Um milésimo de segundo.
Tempo o bastante para que os olhos do grupo se cruzassem com o Sonserino.
Desviando apressados, seguiam calados.
Desde o último jogo, Sirius, Remus e Peter sempre o evitavam.
Desconfiado, Severus refletia acerca do motivo para James já não completar o quarteto. Parando para pensar, ultimamente, ele nem comparecia as aulas e, por mais que espionasse por toda a mesa da Grifinória, nunca o encontrava.
Estranhamente, no íntimo, não existia alívio. Quer dizer, se o maldito Potter não estava em nenhum lugar... Não era preocupação... Era só... Medo? Não o incomodava o que poderia ter acontecido, mas...
Terminando de selecionar os livros da prateleira da biblioteca, caminhava para a saída, numa inútil tentativa de direcionar os pensamentos para outra coisa.
Observando os alunos nas mesas de madeira, suspirou em nostalgia quando relembrou do experimento com as folhas de alagasiana e como eles... Dando uma tapa contra a própria face em autopunição, por que continuava pensando naquilo? Quando esqueceria aquelas recordações? Até conhecia uma poção... Então, por que não preparava? De certo modo, abdicá-las, parecia tão...
Conferindo se os assuntos contemplavam a pesquisa daquela tarde, o mal-humorado morcego seguia disseminando escuridão pelos corredores até a estufa.
Parando num sobressalto, um pouco após a entrada, notou os dois irmãos conversando. Ou brigando. Era difícil deduzir, pois o deserdado Black utilizava as mãos com gestos quase agressivos em contraste aos braços cruzados de Regulus, levitando a sobrancelha, saturada em indiferença.
Por que o Regulus ainda dava ouvidos para aquele imbecil? Aliás, eles eram familiares. Aquela pontada de mágoa não deveria existir, no fim das contas. Mesmo assim...
Notando o inimigo de esguelha, o mais velho retirou um amarelado papel do bolso da capa. Empurrando-o contra o peito do jovem apanhador, proferiu as últimas palavras, possivelmente, uma ameaça.
Esbarrando contra o ombro do recém-chegado, por capricho, não escondia a fúria pela indesejada presença, ou melhor, existência.
Ignorando o estranho clima entre os dois, Severus olhou em volta buscando mais alguém. No entanto, poucos estudantes frequentavam a estufa e quem procurava jamais estaria ali. Aliás, era até estranho o Sirius ter vindo sozinho até aquele lugar.
Recaindo o olhar para os livros carregados, só buscou uma mesa para sentar.
Regulus compartilhou o silêncio, guardando a carta no próprio bolso. Sentando-se ao lado do amigo, abria o próprio diário, relendo as anotações da aula anterior:
- Forma: Capuz de monge. Precauções: Risco de irritação e efeitos alucinógenos. Venenosa. – Virando a folha para conferir o nome da planta, mordeu o lábio inferior, apreensivo.
- Hemeróbios, utilizada na poção do acônito e na... – Uma longa pausa. Fingindo desinteresse, prosseguia as anotações. Sim, estudava aqueles ingredientes pelo sabor de desconfiança que os quentes beijos da Lily deixavam após cada ato. Aqueles viciantes lábios de uma amiga que não existia. Todavia, agora já não tinha mais tanta importância.
- A Koiné Grega parece mais potente que a Alagasiana, tanto que já é utilizada em processos de cicatrizações imediatas. – Terminando de ler o lembrete grudado por um pequeno pedaço de papel verde no meio da folha amarela, ergueu os olhos ao concentrado amigo. - Por que não...
- Ela é de difícil manipulação e um erro pode reduzir tudo a cinzas. - Retrucou sem tirar os olhos da própria atividade. Apesar de ajudar Regulus desde sempre com a matéria de herbologia, o assunto remetido por aquelas folhas lhe incomodava. Por um infortúnio do destino, tudo remetia a semana passada. Parecia uma maldição. Não importava a direção, até o movimentar das nuvens lhe trazia as indesejadas memórias.

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Sete dias sem ela
RomansaLily e Remus tem uma viagem urgente. Deste modo, Sirius e James aproveitam a oportunidade para, com a ajuda de algumas doses de poção polisuco, efetivar a vingança contra um certo sonserino. Aviso: Yaoi. James X Severus