Capítulo 7

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Sofia

Passar mais tempo com Clara estava sendo desafiador. Ela era folgada, espaçosa e bastante abusada. Não perdia uma oportunidade de me deixar sem graça, além de ser uma conquistadora barata. Talvez fosse só coisa da minha cabeça, a sementinha da dúvida havia sido plantada por Laura e Hanna. As duas poderiam estar enganadas, mas eu estava começando a me preocupar que suas teorias poderiam ter fundamento. Por mais que Clara estivesse se comportando aparentemente bem, algo me dizia para me manter cautelosa.

Eu não queria tanta aproximação, a fim de evitar situações desagradáveis. Unicamente por essa razão, inventei de criar uma barreira com um dos sacos de dormir, entre mim e ela. A barraca não era muito espaçosa, então, assim, pude garantir um pouco de espaço e privacidade.

Não adiantou. Acordei e a encontrei debruçada sobre o saco de dormir, enquanto me encarava com um sorriso sacana.

Sim, eu havia sonhado com putaria e ela havia percebido.

- O que foi? Por que está me olhando? – A idiota estava prestes a rir bem na minha cara. Sua cara de boba anunciava que não demoraria para começar a me azucrinar. E foi o que aconteceu. Clara começou a gargalhar e a se espernear como se estivesse em um circo e fosse uma palhaça. – Qual é o seu problema? – Se ela não parasse de palhaçada, eu a colocaria para fora da barraca.

Por que não acabava logo com isso? Eu sabia, ela sabia, nós sabíamos que ambas tinham conhecimento do que havia acontecido.

- Admita que estava transando em sonho! – Falou em tom acusatório, durante o tempo em que apontava o dedo em minha direção e voltava a desatar em rir.

Se pensava que seria a única a se divertir com isso, estava muito enganada.

- Eu estava te comendo. – Mostrei três dedos em posição de combate.

Imediatamente, ficou séria. Perdeu a graça?

- Saiba que isso jamais aconteceria nem em seus sonhos! – Disse, entredentes.

Dessa vez, foi a minha vez de rir. Apenas. Eu jamais entraria em uma discussão como essa.

- Posso voltar a dormir? – Perguntei, encerrando o assunto.

- Preciso fazer xixi.

- Então vá!

- Sozinha não. – Dai-me paciência! – Se algo acontecer comigo, não terei testemunhas.

E se eu fosse sua serial killer? Ela não teria testemunhas mesmo.

- Ok, Clara. – Não tinha muito o que se fazer. – Está muito escuro lá fora, então não nos afastaremos muito e você terá que esvaziar a bexiga por aqui mesmo. Não conte à Laura.

Utilizamos as lanternas de nossos celulares e procuramos um canto com um mato não muito alto. Fiquei de costas, esperando a mijona terminar de esvaziar a bexiga; depois, que trocasse a calcinha mijada – assim, eu esperava. Mas fui obrigada a olhar para trás quando me assustei com um gritinho abafado e esganiçado.

- O que foi? – Ela ainda estava de cócoras.

- Acho que passou um bicho por aqui.

- Então se apresse ou vou te deixar sozinha. – Usei o celular para olhar ao redor, próximo à minha perna. Eu também não era fã de insetos, anfíbios e répteis.

- Merda! Esqueci de pegar um pouco de papel higiênico.

- Se sacode, Clara. – Eu estava doida para me trancar na barraca.

Qualquer Semelhança É Uma Mera Coincidência 2Onde histórias criam vida. Descubra agora