-E então, o que houve? -Antartic perguntou.
-Teremos que nos mudar, de novo.
-Ah, que pena. Realmente, a casa de vocês já estava bastante velha. Acho que ela deve ter uns cem anos.
Arregalei os olhos.
-Cem anos? Eu não sabia que ela era tão antiga assim.
-Sim. Vocês já sabem de algum outro lugar? -Passamos pela porta do café, rua afora.
-Sim, bem ao lado da casa de Yolanda. -Falei sorridente.
-Sinto pena sua. Agora vai ter que ve-la todos os dias e falar com aquela menina esquisita.
Meu rosto esquentou. Como ela podia falar essas coisas da minha amiga? Puxei toda a coragem que eu tinha (mesmo que estivesse brava, ela não era muita) e decidi fazer diferente da outra vez:
-Por que "sinto sua pena"? Yolanda é uma ótima amiga! Ela fala bastante, mas me parece muito mais legal do que você!
Antartic arregalou os olhos e fitou o chão.
De onde eu tirei isso? Nunca havia falado assim com ninguém.
Nenhuma de nós falou alguma coisa. Aquele silêncio estava me deixando tão desconfortável e a sensação de remorso por ter falado aquelas coisas, principalmente naquele tom (o qual eu não era acostumada) me fez tomar apenas uma atitude: correr de volta para casa.
Eu corri, mas corri tão depressa, que pensei que meu coração estava prestes a saltar de meu peito a qualquer momento.
Quando finalmente cheguei ao meu "destino"e apoiei-me sobre os joelhos, na tentativa de recuperar o ar que havia perdido no caminho, ouço uma voz conhecida:
-Você está bem?
Virei-me e reconheci os olhos cor da noite mais belos da Terra. Era Marcos.
Me senti um pouco desconfortável em contar a ele, mas ainda sim, prossegui.
-Quer que eu fale a verdade ou...
-A verdade. -Ele riu.
-Estou me sentindo o pior ser já existente na Terra neste momento. -Meu eu dramático resolveu se manifestar.
O loiro arregalou os olhos, como se não estivesse esperando que eu falasse aquilo.
-O diabo já existe, então deixe que ele ocupe esse lugar.
Não esperava que ele fosse falar aquilo.
Outra vez, fico em silêncio sem saber o que dizer, até que Marcos volta a falar.
-É por causa de Yolanda e Antartic, não é? -Ele sobe em uma cerca alta, e senta-se na última tábua.
-Como você sabe? -Aproximo-me, curiosa.
-Da forma que você saiu, parecia que estava até morrendo, mas por dentro.
Dou alguns suspiros internos. Pelo visto ele era não só bonito, mas também observador.
-Bom... -firmei meu pé direito na primeira tábua branca e o esquerdo, em outra mais acima. Marcos estendeu sua mão, me puxou e sentei-me ao seu lado. -Eu me senti muito mal por não ter defendido-os após Antartic dizer algumas coisas ruins sobre vocês. Sem dizer que também substituí Yolanda por ela.
Ele mordeu o lábio inferior e olhou para a grama abaixo dos pés.
-Ela falou coisas ruins sobre nós?
Assenti com a cabeça, me sentindo uma fofoqueira. Pelo visto, hoje era "o dia" de eu cometer falhas.
Ele permaneceu em silêncio.
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A Cidade dos Campos Floridos
Roman pour AdolescentsBeatriz e sua mãe Rosemery se mudam para Flowerville para finalmente realizarem o sonho de seu pai. Além de novas amizades, aventuras e paixões, as duas encontram um lugar para enfim chamar de lar. "Descobri que uma família não possui apenas pessoas...