Jogada Arriscada

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Era o final de uma aula de poções carregada de ansiedade. Ansiedade esta proveniente da recente descoberta de Potter sobre si mesmo: se sentia atraído pelo perfume de Draco Malfoy. Colocou ambas as mãos na cabeça, ainda incrédulo. Podiam ser tantos perfumes, por que era justo aquele? Não! Não era possível! Ele odiava Malfoy com todas suas forças, a poção só podia ter errado, era uma poção feita por ele afinal, deve com certeza ter errada alguma coisa, ou podia ter caído um pouco da poção nas roupas do sonserino e por isso ele carregava o cheiro.

Em uma ânsia por confirmar que aquilo não era verdade, tomou o caldeirão de Rony e o cheirou. Era o mesmo cheiro, não tinha como os dois terem errado a mesma coisa, ou tinha? Chegou à conclusão de que só havia uma forma de realmente saber: achar o perfume de Malfoy. Mas Harry não sabia nem o nome do perfume, sabia que provavelmente era caro e bem chique, mas isso abre um leque de opções grande demais.

Era isso, teria que perguntar o nome do dito perfume a Draco, por mais que realmente não quisesse. Como explicaria aquela pergunta esquisita para o garoto? Se perguntou isso tarde demais, quando viu já estava parado em frente a mesa de Draco, que o olhava com uma das sobrancelhas levantadas.

_ O que você quer, Potter?

O ouviu perguntar com o mesmo tom de desgosto de sempre. "Realmente não é possível me sentir atraído por esse tipo de pessoa", pensou com uma convicção inabalável.

_ É... Eu... Eu queria saber... O nome do seu perfume.

Perguntou um pouco ansioso e nervoso, sendo esses sentimentos ainda mais intensificados pela expressão estranha que Malfoy esboçou.

_ Você é maluco, Potter.

Respondeu se levantando e saindo da sala. Harry suspirou, aquela realmente não tinha sido a melhor ideia para descobrir o nome do tal perfume. Ficou ainda parado olhando para a mesa vazia em que Malfoy estivera, tentando pensar em um outra forma de conseguir o maldito perfume. Foi tirado de seus pensamentos pela mão de Rony em seu ombro.

_ Cara, você tá bem? O que foi falar com o Malfoy?

Rony perguntou levemente preocupado com o amigo, será que ele havia batido a cabeça ou algo assim?

_ Tô bem, Ron, não se preocupe. E sobre o Malfoy, é... Tinha que perguntar uma coisa.

_ E que coisa seria essa?

Rony levantou uma das sobrancelhas para o amigo, levemente desconfiado.

_ Nada demais. É... Ron? Posso te perguntar uma coisa?

_ Claro, cara.

_ O que você faria se precisasse do perfume de uma pessoa, mas não soubesse o nome e ela não quisesse te dizer?

_ Por que precisaria do perfume de alguém? Harry, o que você tá escondendo?

_ Nada! Nada, eu juro. É só que um amigo meu precisa do perfume de alguém.

_ E que amigo seria esse?

Harry estava se desesperando, Rony estava quase o pegando na mentira e se ele descobrisse do que realmente se tratava... Tratou de pensar o mais rápido que conseguiu em alguém, se lembrando finalmente de Dominic White, um lufano perdidamente apaixonado por uma corvina, esse era bem o tipo de coisa que Dominic iria querer saber.

_ Dominic, Dominic White.

_ Ah sim, me lembro dele. Então ele quer o perfume da Taylor, imagino.

_ Sim, exatamente.

_ Bom... Se ela não quer dizer o nome a ele, o que por sinal eu também não faria, coisa de louco essa de querer o perfume dos outros, eu diria a ele para pegar do dormitório dela ou pedir que alguém pegue.

_ Mas você não acha isso um pouco extremo?

_ Extremo é, Harry, mas se ele já é louco o bastante pra querer ficar cheirando o perfume dela acho que isso é o de menos.

_ Mas e se ele quiser por razões meramente cientificas?

_ E que razões seriam essas? Ver se o amiguinho dele se anima só de sentir o cheiro dela?

_ Não diga besteiras, Ron.

Por algum motivo as bochechas de Potter ficaram levemente coradas, ele torcia para que Rony não tivesse percebido. O ruivo riu e deu um leve tapinha nas costas do amigo.

_ Vamos, cara, se não vamos acabar perdendo o almoço.

Os dois saíram da sala indo em direção ao Grande Salão. Harry tinha que se lembrar de falar com Dominic que o havia usado como desculpa, não poderia arriscar que Rony perguntasse alguma coisa ao garoto.

Ao chegarem no Grande Salão correu os olhos pelo lugar a procura do lufano. Logo o avistou conversando com alguns colegas de sua casa animadamente, se Harry o conhecia bem sabia exatamente sobre o que estava falando.

_ Ron, vou ali falar sua ideia pro White, não vou demorar.

Avisou se afastando do amigo, que apenas concordou com a cabeça e se sentou ao lado de Hermione.

Assim que se aproximou dos lufanos foi recebido com um sorriso amigável de White e os demais ao seu redor.

_ White, posso falar com você um instante?

_ Claro, Potter, sobre o que seria?

O garoto respondeu de forma simpática.

_ Pode ser em particular? É um assunto meio delicado.

Potter disse passando o olhar brevemente pelos que estavam sentados ali perto.

_ Claro, vamos para a entrada do salão.

Os dois se dirigiram as grandes portas a passos calmos, já que Dominic não tinha pressa e costumava ter comportamentos naturalmente calmos. Assim que saíram do Grande Salão White encarou Harry, ainda com um sorriso no rosto.

_ E então?

Perguntou calmamente. Potter estava com medo da reação do garoto quando contasse a mentira que inventou sobre ele, mas apostava na calma do lufano. Respirou fundo na tentativa de se acalmar e tomou coragem.

_ Olha, isso vai parecer um pouco estranho, mas tive que te usar como desculpa.

_ Usar como desculpa? Como assim?

As sobrancelhas loiras se franziram em confusão por cima dos olhos verdes.

_ Queria pedir ajuda do Ron para conseguir o perfume de alguém, mas não queria que ele soubesse que sou eu que preciso desse perfume, por isso disse que você queria o perfume da Taylor.

Disse rápido, mal parando para respirar no meio da frase.

_ Mas por que você tem medo de contar as coisas para seu melhor amigo?

Dominic lançou a pergunta, não parecia chateado com o que Harry fizera, apenas confuso.

_ É complicado...

_ Bom, se você acha melhor assim quem sou eu para discordar? Imagino que queira que eu mantenha sua história.

_ Sim, exatamente.

_ Ok então, sem problemas. Mas me diga, conseguiu uma boa ideia para pegar o perfume da pessoa em questão?

_ Bom... Sim. Ron me disse para pegar do dormitório dela.

_ Isso me parece um pouco arriscado, Potter.

_ E é, mas acho que não tenho outra alternativa.

_ Bom, se você acha que consegue. Apenas tenha em mente que essa é uma jogada arriscada.

_ Eu sei. Obrigado, White, por... Você sabe, me encobrir.

_ Sem problemas, se precisar de qualquer coisa estou aqui.

O garoto deu um último sorriso amigável e voltou ao encontro de seus amigos. Harry se sentou ao lado de Hermione e Rony sorrindo, White era realmente uma boa pessoa.  

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