Declarações de Natal

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Naquela primeira noite no Casarão White Draco escreveu uma carta. Inocentes palavras de feliz Natal para a mãe e uma atualização rápida dos últimos acontecimentos. Na carta ele contava dos novos amigos e como era divertido estar com eles, contava também, por meio da confidencialidade de mãe e filho, seus sentimentos cada vez maiores por Harry, além de, é claro, um breve resumo sobre Adrià Miller. Resumo este que contava sobre as habilidades estranhamente avançadas da garota e seu estranho jeito de agir. Uma carta inocente, nada de muito chocante, pelo menos era isso que pensava.

Na manhã seguinte todos estavam reunidos no salão conversando e terminando de decorar a grande árvore de Natal já cheia de presentes. Os dias que se passaram foram divertidos e descontraídos, nenhum assunto sério circulava pelas paredes daquela casa alegre, apenas risos e conversas animadas eram ouvidas. Em meio a essa alegria Harry planejava sua declaração natalina, estava tudo planejado para logo após a ceia de Natal, com a ajuda de Dominic havia criado o ambiente perfeito, apenas esperava que tudo desse certo.

Era finalmente dia 24. Todos estavam ansiosos, mas ninguém estava tanto quanto Harry. Na noite anterior não havia conseguido dormir direito, sempre acordava depois de um sonho em que tudo dava errado e era cruelmente rejeitado. Draco achou estranho o comportamento do grifinório naquela manhã, o garoto não parava quieto, estava sempre andando e desaparecia com certa frequência. Malfoy notou com desgosto que sempre que Harry desaparecia Dominic também não dava sinal de vida.

Esses pequenos desaparecimentos foram suficientes para encher sua cabeça de suspeitas que o enlouqueciam, principalmente por não poder simplesmente chegar em Potter e perguntar o que ele estava fazendo desaparecendo assim com Dominic, afinal, não era como se tivessem alguma coisa, aquilo não era da conta de Draco e esse fato o corroía. O dia foi desconfortavelmente longo para o sonserino, tendo que observar Harry desaparecer e reaparecer com White. "Ele não trairia a namorada", Draco tentava se acalmar, mas era em vão, pouco ele sabia sobre a índole do lufano afinal.

Quando a noite finalmente caiu todos se reunirão na sala de jantar. Na grande mesa de madeira uma ceia gigante e decorações espalhafatosas como as que estavam dispostas por toda a casa. A ceia foi alegre e cheia de discursos bonitos, tudo que se espera de uma boa ceia de Natal. Logo os adolescentes se dispersaram, a entrega dos presentes seria na manhã seguinte e estavam todos já bem cansados.

Malfoy se dirigiu ao quarto em que estava hospedado ainda refletindo sobre suas paranoias, tendo uma surpresa ao chegar: na porta uma carta grudada de forma desajeitada com algumas instruções escritas de forma apressada. Curioso o sonserino seguiu as instruções, que o levaram para mais instruções, que finalmente o levaram para um coreto no jardim do Casarão.

O coreto estava vazio, não havia ninguém sentado no charmoso banco virado para o jardim iluminado. Porém, no banco havia uma caixa preta e felpuda. Ao abrir a caixa teve a surpresa de ver um colar de prata com um pingente de dragão. Era um colar lindo, os olhos da majestosa criatura eram de uma pedra acinzentada semelhante a seus olhos. Aquele presente era de fato um gesto especial, o que o fazia se perguntar cada vez mais quem havia feito aquilo.

De repente luzes que envolviam o coreto com roseiras se acenderam e do mesmo lugar por onde havia entrado uma cabeleira bagunçada se aproximava. Sua pose exageradamente formal deixava a situação engraçada, mas não deixava de ser emocionante ver Harry ali. Quando o grifinório finalmente se pôs a sua frente tentou dizer algo, mas apesar das vestes elegantes e do lugar cuidadosamente preparado tinha se esquecido da parte mais importante: preparar o que ia dizer.

Tivera meses para pensar, mas sempre acabava deixando para depois, colocando como prioridade coisas mais urgentes, porém naquele momento aquilo era urgente, Potter não sabia como organizar as palavras, simplesmente não conseguia dizer nada. O olhar cheio de expectativa de Draco não ajudava, o fato de não saber o que exatamente aquele olhar significava o matava. Poderia significar que o sonserino queria ir embora logo daquele lugar, fugir daquela situação extremamente constrangedora, ou poderia significar que ele ansiava em ouvir o que Harry tinha a dizer.

Preso em incerteza e medo percebeu que não conseguiria dizer uma palavra, sua garganta estava seca e teimava em fazer seu trabalho, então lhe restava apenas uma opção, afinal, gestos são melhores que palavras, não?

Reunindo toda sua coragem Grifinória avançou mais alguns passos abraçando a cintura do garoto confuso a sua frente e finalmente, depois de meses de espera, o beijou. Não era exatamente a declaração que havia planejado, mas era melhor que nada. Em meio a euforia do momento ainda restava o medo da rejeição, pensou que seria empurrado assim que Draco se recuperasse do choque, mas para sua feliz surpresa não foi isso que aconteceu.

Com aquele gesto de Potter todos os medos que o perturbaram o dia todo se esvaíram e em seu lugar uma imensa alegria passou a residir. Malfoy não conseguia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo, parecia um sonho, mas era real, sabia disso por causa do vento frio e da sensação quente e reconfortante dos braços em sua cintura.

O momento para ambos estava sendo maravilhoso, mágico em diversos sentidos, porém para uma expectadora raivosa aquilo parecia um pesadelo. Adrià Miller, ou melhor, Perséfone Miller, o espírito antigo que agora residia no corpo da pobre garota, havia saído para caminhar naquela noite de Natal, ela refletia sobre seu mais recente interesse e como o conquistaria tendo que se fingir de idiota e ainda dar um jeito no loiro irritante que sempre estava com ele. A mulher em corpo de garota definitivamente não esperava se deparar com aquela cena, a urgência de dar um jeito naquela cobra tinha se tornado ainda maior.  

Notinhas da Autora:

Quem é vivo sempre aparece, né? Pois é, aqui estou eu depois de um tempão sem postar nada. Finalmente decidi tomar vergonha na cara e postar mais um capítulo, não que eu não tenha postado ultimamente por má vontade, eu realmente tava achando tudo que escrevia ruim. Passei por um período sem criatividade e mesmo que tentasse escrever nunca me parecia bom o suficiente, além disso ainda tinham as atividades de escola pra encerrar o trimestre e os preparativos pras festas de fim de ano. Eu planejava postar esse capitulo no Natal pra ser temático e tal, mas acabou não rolando. Peço desculpas pela minha demora e prometo que vou tentar ser mais rápida. 

Enfim, feliz ano novo pra vocês, espero que tenham curtido o Natal e o Reveillon <3 


Um Entre Mil Perfumes Onde histórias criam vida. Descubra agora