Sete dias sem ela

Floresta - Parte 02

James praguejou ao perceber o amigo espionando entre os galhos. Deveria discursar sobre a importância da privacidade quando retornasse, afinal uma amizade não se fundava em espionagem e traição.

Ou melhor, descobriria o maldito que lhe capturou o coração e pagaria na mesma moeda. Todavia, Sirius era um poço de segredos. Diante disto, só restava executar a justiça com as próprias mãos.

Assim, levantando-se colérico, James correu atrás do bicho, pronto para esganá-lo.

Segurando-o pelo tornozelo, Snape pediu:

- Pode ser uma criatura perigosa.

- Acho que é só um infeliz que não preza pela vida para pegar minha capa.

- Lily... É melhor sairmos daqui. – Levantando-se sem encará-la, o sonserino espanou a calça como podia enquanto se colocava de pé. – Eu vou pedir ao Regulus que consiga como da outra vez... Foi tolice vim.

- O irmão babaca do Sirius?

- Ele é bem legal.

- Aliás, acho que ser babaca é um sinônimo para a família Black. – Praguejou em direção ao animal, escutando o rugir na mata. Capturando o rival pelo braço, o destemido aluno o guiava pelo caminho correto, enquanto asseverava. – Não vamos voltar!

- Mas está ficando tarde. – Puxando o braço, Snape contrapôs. Arrependendo-se imediatamente quando os olhos verdes indignados recaíram sobre si. A ira lhe fez retroceder um passo. Tendo o cenho franzido, arriscou justificar. - É perigoso, Lily.

Diante o silêncio, ele cambaleou, logo voltando a caminhar para o castelo.

Entristecido, jamais queria magoá-la, contudo parecia impossível sendo esta "nova Lily". Apesar da aparência delicada como um bonito lírio, havia extrema vitalidade em seu olhar, disseminando-se por suas ações. Ainda assim... Admitia não desgostar desta nova Lily... Talvez, a confiança entre os dois estivesse permitindo mais liberdade para a garota demonstrar a real personalidade. E o que ele fazia? Arruinava tudo com sua covardia.

Fechando o punho, lutava contra o orgulho para escutá-la. Se tivessem cautela e montassem um plano, certamente conseguiriam retornar para a escola antes do anoitecer. Se não, os marotos idiotas nunca tinham ganhado nenhuma pena terrível por transgredir tantas regras. Por que seria pior para eles?

Articulava os lábios para falar quando foi, repentinamente, capturado por uma vassoura. Sentado com as pernas para a mesma direção, agarrava-se a camisa branca da menina, afundando o rosto contra seu ombro devido o enorme susto. Pensou em esmurrá-la, xingá-la, entretanto, sentia os dois ganharem altura numa incrível velocidade.

James não escondia o riso. Por mais que Peter houvesse caçoado de sua ideia, sabia que aprender a invocar a vassoura seria útil em algum momento, principalmente para despistar o idiota do amigo.

Seguindo em direção ao Sol, era a indescritível a felicidade pelo modo como o sonserino apertava seus braços semelhante a um forte abraço, quase rasgando o tecido pelo extremo receio em cair daquela droga. Empenhando em provocá-lo, ameaçava algumas turbulências e o desesperado rival só queria fundir o rosto a clavícula alheia.

Afinal, Severus não queria ver. Não havia conseguido isenção das aulas de voo para agora está voando com a garota. Quer dizer, alguns nasciam com pernas para não precisar voar. Por que Lily fazia aquilo? Ela não faltava sempre que podia as aulas de voo?

- Quadribol é um jogo idiota? – Provocou e, por ousadia, o silencioso rapaz amedrontado só meneou a cabeça em positivo. Indignado, James não conseguia acreditar, assim ameaçou num sorriso maldoso enquanto a vassoura cortava o céu num trêmulo "Z". – Acho que vou deixá-lo cair.