Ainda mais para algo com aquele apanhador baixinho.

Apenas o vislumbre da ridícula idealização revirava seu estômago em estranhas náuseas.

Até porque, seria muita sacanagem, pois justo agora que ele compreendia seus sentimentos, os quais sempre foram confundidos e transparecidos por desprezo e ódio, fosse condenado a tal destino.

Sete dias sem elaOnde histórias criam vida. Descubra agora