Capítulo 20: Javali

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Aviso

Este capítulo pode conter gatilhos emocionais.

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Assim que pulei da cama para chegar até a janela a fim de ter uma visão melhor da cena friorenta que se passava lá fora, mamãe entrou no quarto e exclamou:

-Nananina não! Volte para a cama já, se não quiser ficar doente!

A obedeci, afinal, quem quer pegar um resfriado?

Já enfiada nas milhares de cobertas, ela pôs uma pequena tábua com café com leite e pão com geleia de morango em meu colo.

-Hummm!-sorri para o prato e depois olhei para ela-Qual o motivo do café na cama?

-Desde pequena você preparava meus lanches quando eu ia para a faculdade ou então quando ia trabalhar. Este é só um breve agradecimento pelas pequenas, mas muito importantes coisas que você fez por mim até hoje.

-Que isso, mãe.-olhei-a com afeto-Você não tinha muito tempo para cozinhar por causa de suas obrigações, então nada mais justo do que uma filha apoiando sua mãe para que ela realizasse seu sonho.

Mamãe se abaixou e beijou minha testa.

-Obrigada por tudo, filha.

-De nada. -Sorri para ela.

-Ah e não demore muito para se arrumar. Iremos dar uma volta daqui a pouco.-ela alertou, antes de sair de vez do quarto.

-Está bem.

Tomei nas mãos meu relógio de pulso que estava em cima da cômoda.

-Já são oito da manhã?!-arregalei os olhos, sabendo que não teria muito tempo para saborear a refeição, já que a igreja começava às oito e meia.

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Depois de terminar o café, estendi a cama e fui saltitando até o guarda roupa escolher um vestido para usar. Dedilhei-os de trás para frente, mesmo não possuindo muitos, os que eu tinha já eram suficientes para me esquentar. Peguei o que era de cor verde folha, com mangas compridas e que era cheio de pelinhos por dentro.

Coloquei o vestido, penteei os fios castanhos até a parte em que eles ainda eram lisos, enrolei com os dedos os cachos que ficavam nas pontas e calcei os coturnos que tinham sido lustrados recentemente.

Parei em frente ao espelho. Eu não soube se estava alucinando ou se o fato do vestido parecer menor em mim do que na última vez que o usei, era real. Mas de algo eu tinha certeza: eu não era a mesma garotinha de alguns anos atrás, pelo menos, não fisicamente.

Desci as escadas correndo e dei uma voltinha para minha mãe avaliar minha aparência.

-Você está estonteante, filha! -ela bateu palmas e eu sorri-Temos e dar um jeito de comprarmos logo outros vestidos para você.

-Por que?

-Porque você está crescendo rápido e logo, logo estes não servirão mais. -mamãe explicou, abrindo a porta de casa-Quem sabe sua menarca não ocorrerá dentro de pouco tempo.

Fiz uma careta. Que palavra estranha era aquela?

-Menarca? -fechei a porta e ela chaveou a mesma. -Do que a senhora está falando?

-Estou me referindo ao seu primeiro fluxo menstrual.

-Que?

Mamãe riu um pouco de minha ingenuidade e foi me explicando o que era no caminho para a igreja. Eu não soube se estava apavorada ou então enojada por saber que uma hora aquilo aconteceria comigo.

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