Capítulo 14

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Clara

"Para minha namorada

O tempo está passando rápido demais. Já faz um mês que te escrevi e hoje percebo o quanto desesperada pareci. Não vou mentir, eu estava mesmo desesperada para tê-la de volta. Ainda estou. Mas o tempo cura tudo. Faltou curar meu coração.

Por isso, entendo caso minhas palavras tenham te assustado. Mas não peço desculpas pela transparência dos meus sentimentos. Você não me respondeu, mas sei que é questão de tempo e eu respeito o seu. Sei que o tempo pode funcionar diferente para os outros, ainda mais quando se trata de questões do coração.

Pode parecer contraditório, mas os sentimentos que tenho por você me mantêm firme para correr atrás dos meus sonhos. Sei que meus objetivos de vida também contribuíram para nossa distância, no entanto, são nossas lembranças que acalentam meu coração e funcionam como combustível para a minha vitória e, um dia, para voltar a me encontrar com você, meu eterno amor. Não importa o tempo que passe.

Entenda uma coisa, você pode até estar me dizendo não, mas estamos destinadas a ficarmos juntas. Não negue mais isso. Seja minha hoje, ou seja minha amanhã. Mas não feche seu coração para nossas lembranças e sentimentos.

E não duvide em momento algum que meu coração será para sempre seu.

Já disse que respeito seu tempo, mas se tem alguma consideração comigo ou com o que vivemos juntas, por favor, responda minhas cartas.

Sinalize que está bem, ao menos. Preciso tanto te sentir perto, ainda que apenas por palavras.

Seu silêncio não vai me fazer desistir, se é o que pensa. Foi com você que descobri o amor, que me descobri. Isso é significativo demais para mim e posso confirmar, categoricamente, que é também para você. Então não tente fingir. Nada que diga para me ferir ou me convencer a desistir, funcionará. Sei que não estaria sendo sincera.

Sinto falta da sua alegria, otimismo e energia. Sinto falta do seu beijo, da forma como me olhava e do seu jeitinho carinhoso.

Sinto falta de você.

E desconfio seriamente que sempre sentirei.

Não me ignore, Clara. Não faça isso comigo.

Não me magoe mais.

Peço perdão pela forma como tudo acabou. Nunca foi minha intenção terminar nada ou te magoar, as coisas só fugiram do controle. Você sabe.

Não seja injusta, por favor.

Não chegamos a conversar profundamente sobre o que sentimos uma pela outra. Na única vez que eu disse que te amava, pessoalmente, você me respondeu que não me amaria mais. Apesar das suas palavras dolorosas, pude ter certeza de que, todo o tempo, os meus sentimentos sempre foram correspondidos com a mesma intensidade. Ainda sigo acreditando nisso.

Meu coração é esperançoso e perseverante.

Por isso, não tenho vergonha de dizer que, mesmo você lutando contra isso, EU TE AMO.

Eu te amo, Clara.

Da sua Sofia".

Havia algo de errado com esse acordo. Eu lia suas cartas, escrevia alguns desaforos de volta e ainda tinha direito a um desejo. Ler suas palavras não me fazia bem, todavia, estava sendo mais vantajoso para mim, do que estava sendo para ela.

No início, pensava que seu objetivo era fazer com que eu me sentisse mal, culpada e com remorso por não ter lido suas cartas, não ter valorizado nossa história e ter ignorado sua existência. De fato, eu me sentia um pouco culpada por saber, através de suas cartas, o sofrimento pelo qual havia passado. O arrependimento quase me acometia por não ter lido sua primeira correspondência na época e, portanto, não ter colocado um ponto final em nossa história, ou em sua agonia, de uma vez por todas. Mesmo sem querer, acabei por permitir que cativasse esperanças, durante todo o tempo que esteve no escuro, sem minhas respostas.

Qualquer Semelhança É Uma Mera Coincidência 2Onde histórias criam vida. Descubra agora