Capítulo 4: Chuvas que levam a um Arco-íris

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-Entre.-disse Rosemery, depois que ouviu duas batidas na porta de seu quarto.
-Posso dormir com a sra, mamãe? -Beatriz enfiou o rosto na pequena lacuna que havia aberto.
-Claro. Venha cá.
Rapidamente, a menina se deita ao lado da mãe.
Finalmente, ela se sentiu um pouco mais segura.
-Você já viu algo assim? -Beatriz sussurrou, olhando para a janela que tremia por causa do forte vento.
-Não. Em Plumwood nunca houve uma tempestade como esta. -ela afirmou. -Mas com certeza, logo, logo ela irá passar.
-Assim espero. -A menina segurou a mão da mãe.
A luz dos raios entrava pelas frestas que haviam na janela, iluminando apenas algumas partes do quarto.
O coração de Beatriz já não estava mais acelerado, porém, ela ainda não conseguia dormir. A garota era uma das poucas pessoas que não entendia o porquê de muitos falarem que era bom dormir com o barulho da chuva.
-De nada adianta o ambiente estar sereno e aconchegante se sua mente estiver agitada. -A menina pensou.
A ansiedade pelo início das aulas estar próximo se misturou ao medo de que algo ruim resultasse daquele temporal.
-Calma, Bea. Vai dar tudo certo! -ela falou para si mesma, após respirar fundo algumas vezes.
Quando enfim Beatriz fechou os olhos para dormir, surgiu um ruído. Parecia que algo estava prestes a se partir, quando de repente:
BLUM!
Sra Rosemery também despertou.
O cheiro de que algo estava queimando havia entrado em suas narinas. Uma neblina espessa parecia inundar o quarto.
-Algo está errado. -Ela falou consigo mesma. -Fique aqui se eu não te chamar.
Beatriz apenas afirmou com a cabeça.
Sua mãe desceu as escadas apressadamente.
Por teimosia ou então simplesmente por preocupação, a menina a seguiu.
O cheiro de queimado e a fumaça apenas aumentavam, conforme ela ia descendo os degraus.
-Cof cof! Cof cof!
Beatriz não conseguia ver sua mãe, apenas ouvia que ela estava tossindo. E muito.
-Filha! Aqui! -gritou Rosemery.
A garota ainda não a enxergava, apenas seguiu o som de sua voz.
Beatriz levou sua mão a boca quando viu o estado de sua cozinha. Metade dela estava em chamas.
-Ai meu Deus! -ela exclamou, ao ver que sua mãe estava meio sentada e meio deitada do lado onde não havia pego fogo.
-Mãe! Você está bem? -a menina correu até ela.
-Estou. Meu pé apenas ficou preso. -Rosemery disse apontando para um pedaço grande de madeira.
Beatriz olhou para cima e conseguiu ver que a chuva estava caindo dentro da casa.
-Deve ser do telhado. -a menina pensou.
Rapidamente, ela ergueu a tábua com toda a força e gritou:
-Puxe o pé agora mãe!
"CABUM!" A garota soltou o grande pedaço de madeira e abraçou a mãe.
-Ufa!
-Agora vamos sair daqui, filha.
Beatriz cocordou com a cabeça e apoiou o corpo da mãe em seu ombro.
-Seu pé está inchado.
-Vou tratá-lo mais tarde. -afirmou sra. Rosemery -Só espero que o fogo não alcançe os remédios. Eles estão próximos aos armários da cozinha.
Ela deitou-se em um banco do quintal e pôs seus pés para cima, na tentativa de descansar e melhorar a dor.
Beatriz corria pelas escuras ruas de paralelepípedos, esperando achar o café de sra. Aby aberto, quando vê um cão enorme, latindo sem parar, vindo em sua direção.
-Essa não. -ela arregala os olhos.
Sem mais nem menos, o cachorro pula em cima da garota que estava encolhida de medo e lhe dá uma bela lambida.
-Oh! -dessa vez, um garoto vinha em sua direção. -Deixe-a em paz, Rufus!
Vendo que seus gritos não tinham efeito, o menino tenta de outra forma:
FIUÍÍÍ!
No mesmo instante, o animal corre até ele com a língua para fora e salta em cima dele.
A lua finalmente decidiu sair de trás das nuvens, fazendo com que Beatriz conseguisse enxergar muito melhor naquela escuridão.
Ela não sabia o que brilhava mais: se era seu olhar sobre o menino ou as estrelas acima dela.
Cabelo liso médio, num tom de castanho claro, quase loiro e uma franja lateral que caía sobre o fino rosto dele. Seus olhos pretos se destacavam na paisagem, que era o que ele parecia para Beatriz.
-Me desculpe, senhorita. Rufus é muito brincalhão. -a voz aveludada a tirou de seus pensamentos.
-Tudo bem. -sorriu timidamente.
-Sou Marcos Kennedy. -ele se apresentou, estendendo a mão.
-Meu nome é Beatriz Hayes. -a menina apertou a mão do garoto.
-Então, o que está fazendo sozinha na rua a esta hora da noite?
-Ah é. -deu um tapa em sua testa-Minha cozinha acabou pegando fogo. Conhece alguém que pode ajudar?

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