Capítulo 22

1.3K 102 271
                                    

Clara

Passei duas semanas sofrendo com angústia. Meu peito apertava e minha mente só conseguia pensar que eu precisava resolver o que me afligia. Minhas amigas me perturbavam quase todos os dias. Laura era quem mais me lembrava do que acontecia. Toda vez que tinha a oportunidade, me perguntava se eu já havia deixado de ser covarde.

Meu problema não era covardia. Era ego ferido e orgulho exacerbado.

Eu queria Sofia mais do que tudo nessa vida. Mas quando tudo se simplificou para mim, foi a sua vez de complicar a nossa história.

Na minha festa, ficou muito claro o que eu sentia, mesmo assim não foi o suficiente para que nos aproximasse. Será que ela não entendia o que eu queria? Ansiávamos pela mesma coisa, oras. Eu havia perdido todas as minhas energias nadando contra a maré e reconheci que era inútil continuar com uma guerra perdida. Eu a queria, sim, de corpo e alma.

Mas ela queria que eu me ajoelhasse.

Ser apenas sincera não bastaria para que me ouvisse e para que voltasse a ser minha namorada. Sofia só me aceitaria, caso lhe desse o que exigia. No entanto, me humilhar estava fora de cogitação.

Samantha tentou me ajudar a planejar uma aproximação, Maria insistia com sabedoria para desconstruir sentimentos ruins que habitavam meu coração e Hanna me informou o endereço de Sofia, ao mesmo tempo que me incentivava, todo dia, a engolir meu orgulho atrás de remissão. Laura apenas usava o mesmo sermão. Ela dizia que eu precisava reconhecer onde eu havia errado para não cometer mais o mesmo pecado. Seria necessário engolir todo meu orgulho, pedir perdão pelo passado e deixar claro que eu a queria como namorada, com todas as questões de um relacionamento sério e fechado.

Como eu poderia lhe dizer essas coisas, se me evitava a todo custo e não atendia meus telefonemas?

Por causa disso, eu havia me convencido a procurá-la para uma conversa. Eu tentaria contato mais uma vez, pessoalmente, mas ainda estava decidido que eu não me humilharia. Ela teria que me ouvir, por bem ou por mal.

Convenci Laura a me acompanhar e, quando estávamos próximo ao apartamento de Sofia, a avistamos sair pela portaria e entrar em um carro desconhecido. Olhei para minha amiga ao meu lado, no carona, e sem explicar o que eu pretendia, segui o motorista.

- O que estamos fazendo, Clara?

- Não vou desistir agora.

- Tudo bem, mas será que poderia parar e me deixar pelo caminho, já que não tenho mais utilidade?

- Não, pois você ainda pode ser útil.

Eu a havia obrigado a me acompanhar para tornar possível meu acesso ao condomínio do amor da minha vida. Se eu fosse sozinha, o máximo que eu conseguiria de uma comunicação seria uma breve conversa por interfone. Sofia não me permitiria subir, mas Laura conseguiria isso por mim. Ela interfonaria, se identificaria, mas eu quem entraria.

Porém, os planos haviam mudado.

Chegamos em um restaurante conhecido por mim. Era onde eu e Laura costumávamos almoçar quando ela não queria cozinhar para nós duas. Por esse motivo, foi fácil convencê-la a entrar e fingir que não estávamos atrás da minha ex-namorada.

Agimos com naturalidade e fingimos que não a vimos. Mas a verdade é que não controlei minha curiosidade quando constatei que Sofia tinha companhia. Ela já tinha outra pessoa, enquanto eu estava sendo uma trouxa?

Laura ainda tentou me impedir, mas insisti em saber o que acontecia ali.

- Não vamos até lá. – Tentou me segurar. – Ela está acompanhada.

Qualquer Semelhança É Uma Mera Coincidência 2Onde histórias criam vida. Descubra agora