Capítulo 3

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Sofia

Após três dias de trabalho como auxiliar na clínica, eu já estava completamente admirada com toda a experiência adquirida, até então. Olívia era uma médica incrível que tinha muito a me ensinar. Trabalhar ao seu lado era profissionalmente enriquecedor para mim, além de que também me ajudava a reforçar meus conhecimentos, necessários para os exames do processo de validação do meu diploma e, consequentemente, obtenção da minha autonomia médica, que me permitiria ter meus próprios pacientes; como também, assinar todos os documentos e receitas.

Não era exaustivo fazer o que eu amava, por isso, no fim de todo expediente, eu saía feliz e repleta de satisfação. Era uma sexta-feira, fim de tarde, quando decidi ir direto para casa, em vez de procurar por mais um emprego que pudesse somar na minha renda e pagar minhas despesas.

Quando cheguei no apartamento de Laura, tive uma feliz surpresa. Minhas amigas haviam preparado uma festa de boas-vindas para mim. Havia se passado apenas seis dias do meu retorno, então estava mais do que valendo uma comemoração como essa. Elas haviam pendurado alguns enfeites pelo apartamento, alguns arco-íris, e havia bebidas e salgados, além de outros petiscos que eram bons acompanhamentos para uma boa cerveja bem gelada.

- Não chora, Sofia. Assim meu coração aperta. – Maria me pediu, derrubando algumas lágrimas.

Eu não estava chorando, mas ela sim. Fingi secar as lágrimas, que não existiam, e a abracei prontamente, em resposta.

- Vocês estavam armando tudo pelas minhas costas?

- Claro, ou não seria uma festa surpresa. – Laura respondeu, me abraçando de lado.

- Agora que você está de volta, vamos tornar momentos como esse mais frequentes. – Hanna comemorou, sorridente.

- Só está faltando a Clara. – Samantha comentou, bem naturalmente.

- Não a convidaram? – Perguntei. Eu não seria responsável por excluir ninguém.

- Tentamos, mas ela já tinha um compromisso para hoje. – Hanna explicou.

- Ah, tá! – Era melhor assim. Não queria um clima tenso, quando deveria ser leve e descontraído. Mas eu sempre fingiria naturalidade, em vez de demonstrar para minhas amigas que eu não era indiferente.

Após alguns discursos, e algumas lágrimas derramadas, decidimos tornar o momento menos emotivo e conversar sobre variados assuntos. Laura ouvia mais do que falava, como sempre. Nunca comentava sobre sua vida pessoal, e ninguém perguntava. Já Maria falava pelos cotovelos. Com tanta coisa em sua vida e duas graduações em humanas, o que não faltava era assunto. Hanna dizia estar carente de relacionamento, pois já fazia um ano que estava solteira – mesmo que estivesse saindo com um homem, que parecia querer algo sério, mas ela arrumava um monte de defeitos. Samantha, por sua vez, disse que estava fadada a ser uma eterna solteirona, pois todas as suas últimas experiências haviam sido péssimas. Mas que não estava morta. No momento, ela estava saindo com três caras ao mesmo tempo.

- Vamos colocar uma música animada para chacoalharmos o esqueleto? – Sam deu a ideia.

- Escolhe a música. – Pedi.

Minha amiga, sempre a mais animada, escolheu uma boa música para dançar, e começamos a pular e rodopiar pela sala, ao mesmo tempo em que gargalhávamos do nosso eterno jeito infantil de nos divertir. Maria imitava um robô, e Laura ria do seu jeito articulado. Samantha girava junto com Hanna, enquanto se seguravam pelos braços, durante o tempo que eu tirava fotos e me divertia com toda essa bagunça.

Como senti falta de momentos como esse!

A música estava alta e embalava nossa alegria, mas parou de tocar de repente, junto com uma voz que se pronunciava ressentida.

Qualquer Semelhança É Uma Mera Coincidência 2Onde histórias criam vida. Descubra agora