Em um canto um pouco mais afastado dos jardins de Hogwarts dois garotos conversavam calmamente abaixo de uma árvore. White contava ao amigo suas tentativas frustradas de se aproximar de Alice, enquanto o corvino ao seu lado apenas ouvia, admirando distraidamente o lago, ou melhor, o garoto loiro a sua beira.
_ Arthur, você tá me ouvindo?
O garoto foi tirado de seus pensamentos por um empurrão de Dominic. De fato, não havia escutado boa parte do falatório do amigo, mas nunca confessaria isso.
_ Claro.
Respondeu simplista, tentando não perder Draco de vista. Planejava com cuidado sua aproximação do sonserino enquanto o observava, as reclamações de Dominic podiam esperar. White seguiu o olhar do corvino, revirando os olhos assim que viu quem prendia sua atenção.
_ Se estava mesmo me ouvindo sabe que Malfoy pediu ajuda para Alice esses dias, algo sobre achar um perfume ou quem o roubou.
_ Ainda me intriga a forma com que você descobre essas coisas.
Veio a resposta do garoto, que finalmente desviou seus olhos bi color para o amigo sentado ao seu lado.
_ Tenho minhas fontes, Miller.
_ Às vezes você me assusta, Dominic. Mas sobre o pedido de ajuda, o que aconteceu?
_ Parece que ela se recusou a ajudar, não sei por que, mas foi o que me disseram.
_ Ah... Interessante.
_ Você vai oferecer sua ajuda, não vai?
_ Só se ele me pedir.
_ E imagino que você quer que eu solte por acaso perto dele que você também é muito bom em resolver casos.
Dominic teve como resposta apenas um sorriso ladino do amigo, que já voltava a observar sua presa. Com a ajuda de White sua cobra fujona finalmente cairia em sua armadilha.
Mais tarde naquele mesmo dia Malfoy caminhava pelos corredores com Pansy, justamente onde Miller disse que estaria, e acabou se cruzando com uma conversa intrigante entre uma lufana baixinha e tímida e um, também lufano, garoto loiro e sorridente.
_ Então você acha que Miller pode me ajudar?
_ Mas é claro, Pamela, ele é muito bom com essas coisas, aposto que acha seu ursinho e quem o roubou rapidinho.
_ Obrigada, Dominic, vou falar com ele agora mesmo.
E assim a garota se afastou saltitando. Assim que viu a lufana cruzar o corredor Draco abordou White, depois que Taylor havia desistido de seu caso vinha procurando alguém tão bom quanto para ajudá-lo e pelo visto tinha finalmente encontrado.
_ White, certo? _ o garoto assentiu sorridente, já imaginando como Miller se gabaria mais tarde por ter arquitetado um plano perfeito_ esse tal Miller é tão bom quanto Taylor em resolver casos?
_ Ah sim, com certeza, os dois até competem para ver quem é o melhor, por mais que sempre acabem empatados.
_ Interessante... Sabe onde posso encontrá-lo?
_ Ele costuma ficar perto do Lago Negro, deve estar lá agora inclusive.
O sonserino não disse mais nada, apenas se dirigiu apressado em direção ao lago. Dominic fez uma anotação mental de como o garoto era grosso, não havia dito nem sequer um obrigado.
Ao chegar perto do lago não viu ninguém além de um garoto alto, de cabelos pretos, quase azuis, e olhos bi color, um âmbar e outro um azul quase roxo. Era um garoto bonito, de postura elegante, que lembrava vagamente a seu pai, um grande comerciante, dono da cervejaria Miller. Draco se lembrava vagamente de ver o patriarca Miller em um dos eventos de gala de seus pais, mas nunca havia visto o filho.
Malfoy se aproximou do garoto com Pansy em seus calcanhares. Ele parecia concentrado no livro que lia enquanto brincava com a varinha preta, de forma encaracolada, a passando entre os dedos da mão que não segurava o livro. Era uma visão bela, quase tão bela quanto ver Potter após um treino de quadribol, o cabelo azulado caindo sobre os olhos concentrados nas páginas que lia. Podia não parecer, mas Miller sabia muito bem que Draco o encarava, sabia também da clara admiração do loiro, e obviamente sabia que ele viria o encontrar naquele exato horário, Miller era quase onisciente dos fatos.
_ Se continuar me olhando assim vai acabar babando.
Disse sem tirar os olhos do livro interessantíssimo sobre as artes das trevas que lia, não que fosse um praticante, apenas uma alma curiosa e faminta por conhecimento, que dera a sorte de ter uma grande biblioteca em casa.
Malfoy sentiu suas bochechas queimarem por um momento, mas rapidamente recuperou a compostura, olhando com superioridade para o corvino.
_ Me disseram que você também investiga casos, assim como Taylor.
_ Verídico, mas por que se interessa? Precisa que investigue algo para você?
Finalmente levantou seu olhar para encarar o sonserino a sua frente, um sorriso no mínimo misterioso adornando seus lábios, sorriso este que preocupava Draco.
_ Preciso que descubra quem é o ladrão do meu perfume.
Disse tentando se manter indiferente sob o olhar bi color.
_ E o que te garante que não fui eu quem o roubou?
Provocou, se levantando para olhar mais de perto o loiro, que se afastava com receio.
_ Você nem me conhece, por que o roubaria?
Perguntou meio assustado com a aproximação repentina.
_ Correção, você não me conhece, eu sim te conheço, na verdade acho que todos conhecem. Mas de fato não roubei seu perfume, não sou maluco a esse ponto.
_ Então vai me ajudar a descobrir quem foi?
_ Vou, mas com uma condição.
_ Uma condição? Que condição?
Miller se aproximava cada vez mais, ao ponto de Draco poder sentir sua respiração calma em sua pele. Estava no mínimo assustado com tudo aquilo, nunca haviam se atrevido a uma aproximação tão direta e repentina, e continuava sem entender o sorriso naquele rosto pálido.
_ Você tem que me dar uma chance.
_ Uma chance? Uma chance para que?
Perguntou ainda mais assustado, não estava gostando do rumo daquela conversa.
_ Para te conquistar.
Miller respondeu se afastando e se encostando na árvore. Draco finalmente se lembrou de respirar e processou com cuidado toda aquela informação. Olhou para Pansy, na esperança de conseguir um conselho da amiga. A sonserina o puxou para um canto um pouco afastado da árvore onde Miller os observava com clara diversão no olhar.
_ Eu acho que você deveria tentar.
Comentou Pansy assim que teve certeza de que o corvino não os ouviria.
_ O que?! Mas eu nem o conheço!
_ Pense, Draco, pode ser uma boa oportunidade para esquecer Potter de vez. Vocês mal se falaram depois do incidente na torre de astronomia, não quero mais te ouvir lamentando pelos cantos porque o Santo Potter não te dá atenção. Olhe para aquele garoto, ele é bonito, se é da Corvinal com certeza é inteligente, é de uma família rica e influente e, acima de tudo, está interessando em você.
Draco ponderou isso por um momento. Pansy estava certa, estava na hora de parar de sonhar com o impossível e tentar algo novo com alguém novo, e de fato Miller não era uma má opção. Assentiu para a amiga e voltou em direção a árvore.
_ Ok, Miller, você acha o maldito ladrão e eu... Te dou uma chance.
O sorriso do corvino se tornou uma mistura de alegria e malicia, de uma forma perturbadora ele era inegavelmente atraente.
_ Fechado então.
Estendeu a mão para o loiro, que não pode evitar de se lembrar do incidente do primeiro ano. Entristecido com a lembrança apertou a mão de Miller, se sentindo praticamente selando um pacto ao ser fitado pelo olhar malicioso do garoto a sua frente.
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Um Entre Mil Perfumes
Roman d'amourUma poção que exala um perfume floral, um cheiro comum, mas ao mesmo tempo único. Harry nunca poderia imaginar que de sua poção sairia um cheiro tão peculiar, ainda mais a quem ele pertencia. Poderia ser qualquer perfume entre mil ou até milhões, mu...