Ranhoso...

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- E como foi a viagem, Remus? - Questionava James, levado pelo costume. Não era como se um seminário sobre clima organizacional em escolas trouxesse tantas emoções.

Sem permissão, pegou a mochila da viagem, removendo as poucas peças de roupas para o malão.

Dobrando de modo esquisito, arremessava sem pensar, absorto num único pensamento.

"Severus havia desaparecido".

Não estava no refeitório, não comparecia as aulas... Desde então, James passava a noite em claro observando alguma mudança no mapa do maroto.

Nada.

O negro par de sapatos não abandonava o maldito dormitório.

O certo seria ir até lá, mas...

Lily já estava no colégio.

Maleando a cabeça em negativo, reconhecia o perigo daquela ideia.

Argh! Por que a garota precisava retornar?

Embolando a toalha em volta das mãos, se não conseguia fazer o feitiço, não seria melhor apenas esquecê-lo?

Até quando acreditaria numa suposta chance para eles?

Nunca existiu aquele "eles". Como também, pelo jeito, jamais existiria.

Aborrecido, ultimamente, já não caminhava. Apenas vagava perdidos nos pensamentos fracassados sobre aquela improvável história de amor.

Era tão fácil prometer utilizando os lábios de Lily.

Ainda mais, quando sentia aquele quente hálito escapando dum casual sorriso em redenção, advindo daquele rosto pálido deitado ao seu lado.

Rindo consigo, foi adorável descobrir que Severus podia sorrir.

Os dentes tão pequenos e alinhados, os olhos descrentes e a testa levemente franzida. Como aquele miserável que perambulava pelos corredores de cabeça baixa e cabelos ocultando o rosto poderia ser tão... adorável?

Pressionando uma camisa sobre o próprio rosto, de certo modo, seria extremamente perigoso adentrar o dormitório da sonserina outra vez.

No entanto, era a única maneira de reencontrá-lo.

Queria, ao menos, aquelas palavras de desprezo proferidas além das barreiras de sua imaginação.

Queria aqueles olhos de ódio já que o carinho era proibido.

Queria Severus de tal modo que seu coração doía.

Suspirando para dissimular o sofrimento, permanecia em silêncio, já que não havia como compartilhar entre seus amigos... Todavia, as lembranças dos últimos dias eram estacas que apenas agravavam a intolerável dor.

Por que tinha que observá-lo com tanto apreço?

Burro! Por que o trouxe para tão perto?

Agora, como antigamente, sentia uma insuportável necessidade de provocá-lo, atormentá-lo, somente para ter aquela fúria sobre si.

Pelo menos, deste modo, teria uma mínima atenção.

Contudo, conseguiria?

A garganta trava ao imaginar a tristeza de Severus.... Lembrava-se como perdeu o chão ao ouvir sobre o pássaro... Ao ouvir sobre os machucados. Ao vê-lo chorar. Até quando seria obrigado a colecionar suas lágrimas?

Até quando...

- Entediante. – Remus respondeu aborrecido.

Arremessando o peso das costas contra a própria cama, observava o avançar do sol rumo ao entardecer, amaldiçoando as poucas estrelas surgindo no céu.

Sete dias sem elaOnde histórias criam vida. Descubra agora